Bibliotecas não são neutras: a experiência do Librarians and Archivists with Palestine

Bibliotecas não são neutras: a experiência do Librarians and Archivists with Palestine

Em tempos de crescente atenção às questões da Palestina, iniciativas de solidariedade internacional têm ganhado visibilidade. Entre elas, destaca-se o projeto Librarians and Archivists with Palestine (LAP). Trata-se de uma rede voluntária de bibliotecários, arquivistas, profissionais da informação e ativistas, criada com o objetivo de demonstrar apoio ao povo palestino e levantar discussões críticas sobre o papel dos arquivos e das bibliotecas na luta por justiça e memória.

Quem são?

O LAP surgiu em 2013 a partir de uma delegação de profissionais de informação que visitaram a Palestina ocupada. Essa visita deu origem a um movimento internacional que conecta especialistas em biblioteconomia, arquivologia e áreas afins, engajados na denúncia das violações dos direitos humanos cometidas contra os palestinos e na promoção da preservação da memória cultural palestina.

O grupo atua principalmente nos Estados Unidos, mas sua rede tem alcance global, com conexões com profissionais e instituições em diversos países.

O que fazem?

O trabalho do LAP é multifacetado, com foco em:

  • Solidariedade internacional: Apoio público à causa palestina por meio de declarações, campanhas e ações de mobilização.
  • Preservação da memória: Defesa da proteção de arquivos palestinos e do acesso a registros históricos que documentam a ocupação e a resistência.
  • Educação crítica: Produção e difusão de materiais que ajudam a compreender o contexto histórico e político da Palestina, com ênfase em como a informação, o conhecimento e os registros são afetados por políticas coloniais.
  • Ações contra a censura: Denúncias sobre repressões a materiais pró-Palestina em bibliotecas e instituições de ensino, especialmente nos Estados Unidos.

Publicações em destaque

O LAP publica regularmente textos, zines, recursos educacionais e manifestos. Algumas de suas publicações mais relevantes incluem:

  • “Libraries, Archives, and the Occupation: A Report from Librarians and Archivists to Palestine” (2014). Relato da primeira delegação à Palestina, que detalha as visitas a bibliotecas e centros de documentação em Ramallah, Belém, Jerusalém e outras localidades. Um documento essencial para quem deseja entender a dimensão cultural da ocupação.
  • “Confronting Zionism in Libraries and Archives”. Série de textos e ações que expõem como o sionismo institucionalizado influencia a seleção, curadoria e censura de materiais nas bibliotecas acadêmicas e públicas.
  • Materiais educacionais sobre BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções). O LAP apoia o movimento BDS e oferece recursos informativos sobre o papel das instituições culturais nesse contexto.

Além disso, o grupo mantém um site oficial e presença ativa em redes sociais, onde compartilha notícias, campanhas e eventos.

O que bibliotecários e arquivistas têm a ver com a Palestina

O trabalho do LAP é um exemplo potente de como as profissões da informação podem atuar de forma ética, engajada e solidária. Ao lado de outras iniciativas de resistência cultural, o grupo nos lembra que os arquivos e bibliotecas não são neutros. Eles também são territórios de disputa, especialmente em contextos de opressão e apagamento histórico.

A atuação do Librarians and Archivists with Palestine reforça a importância de manter viva a memória de um povo, defender o acesso à informação e reconhecer que a justiça social passa, também, pelas práticas e políticas informacionais.


Escrito por Baderna James

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