Em Junho a Monstro dos Mares celebra 9 anos e queremos que você faça parte da história do nosso bando colocando seu nome na lista de pessoas que contribuíram e fortaleceram a editora nesse período de dificuldades, num vai e vem de pandemias e incertezas.
Por menos que o valor de um jogo de PlayStation na promoção, a caixa que marca o aniversário de 9 anos da Editora Monstro dos Mares tem 24 cm x 16 cm x 10 cm e pesa entre 850g e 960g de materiais impressos que nos trouxeram até aqui desde aquela noite fria de inverno, quando amizades se encontraram numa garagem para traduzir os textos que estavam compondo suas leituras sobre segurança e autodefesa naquele tempo. Ao escolher essa recompensa, você receberá essa caixinha recheada de quitutes, escolhidos dentre os mais de 270 itens disponíveis no catálogo da loja entre zines, livros, pôsteres e adesivos. Queremos que a caixa chegue em suas mãos com a alegria de quando recebemos um presente que chega de surpresa pelas mãos da carteira e do carteiro. Todos os itens serão aleatórios, mas seguindo um critério de composição entre livros, zines, adesivos, pôsteres e extras.
Ao escolher a Caixa Tinta no Papel como recompensa, você ajudará a Editora Monstro dos Mares a continuar fazendo livros que carregam em suas palavras muito mais do que “um amontoado de um monte de coisa escrita”. São ideias de pessoas que lutam diariamente para que as transformações que a gente mais precisa possam acontecer sem depender dos canalhas. Mais tinta no papel, nossa cultura de mão em mão!
Itens da caixa:
15 zines A5;
10 zines A6;
2 livros de lombada canoa (até 96 páginas);
1 livro de lombada quadrada (acima de 100 páginas);
Quando a Monstro dos Mares surgiu como editora numa noite fria de inverno, lá pelo misterioso ano de 2013, um de nossos objetivos era vender parte dos materiais para viabilizar a distribuição de outros. Desde a primeira experiência editorial em 14 de Junho de 2012 em nossa “Casa Pirata“, um centro social/cultural autônomo que durou pouco tempo e deixou muita saudade, no lançamento do “Leviatã de Papel“, já com o nome de Editora Artesanal Monstro dos Mares e no calor dos protestos de Junho de 2013, fizemos muitas impressões para distribuir na pequena cidade de Cachoeira do Sul (RS), onde tudo começou. Também conseguimos enviar exemplares impressos para diversas amizades e tornar essa prática uma gostosa forma de existir e permanecer. E assim seguimos.
Em 2017, a Monstro dos Mares recebeu novo fôlego: a querida editora-geral abobrinha se somou ao projeto da editora e tornou possível fazer mais livros, zines, banquinhas, boas conversas e, consequentemente, uma maior distribuição gratuita de materiais impressos de diversos coletivos e iniciativas editoriais. Aos poucos, as publicações da própria Monstro foram surgindo, conhecemos mais pessoas e realizamos muitas trocas, descobrindo espaços e conectando pessoas. Mais e mais livros e zines para todo canto.
Desde então, o bonde cresceu. Nos anos de 2018 e 2019 recebemos várias pessoas, criamos um conselho editorial, abrimos uma Rede de Apoio no Catarse, feiras, eventos, congressos e diversos pacotes de livros pra lá e pra cá. Desde os preparativos para o I Colóquio Anarquismo e Pesquisa, que aconteceu em Novembro de 2018 na UFSC, decidimos criar um registro de quantos livros e zines foram distribuídos gratuitamente naquele ano. 123 livros e 102 zines. Foi um susto quando percebemos que, ao anotar em um caderno simples essas quantidades, era muito mais do que imaginávamos. Porque é um livrinho pra um, um zine pra outra, envia um pacotinho para alguma biblioteca e assim chegamos a 821 livros e 1.211 zines no ano de 2020.
Com tantos números, decidimos lançar uma página em nosso website chamada “Numerologia”, onde era mantido o registro mensal de muitos dados gerados por nossa atividade editorial: livros impressos, livros distribuídos gratuitamente, zines impressos, zines distribuídos gratuitamente, quantidade de impressões, geração de energia solar, todos com os dados mensais e parciais do ano, total por ano e total geral. Com o tempo, gerar e acompanhar tantos números se tornou uma tarefa complexa, principalmente pelo fato de mantermos o apontamento de todos esses dados manualmente no cadernão. Em Abril de 2021, a página parou de receber atualizações para dar espaço a algo diferente.
Queremos conhecer mais pessoas, coletivos, organizações, bandos e bandas. Não se trata somente de fazermos livros para distribuir gratuitamente, mas de fortalecer espaços, pesquisas e bibliotecas. Nesse momento de pandemia, não temos a possibilidade de visitar os territórios onde as atividades acontecem. Este é um período no qual trocamos conversas e experiências principalmente em nossos canais e grupos no telegram, redes sociais e pelo bom e velho e-mail.
Nosso amigo Mauricio Knup, que faz parte da Rede de Apoio da editora, é a partir de agora a pessoa que faz a interface entre grupos, coletivos, bibliotecas, singularidades, sindicatos, federações e movimentos sociais que desejam receber livros da Monstro dos Mares. Queremos conhecer os espaços, trocar ideias, sabermos como podemos ajudar a fortalecer as atividades e programar uma visita para quando o pandemônio acabar.
Se você participa de alguma iniciativa anárquica, anarquista ou inspirada pelo anarquismo, por favor, acesse o site da Dádiva (https://dadiva.monstrodosmares.com.br) e confira as informações sobre a distribuição gratuita de livros e zines. Queremos estar em contato, estabelecer vínculos e fortalecer a solidariedade entre nossas iniciativas.
Nossa campanha se encerrou no último dia 1º de Setembro, com R$11.697,00 arrecadados, 241 apoiadores e 731% do valor atingido. A todas as pessoas que nos apoiaram, gracias!
Já comentamos o quanto estamos felizes e surpresos com o alcance da campanha e de como essa será a maior tiragem (até aqui) de um livro artesanal da Monstro dos Mares, com 500 cópias, praticamente todas elas já com endereço certo para ir. Ainda teremos alguns exemplares no site da Monstro e em banquinhas por aí (se a pandemia permitir). E 50 exemplares a serem distribuídos para bibliotecas e centros culturais.
Boa parte dos “Manifestos Cypherpunks” já estão impressos, bem como a maior parte das outras recompensas. Agora, estamos aguardando entrar os 10 dias úteis do Catarse para receber o valor arrecadado e então começar a enviar os pacotes para 21 estados brasileiros via Correios. Esperamos que no final deste Setembro e no início de Outubro os livros começam a chegar.
Qualquer dúvida nos escrevam. Mais uma vez obrigado!
Ageu Silva Akira e zbrsk Alberto Torres Alexandre Souza Alexandre Tomy Alexis Peixoto Allan Felipe Fenelon AllanGomes Alphazine Alysson G. Ana Carolina Moreno Ana Cunha Ana Rauber Anders Bateva André “decko” de Brito Andre da Silva Costa André Freitas André Houang André Lucas Fernandes André Ramiro Andre Teixeira de Salles Andrei Altamira Andressa Vianna Angela Natel Antonio Assis Brasil Barbara Castilho Maximo Beatriz Martins Beck Maurício Bernardo Ramos Gall Bruno Borges Bruno Caldas Vianna Bruno de Souza Bezerra Bruno Moura Cadós Sanchez Cadu Simões Caio Ramos Caioau Carla Arend Carlos Eduardo Falcão Luna Caroline Antonioli Caru Campos Cesar Lopes Aguiar Christian Lima Cindy Evelyn Peterson Claudia Renata Capitanio Cristiane Fronza CryptoRave Daniel Coelho de Oliveira Daniel Rockenbach Daniela Soares Danilo Alves Danilo Heitor Vilarinho Cajazeira Davenir Viganon Debbie Bertelhe Débora Grama Ungaretti Diego Alves Diego Canto Macedo Douglas Nunes Brandão Eduardo Filipe Santos Eduardo Henrique Maziero Eliezer Pedroso Rosa Ellen Ortiz Elvio Pedroso Martinelli Erik Teixeira Gonçalves Rodrigues Evelyn Gomes Fabio Barros Fabricio Barili Felipe Schneider Fellipe Vieira Fernando de Azevedo Alves Brito Fernando Luis de Oliveira Fernao Vellozo Filipe Saraiva Gabriel Ribeiro Gabriel Vinicius Oliveira Soares Guilherme Alves Guilherme Magalhães Guilherme Paixão Gustavo Nicolau Gonçalves Gustavo Pereira Dutra
Harim Britto Helping With Code Hendrik Nigul Henrique Gustavo Miranda de Jesus Rodrigues Henrique Novaes Hiago da Silva Lacerda Ian Fernandez Ian Zwanck Goodwin Igor Burle Igor Henrique da Costa Morais Iriz Medeiros Isabela Baptista Isadora Scopel James William Pontes Miranda Jean Luca Vedovato dos Santos Jefferson de Freitas Silva Jefferson Maier Jeronimo Cordoni Pellegrini João Eduardo Herzog João Luiz Pena João Moreno Rodrigues Falcão João Victor Vieira Carneiro João Vitor José Domingues de Godoi Filho Juliana Rosa Karina Akemi Goto Kemel Zaidan Maluf Laetitia Valadares Larissa Gdynia Lacerda Leonardo Barbosa Rossato Leonardo Koch Kewitz Leonardo Nascimento Lielson Zeni Lillian Moura Lorenzo Luã Fergus Oliveira da Cruz Lucas Eishi Pimentel Mizusaki Lucas Gallindo Lucas Lago Lucas Loezer Lucas M.A.C. Lucas Prehs Visinoni Luciana Salazar Salgado Lucyan Butori Luís Otávio Oliveira dos Santos Luiz Denis Graça Soares Luiz Paulo Colombiano Lupi Maralheios Marcelo Lopes de Almeida Marcelo Scrideli Marcia Ohlson Marcio Augusto Márcio Conrado dos Reis Marcos Antonio Peccin Junior Marcus Antonius Soares da Silva Marcus Repa Marcus Vinícius Mari Messias Maria Eduarda Mesquita Mariah Guedes Marta Sofia da Fonseca Safaneta Matheus Matheus Grandi Matheus Leite Mauricio Marin Maximiliano Saldanha de Oliveira Miguel Antunes Ramos Mobi Yabiku Neto Monica Marques Nanashara Ferreira Piazentin Gonçalves Natali Mamani Nathan Gomes Farias Neri Nelson Nelson de Luca Pretto Panic Pato Paulo Almeida Paulo Sergio Paulo Vitor de Castilhos Lopes
Pedro Felipe Vergo Scheffer Pedro Gil Pedro Lucas Porcellis Pedro Luiz Santos Pedro Markun Pedro Santos Teixeira Pedro Teles Professor Rodrigo Rafael Ghiraldelli Rafael Pinto Ranulpho Raphael Marques de Barros Renato Dell Rodolfo de Souza Rodrigo Amboni Rodrigo da Silva Freitas Rodrigo Oliveira Rodrigo Ortiz Vinholo Rogerio Christofoletti Rogerio Garcia de Oliveira Roque Francisco Rubens Ozorio Leão Rudney Vinicius Gonçalves de Souza Sandro Miccoli Sávio Lima Lopes Silvio Sidney Gomes dos Santos Simone Caldas Vollbrecht Stéfano Mariotto de Moura Talita Souza Tatiana Balistieri Thiago Borne Thiago Mendonça Tiago Bugarin Tito Guerra Bocorny Filho Victor Augusto Tateoki Victor Góis Victor Perin Victor Wolffenbüttel Vinicius Yaunner Vitor Diniz Kneipp Vote Nelas Wagner de Melo Reck Willy Stadnick Wllyssys Alves de Lima Yasmin Curzi Zaulao
No mês de Outubro de 2020 a Editora Monstro dos Mares, um pequeno coletivo editorial de inspiração anárquica localizado no interior do estado do Paraná, atingiu a marca de meio milhão de impressões. Esse número não representa absolutamente nada para a indústria gráfica nacional, mas é muito significativo para as pessoas, coletivos, movimentos sociais, bibliotecas comunitárias e iniciativas editoriais de livros e zines artesanais no Brasil.
Fazer impressões em casa para distribuir e fortalecer a disseminação de ideias radicais reúne um espectro de experiências que evidenciam a importância da autonomia e da livre cooperação entre pessoas e coletivos que compartilham dos mesmos princípios e éticas. Ao produzir um novo título, ou recuperar e colocar para circular uma publicação de outros tempos, aprendemos muito sobre apropriação tecnológica, sobre a necessidade de tinta no papel. Também percebemos a urgência do desenvolvimento de estratégias de sobrevivência e manutenção de nossos espaços coletivos, que muitas vezes se beneficiam diretamente da distribuição, venda e circulação de impressos. Além disso, obviamente, aprendemos sobre a contribuição para o aprendizado e mobilização das pessoas que estão unidas conosco nas lutas sociais ao lado de quem vem de baixo.
Nesse momento marcante da editora, queremos agradecer às monas, minas e manos que em algum momento de suas vidas e militâncias decidiram dedicar algum tempo para produzir materiais que questionam o Estado e o estado de coisas. São livros e zines que subvertem lógicas estabelecidas, pesquisas acadêmicas que expõem as linhas de fratura da normalidade e relatos de grupos e individualidades que, do lado de fora dos muros das universidades, criaram materiais para circular de mão em mão, feitos em casa, de baixo custo e que vão circular entre pessoas (tal como você e eu) que lutam para que o mundo, da forma que está, não mereça existir por nem mais um segundo.
Em 2020, desde o primeiro dia do ano, a Monstro dos Mares chamou para que as águas fizessem emergir novas editoras, coletivos publicadores, distros e banquinhas. Quando essas iniciativas despontam no horizonte, nossa sensação de criar, resgatar, mobilizar e difundir ideias radicais e dissidentes no formato impresso é uma ação direta no enfrentamento do grande capital, das constantes guinadas autoritárias, da precarização do trabalho e da destruição do meio ambiente. Essa não é uma tarefa fechada em si mesma, mas que está unida, de braços esticados e na luta. Tudo isso buscando não ignorar as subjetividades que nos constituem como pessoas e que nos unem como coletividades. Quando surge uma nova editora anarquista, aspiramos novos ares e vento nas velas.
As 500.000 impressões que alcançamos desde Agosto de 2017 representam mais do que 50 caixas de papel, 500 pacotes de A4, 15 litros de tinta pigmentada, mais de 5.000 livros e 9.000 zines. Esse meio milhão de impressões significa que há um espaço, mares navegáveis e um oceano de limonada para as ideias radicais. Além de comemorar esses números, queremos agradecer cada pessoa que carinhosamente nos incentiva a continuar fazendo o que acreditamos. Livros e Anarquia!
Tem dias mais difíceis, nos quais as preocupações estão além das necessidades de tinta, papel e textos. Ao pensar em questões como justiça social e segurança sanitária dos centros urbanos, das periferias e da vida no campo, refletimos sobre o que está acontecendo. Quem dirá sobre o que virá?
A pandemia está ensinando muitas lições sobre como encaramos a vida, as atividades diárias, nossa convivência com as pessoas próximas e a importância de saber “habitar nossas casas”. Uma questão que bateu forte aqui é a dúvida em torno da necessidade de sermos pessoas produtivas diante de um cenário tão adverso como o da doença que dominou o mundo. Por isso estamos fazendo como o velho marinheiro, que durante o nevoeiro leva o barco devagar.
Podcast bônus
No dia 17 de Julho de 2020, Baderna James e abobrinha gravaram sobre suas atividades na editora, diagramação de livros e zines utilizando software livre (LibreOffice e GIMP) e sobre a obrigatoriedade de sermos pessoas produtivas.
Queremos agradecer as pessoas que estão conosco diariamente e que confiam em nosso projeto editorial. Algumas delas fortalecem com os recursos para manter a editora em funcionamento. Com muito carinho agradecemos as amizades da Rede de Apoio:
Contribuições anônimas;
Gabriel Jung do Amaral;
Mayumi Horibe;
Phanta;
Lua Clara Jacira;
Leo Foletto;
Viviane Kelly Silva;
Ricardo Mayer;
Willian Aust;
Enguia;
Fernando Silva e Silva;
Mauricio Marin;
Adriano Gatti Mesquita Cavalcanti;
Andressa França Arellano;
Eduardo Salazar Miranda da Conceição Mattos;
Anna Karina;
Victor Hugo de Oliveira;
Zé;
Karine Tressler;
Andrei Cerentini;
Lupi;
Caio;
Fyb C;
José Antônio de Castro Cavalcanti;
Guapo.
A Editora Monstro dos Mares precisa da sua ajuda para continuar, contribua com a Rede de Apoio no Catarse ou PicPay e receba materiais impressos em sua casa. 🖨️
“Você tem todo o direito de copiar este livro total ou parcialmente, imprimir e distribuir por qualquer meio. Esse conteúdo não é protegido por nenhum monopólio cultural ou direito comercial; ao curso da história os livros são e serão gratuitos. Ninguém vai te culpar ou prender por distribuir ou realizar cópias; pelo contrário, ficaremos muito agradecidos se você fizer isso. O conhecimento se distribui livremente.”
Ao abrir um livro, raramente é possível se deparar com essa afirmação, não restritiva – como regra geral –, mas permissiva. Essa tem sido a premissa sob a qual acadêmicos, poetas, estudantes e militantes anarquistas publicam, de forma independente, distribuem os textos próprios e outros. Essas editoras fazem isso criando outros formatos, que visam uma produção com mais tiragem, diferente dos panfletos e fanzines publicados há mais de 20 anos em universidades e outros espaços libertários.
Alguns livreiros identificam a origem dessas editoras anarquistas na Feira do Livro Independente e Autogerenciada (FLIA, que começou em Buenos Aires, Argentina) que, a partir de 2010, mudou-se para Bogotá. Desde a primeira edição, os visitantes do evento literário começaram a se familiarizar com uma produção diferente, clandestina e artesanal, que incentiva a produção doméstica dos livros. Uma dessas pessoas foi Fabián Serrano, membro da editora Imprenta Comunera, da cidade Bucaramanga. “O bom de ter uma editora independente é que escapamos da imposição de autores renomados e personalidades para focamos apenas nos personagens que consideramos importantes“, diz Fabián, que juntamente com outros dois colegas, lançou oito publicações em apenas cinco meses.
Eles, como seus colegas de outras editoras, não estão preocupados em ter lucro, mas em espalhar seus pensamentos e ideias para o maior público possível. É por isso que o tempo todo eles resgatam conteúdos de anarquistas conhecidos, mas que não são publicados em grandes editoras ou editoras comerciais, como é o caso da obra de Emma Goldman, Piotr Kropotkin, Errico Malatesta, Uri Gordon, Henry David Thoreau e de personalidades com um lado libertário pouco conhecido, como Oscar Wilde ou Noam Chomsky. Para essas reedições, é mais complicado conseguir o texto para publicá-lo, por haver poucas cópias existentes; geralmente, os autores dessa corrente independente divulgam seus trabalhos sem restrições. “Sentimos que, quando criamos algo, isso não nos pertence mais, de modo que as pessoas assumem e se reconhecem neles, e isso é maravilhoso“, explica Iván Darío Álvarez, escritor, pensador anarquista e bonequeiro, fundador do teatro La libélula Dorada.
Pie de Monte é uma das editoras que faz esses resgates, mas que também quer apostar em novos escritores. Atualmente, a editora trabalha com textos de amigos e conhecidos, mas seu objetivo é que, mais tarde, mais pessoas sejam encorajadas a publicar seus trabalhos autorais. “Fizemos isso porque a ideia é que as pessoas saiam da dinâmica do mercado editorial e dos blogs e que resgatem a tarefa do livreiro e das livrarias. Isso sim, a única coisa que não tem discussão é que quem publica conosco deve deixar livres os direitos da obra“, comenta Santiago Lopez, membro da editora.
A conjuntura é outro fator importante nas reedições ou escritos originais: muitos textos são publicados em um determinado momento para demonstrar que as ideias anarquistas de várias décadas atrás ainda são válidas. Foi o caso da última publicação da El Rey Desnudo, a editora de Iván Darío e do poeta Juan Manuel Roca, USA nación de lunáticos, uma compilação de fragmentos de um ensaio que o escritor Henry Miller fez após o fracasso americano no Vietnã, um texto que foi lançado como uma crítica ao atual mandato de Donald Trump.
Embora os livros sejam o formato preferido para editoras anarquistas, brochuras, diários e jornais não são renegados. El Aguijón, uma editora criada dentro da Universidade Nacional de Medellín, em 2006, lançou uma seleção de contos e está preparando um novo volume. Porém, ocasionalmente eles tiram o jornal El Aguijón – Klavando la duda, para o qual recebem apoios financeiros que permitem dar continuidade em outros projetos. Você pode baixar os exemplares gratuitamente na página da editora.
O dinheiro investido é recuperado na maior parte das vezes, mas para reduzir custos ou acelerar o processo é comum alguns editores unirem forças. Rojinegro e Gato Negro reuniram textos como Estratégia e tática na prática anarquista, de Errico Malatesta, e Anarquismo e poder popular: teoria e prática sul-americanas, uma compilação de teorias e opiniões sobre anarquismo e poder popular. O número de cópias varia e, assim como alguns títulos chegam a 300 cópias, outros saem com apenas 30 exemplares.
Devido ao desconhecimento sobre os autores ou preconceitos que existem em relação ao anarquismo, poucos são os lugares onde é possível encontrar essas publicações em suas prateleiras. Em Bogotá, os mais comuns são La Valija de Fuego, Rojinegro, La Libélula Dorada, Luvina, El Dinosaurio, Árbol de Tinta e La Mandriguera del Conejo. Oscar Vargas, um dos fundadores da Gato Negro, diz que tentaram alcançar outros espaços, mas que não deu muito certo. “Isso foi difícil, porque em várias livrarias eles querem cobrar entre 30% e 40% do preço de capa, e buscam ter lucro por algo que nós não compartilhamos na mesma lógica. Somente alguns foram capazes de entender a proposta”, explica Óscar.
As publicações de Gato Negro. Foto cedida por Oscar Vargas.
Mas nem a clandestinidade, nem o baixo orçamento, foram impedimentos para alcançar outras partes do mundo. Por meio de conhecidos ou trocas por quilos, os editores colombianos levaram textos para Argentina, Chile, Equador, México, Peru, Uruguai, Brasil e Espanha. Os livros recebidos do exterior são vendidos para recuperar o dinheiro investido ou, como no caso da Rojinegro, são utilizados no Centro de Documentação Ácrata, uma espaço que fica nas suas instalações e que qualquer pessoa pode consultar o acervo ou fazer cópias.
Os preços baixos são a chave para alcançar mais pessoas: a maioria dos livros é vendida entre sete mil e quinze mil pesos, aproximadamente. (Nota do tradutor: O que equivale a um valor entre 10 e 20 reais) “Vimos que em feiras e eventos independentes, os metaleiros ou punks sacrificam parte da grana da birita porque estão interessados no que fazemos. É uma mentira que na Colômbia as pessoas não gostam de ler; elas não leem porque os livros aqui são muito caros”, explica Fabián.
Foto cedida por Oscar Vargas.
As editoras libertárias da Colômbia precisam ser mais divulgadas, mas seus editores estão satisfeitos com a situação atual e com o fato de que cada vez mais pessoas querem escapar da realidade do mercado e são incentivadas a publicar ou piratear o trabalho de autores que incomodam a outras editoras, ou mesmo ao estado. Essa aceitação vem aumentando e recentemente, por exemplo, uma tradução do livro de Iván Darío Álvarez e Juan Manuel Roca, Dicionário anarquista de emergência, começou a ser distribuído na França.
Para Roca, esse é um sinal da inconformidade latente que persiste na humanidade. “Anarquismo é como Drácula, que em todos os filmes eles o matam, mas em cada final ele acorda e está mais vivo do que os vivos. Há quantos anos eles decretam a sua morte e vemos que diversos movimentos de jovens e aqueles que não fazem parte de um partido se mobilizam de maneira tão vigorosa e sem limitações”, diz ele.
Por Andrés J. López, publicado em Cartel Urbano no dia 10 de Março de 2017. Versão para o português por Baderna James.
A numerologia de Março carrega consigo a imagem de uma Ânfora Panatenaica, um objeto da arte grega antiga utilizado para guardar o óleo que era entregue como prêmio nas Panateias. A simetria das formas da ânfora nos apresenta mais uma das representações de perfeição do mundo grego. Diferente do assustador desequilíbrio do mundo que estamos presenciando.
No DataMonstro, o caderno onde fazemos os registros dos números de livros e zines que são produzidos mensalmente, passamos a fazer anotações sobre os acontecimentos do mês. Então, além da numerologia de março, temos o registro de algumas visitas e atividades em que estivemos presentes. Neste mês, recebemos a visita de uma acadêmica do curso de Jornalismo da UEPG que está preparando uma matéria sobre a Monstro dos Mares, a visita do professor, escritor, poeta e editor Marco Aurélio de Souza e estivemos presentes no lançamento dos primeiros títulos de 2020 da Olaria Cartoneira.
Alguns acontecimentos também afetaram dramaticamente a numerologia de março. Perdemos o disco rígido do THX1138, nosso computador de produção, e tivemos um reboot terrível em nosso website. Como se não fossem problemas suficientes, sobreveio também a emergência global da Covid-19. Sobre essas questões todas, publicamos um informe chamado “Reboot no site, HD queimado e Pandemia 🦠“. Com tudo isso, a manutenção e a continuidade de nosso projeto editorial ficaram profundamente comprometidas e decidimos criar um “Fundo de Emergência Corona Vírus (Covid-19)“, a fim de garantir recursos financeiros para que possamos continuar distribuindo materiais de inspiração anárquica aos diversos recantos do país. Esperamos que você esteja em casa e que esteja bem.
A impressora M2140 que chegou em Janeiro precisou da substituição da caixa de manutenção em 42.423 impressões. Infelizmente, no Brasil essa peça custa mais de 300 reais. Mas como havíamos feito a importação de um pequeno estoque desse item, deu tudo certo. Segue o vídeo que gravamos na primeira substituição da caixa de manutenção da M2170 (Impressora Incendiária).
Numerologia de Março de 2020
Impressões de Março de 2020: 5.244
Livros impressos: 156
Livros distribuição gratuita: 6
Zines impressos: 192
Zines distribuição gratuita: 33
Kw gerados e consumidos com energia solar: 0.4Kw
Total de Kw gerados e consumidos com energia solar em 2020: 5.8Kw
Acabou! Foi um ano louco, não é mesmo? Mas sobrevivemos e seguimos em
frente. Em 2019 tivemos uma produção intensa, enviamos livros e zines
para todos os estados do país e isso nos enche de felicidade! Neste novo
ano, seguimos realizando o registro e documentação da quantidade de
impressões que fazemos e adicionando informações que são relevantes para
compreendermos nossos processos, evolução e história. Pode ser que
todos esses números não sejam assim tão importantes pra você, mas
acreditamos que eles são fundamentais para as pessoas que apoiam nossa
atividade e acompanham nosso projeto editorial.
Os números de um ano inteiro nos dão a certeza de afirmar que a cada
quatro livros e zines impressos, um será distribuído gratuitamente para
uma amizade, um coletivo, biblioteca comunitária, espaço cultural ou
para pessoas que estão em nossa banquinha em eventos, interessadas em
saber mais sobre os títulos que publicamos e as ideias que fazemos
circular. Ter a certeza de que um quarto (1/4), mais ou menos, de toda a
nossa produção vai parar nas mãos de pessoas que estão interessadas em
descobrir ou aprofundar saberes e práticas anárquicas, anarquistas e de
epistemologias dissidentes nos faz seguir firme nos propósitos da
editora em continuar existindo, colocando cada vez mais tinta no papel.
Em 2019 também esticamos os braços para aprender sobre como podemos
fazer um pouco mais e fazer diferente em nossos livros e zines. Também
fizemos testes e aprendizados em torno de nossa autonomia. Em Janeiro
começamos alguns estudos sobre energia solar e no mês de outubro nos
sentimos seguros em adotá-la integralmente em nossa produção. Hoje,
todos os nossos livros e zines, computador e impressoras utilizam a
energia que vem do sol para carregar a bateria e fornecer a energia
necessária para a operação dos equipamentos. Também decidimos
experimentar e adaptar métodos de encadernação e encontramos um modo de
fazer livros mais grossos que é capaz de entrar em nossas rotinas e
meios de produção.
Nós estivemos em menos eventos do que gostaríamos, mas caixas e
caixas com nossos livros estiveram em diversos lugares e queremos que
isso permaneça, que você possa encontrar nossos materiais sendo
distribuídos em diversos recantos do Brasil. Isso fortalece nossa
atividade editorial e permite que pessoas e coletivos possam obter
recursos para fortalecer seus espaços de atuação e agitação. Contamos
com o interesse das amizades para fazer com que mais caixas se
movimentem de mão em mão, de busão, transportadora, correios. Que os
meios de transporte não sejam impedimento para difusão de ideias.
Os números de 2019 também servem como um convite para que quem
acredita em nossa atividade editorial possa confiar um valor mensal em
nossa rede apoio. Utilizamos esses recursos para manter nosso espaço de
produção, dar manutenção nos equipamentos, conquistar recursos para
trazer caixas de papel e tinta que são utilizadas na distribuição
gratuita, bem como nos eventuais custos de correios para envios. A
partir da contribuição de R$ 5 mensais, a Rede de Apoio
fortalece nossa atividade e faz com que possamos seguir existindo até o
dia em que não será mais necessário vender os livros, que teremos
dispositivos de solidariedade suficientes para manter as atividades, a
subsitência das pessoas que colaboram no projeto e a produção de mais e
novos materiais.
Nós da Editora Monstro dos Mares estamos felizes em anunciar que neste mês de Outubro chegamos ao número de 309.506 impressões desde o início dessa contagem em Agosto de 2017 quando chegou nossa primeira impressora com tanque de tinta pigmentada.
O mês de Outubro foi intenso pois fizemos as impressões para o “1º Encontro Pós-colonial e Decolonial” em Florianópolis, “IV Seminário Internacional Desfazendo Gênero” em Recife e na “X Feira Anarquista de São Paulo”. Também estivemos em diversos Meet-ups de tecnologia e outros espaços. Agradecemos monas, minas e manos que muito gentilmente abrem as portas de seus eventos para receber os materiais e as ideias da Monstro dos Mares.
Neste mês adicionamos um novo indicador “Kw gerados e consumidos com energia solar”, uma vez que estamos produzindo nossos livros utilizando essa fonte alternativa de energia (em breve escreveremos exclusivamente sobre esse tema). Também movemos o hotsite “Numerologia” do servidor Tor e trouxemos para um novo endereço, uma vez que algumas pessoas estavam com dificuldades para acessar o histórico de nossos números mensais. Conheça o hotsite em http://monstrodosmares.com.br/numerologia.
A partir de agora vamos publicar vídeos apresentando alguns macetes, tutoriais e dicas sobre os processos que utilizamos para fazer livros e zines na Editora Monstro dos Mares.
Neste pequeno vídeo apresentamos o macete para escolher a posição onde ficam os grampos nos fanzines que fazemos. Basicamente a ideia consiste em escolher pontos de referência na arte da capa para grampear sempre na mesma posição (mais ou menos). Desta forma é possível determinar um padrão e obter uma apresentação melhor dos zines quando expostos na banquinha. Fácil!
Pessoas que fazem parte de nossa Rede de Apoio no Catarse tem acesso aos vídeos com 10 dias de antecedência até que o material seja disponibilizado no Blog e no Youtube.
Acreditamos que a atividade de fazer livros está ligada à reflexão sobre o tempo em que vivemos. Por isso, a cada início de ano escolhemos um tema para nos acompanhar no dia a dia. Conheça nossas reflexões e visões mundo para inspirar as atividades de 2022.