Quando falamos em anarquismo, é comum que as primeiras imagens evoquem barricadas, enfrentamentos diretos ao poder, críticas afiadas ao Estado e à propriedade. Mas De amor e anarquia nos lembra com doçura, firmeza e poesia que o campo de batalha mais profundo e mais cotidiano talvez esteja nas formas como nos relacionamos.
Organizado por Waslala e originalmente publicado pela Editora Deriva, este livro reúne textos de autoras e autores que, entre o final do século XIX e o nosso presente insurgente, ousaram pensar o amor para além das normas. Emma Goldman, Errico Malatesta, Émile Armand, América Scarfó, Rebeca Lane, Ludditas Sexxxuales, entre outrxs, escrevem sobre o desejo, a liberdade, os afetos e as possibilidades de viver relações que não estejam baseadas na posse, na culpa ou na vigilância mútua.
Não se trata de um manual de práticas, tampouco de um apanhado de teorias frias. São ensaios, cartas, confissões e experimentações que tocam questões íntimas com coragem política. Falam de dor e de beleza, de descobertas e contradições, de tentativas que falham e de outras que florescem. Propõem, acima de tudo, um exercício contínuo: amar sem deixar de ser livre, amar como quem semeia mundos.
Em tempos em que o discurso da liberdade é capturado por lógicas individualistas e competitivas, este livro recupera um outro sentido para a autonomia: aquela que se constrói no vínculo, no respeito mútuo, no cuidado radical.
De amor e anarquia é um convite. Para reler nossos amores à luz da liberdade. Para experimentar outras formas de companheirismo. Para insistir, mesmo entre os escombros, que ainda vale a pena tentar.
Disponível na lojinha da Monstro dos Mares. Corações atentos e mentes abertas são bem-vindxs.
Anarquistas sempre se ocuparam de propor e construir espaços e vivências de liberdade em todas as esferas da vida, questionando hierarquias e prisões, e isso incluiu as relações amorosas.
No mar revolto das disputas pelo conhecimento, Geografias Subterrâneas propõe uma travessia radical: ensinar uma prática geográfica a partir das trincheiras da anarquia. Escrito por José Vandério Cirqueira e publicado pela Editora Monstro dos Mares em 2018, este livro é uma ferramenta de reflexão e intervenção no mundo.
Longe da geografia institucionalizada e de seus mapas autoritários, a obra conduz leitoras e leitores por caminhos insurgentes, onde o saber nasce do chão pisado, das resistências cotidianas, das margens que sustentam os centros. É um chamado aos “piratas do conhecimento”, que preferem navegar por águas desconhecidas a se deixarem aprisionar por fronteiras rígidas.
“A geografia carrega a potência de ser prática insurgente. O que está por trás da representação do espaço? Quais ideias políticas, quais disputas epistêmicas? As formas pelas quais compreendemos, ensinamos e praticamos a geografia revelam que não se trata apenas de um saber técnico ou neutro, mas de um território de disputas, de conflitos e de possibilidades.”
Composto por textos breves, acessíveis e densos, o livro articula pensamento geográfico e crítica social, recuperando contribuições de autoras e autores como Thoreau, Reclus, Kropotkin, Louise Michel, Flora Tristan e Emma Goldman. Mais que uma aula de geografia, é uma aula de desobediência epistêmica.
Como escreve o autor, “a palavra geografia guarda uma densidade de histórias não oficiais” e é exatamente essa densidade que Geografias Subterrâneas explora, revelando os subterrâneos de um saber feito de luta, território e imaginação.
Doze anos. É muito tempo… e, ao mesmo tempo, parece que foi ontem que começamos a sonhar com um espaço de travessia coletiva onde as palavras pudessem ser instrumentos de transformação, resistência e afeto.
Quando olhamos pra trás, enxergamos mais que uma história de livros e publicações. Vemos uma travessia. Um barco coletivo, construído a muitas mãos, que desafiou mares revoltos, ventos contrários e, ainda assim, seguiu firme, guiado pela bússola da autonomia, da solidariedade e do desejo de construir outros mundos possíveis.
A Monstro dos Mares nasceu de uma inquietação: como circular saberes livres? Como fazer com que vozes marginalizadas, insurgentes e dissidentes encontrem espaço, ecoem, ressoem? E, sobretudo, como fazer isso de forma ética, horizontal e cuidadosa?
Foram 12 anos apostando na tarefa dedicada, no fazer coletivo, na publicação independente, na solidariedade, na construção de redes e na crença inabalável de que conhecimento não é mercadoria. É partilha, é arma, é abrigo.
E, nesse caminho, reafirmamos a importância do livro impresso como ferramenta concreta de formação crítica, especialmente nos movimentos sociais. Porque livro impresso não depende de conexão, de bateria, de algoritmo. Ele passa de mão em mão, circula nas ocupações, nas assembleias, nas comunidades, nas periferias, nas escolas livres, nas rodas de formação. O livro impresso resiste ao esquecimento digital e fortalece vínculos materiais e afetivos.
Em cada página impressa há a possibilidade de interromper o fluxo acelerado das redes, de criar pausas, silêncios, reflexões. Há a possibilidade de aprofundar debates, de guardar saberes, de criar memória. É no papel que muitas vezes se constroem os processos de formação que alimentam práticas, que fortalecem coletivos, que sustentam lutas.
Foram muitas mãos que seguraram este leme. Pessoas que diagramaram, traduziram, escreveram, embalaram, compartilharam, ajudaram, apoiaram, sugeriram, sonharam conosco. Nenhum livro que saiu daqui foi apenas papel e tinta. Cada um carrega cuidado, carinho e luta.
Nem sempre foi fácil. E nem era pra ser. Nadar contra a corrente é também se deparar com as limitações, os desafios materiais, os cansaços e as incertezas. Mas também é se surpreender com a potência da coletividade, com os gestos de apoio que vêm de onde menos se espera, com as palavras de quem, do outro lado do país ou do outro lado do oceano, nos escreve dizendo que aquele livro fez diferença, que aquele texto acendeu algo, que aquele gesto de envio solidário foi mais do que um pacote no correio. Foi um abraço.
Hoje, ao completar 12 anos, queremos mais do que comemorar. Queremos agradecer. A cada pessoa que nos acompanha, que fortalece, que lê, que compartilha, que espalha as ideias e os sonhos impressos nestes livros. Vocês são parte fundamental deste barco.
Seguimos. Porque ainda há muito a dizer, muito a construir, muito a transformar. Seguimos, porque o mar é imenso e há muitas outras ilhas de afeto, de luta e de liberdade por descobrir.
Obrigado por estar com a gente nessa travessia.
Com carinho, rebeldia e papel nas mãos, Editora Monstro dos Mares
Linha do tempo da Monstro dos Mares
22/06/2013 – Fundação da editora em Cachoeira do Sul (RS), nascida do desejo de circular saberes livres e construir um projeto editorial autônomo e coletivo.
2019 – Mudança para Ponta Grossa (PR), marcando uma nova fase de expansão da produção artesanal e fortalecimento das redes.
2023–abril de 2024 – Manutenção de um espaço comunitário compartilhado em Ponta Grossa, acolhendo oficinas, encontros culturais, atividades de base e trocas afetivas.
2024 – Reformulação da operação editorial com retorno a Cachoeira do Sul, adoção de impressão sob demanda e ampliação do alcance das publicações.
22/06/2025 – Celebração dos 12 anos de travessia coletiva, reafirmando o compromisso com o livro como ferramenta de transformação, afeto e resistência.
Oh, anarquismo, que estranha criatura você é. Outrora, uma grande força política em todo o mundo (anarquistas superaram os comunistas por algum tempo na China pré-revolucionária, por exemplo), o anarquismo é agora uma das ideologias políticas mais incompreendidas.
Os anarquistas se movem por uma sociedade sem instituições (estado, capitalismo, patriarcado etc.) que criam disparidades de poder entre vários tipos de pessoas. Os anarquistas não são contra a organização, mas sim contra a autoridade. Esta tem sido sua identidade política desde que o revolucionário francês Pierre Joseph Proudhon se identificou como anarquista em meados do século 19.
Os anarquistas têm sido fundamentais em vários movimentos e revoluções sociais. Talvez o mais famoso seja que a jornada de trabalho de oito horas que foi vitoriosa na esteira da morte de cinco anarquistas em Chicago, que foram assassinados pelo Estado simplesmente por serem anarquistas.
O anarquismo provavelmente atingiu seu ponto mais alto na década de 1930 durante a Guerra Civil Espanhola, quando grande parte da Espanha chegou a ser administrada coletivamente, sem autoridade do Estado. Isso continua desde então, e os anarquistas continuam envolvidos no ativismo e na luta revolucionária em todos os lugares.
Não gosto muito de ler teoria política. Adquiro quase todas as minhas idéias através de conversação e pela ficção. O mundo precisa de novas idéias, agora mais do que nunca. A ficção especulativa é especialmente adequada para a exploração de novas idéias. Felizmente, existem muitos romances incríveis que exploram a sociedade, a filosofia ou a luta anarquistas.
Seguem cinco desses livros de ficção.
Os Despossuídos de Ursula K. Le Guin
Seria preciso um anarquista – ou, suponho, alguém intensamente crítico das estruturas de poder e das soluções dogmáticas – para virar o gênero utópico de cabeça para baixo. Com Os Despossuídos, Le Guin fez exatamente isso. Anarres, uma de lua anarquistas, orbita o planeta autoritário de Urras. Anarres é administrado coletivamente, sem governo ou capitalismo. Mas nosso protagonista lunar, farto dos sufocantes sistemas de controle social que interferem em sua pesquisa científica, dirige-se a Urras para aprender como é um mundo com governo. Eu amo este livro por várias razões, mas sou particularmente atraída por quão bem ela contrasta as imperfeições da lua anti-autoritária e do planeta autoritário. Para ser sincera, não quero morar em Anarres (prefiro não ser nomeada por um computador!), mas não sei se há uma exposição mais magistral do anarquismo do que a que ela escreveu.
A Quintessência Sagrada de Starhawk
Starhawk é mais conhecida por sua não-ficção do que por sua ficção. Ela escreve sobre ativismo, magia e compreensão de sistemas de poder. Eu admito, não li muito sobre sua não-ficção. Mas quando eu era uma jovem ativista que lutava contra a invasão americana do Iraque, li seu romance utópico A Quintessência Sagrada e vi uma visão de uma sociedade na qual eu queria – quase desesperadamente – viver. Na cidade pós-apocalíptica de São Francisco, um grupo de mulheres se reúne e destrói as ruas para plantar alimentos. A cidade se torna uma espécie de comuna, com uma assembléia aberta que toma suas decisões, deixando os indivíduos livres para contribuir com a sociedade como preferirem. A maior parte da história se concentra no papel da violência e do pacifismo na defesa de uma sociedade igualitária, mas para mim a parte mais forte deste livro é a beleza impressionante da possibilidade humana que sugere.
Walkaway de Cory Doctorow
Acabei de terminar este livro há uma ou duas semanas e está no primeiro plano de meu cérebro. Não sei se existe um livro que eu tenha lido que seja mais diretamente relevante para os problemas que o mundo enfrenta atualmente. Em Walkaway, uma cultura de inconformismo internacional de squatters, hackers, cientistas, artistas e outros similares está vivendo “os primeiros dias de uma nação melhor”. Acho que nunca houve uma ficção mais convincente para explorar os meandros de como as pessoas podem ser motivadas a contribuir para a sociedade sem dinheiro ou trabalho obrigatório. O Walkaway se passa na segunda metade do século XXI, quando tecnologias como a impressão 3D removeram o fantasma da escassez da economia, mas suas lições também são diretamente relevantes agora. Doctorow traz valores anti-autoritários não apenas para o conteúdo, mas para a forma do livro: ele segue personagens de perto no centro de algumas das ações, mas não finge que o grupo de pessoas será o ponto focal de todos os aspectos de uma revolução.
The Watch de Dennis Danvers
É possível que The Watch seja a minha história favorita de viagem no tempo que eu já li, porque é sobre um dos meus personagens históricos favoritos – o príncipe russo que se tornou revolucionário e cientista Peter Kropotkin – transportado para uma época e um lugar onde estou mais familiarizada: a cena ativista de Richmond, Virgínia, 1999. Também é possível que seja minha história favorita de viagem no tempo, porque é maravilhosamente discreta e Danvers é um mestre em deixar seus personagens do passado cairem no presente agindo de forma realista. De qualquer forma, é minha história de viagem no tempo favorita.
The Steel Tsar de Michael Moorcock
Nem toda ficção anarquista é tão séria. Algumas delas são simplesmente divertidas. Ninguém cria uma aventura clássica de viés anti-autoritário como Michael Moorcock. O Steel Tsar é o último da trilogia Nomad In the Time Stream, que, para o registro, é o primeiro trabalho steampunk completo que eu já encontrei. Eu poderia divagar sobre Moorcock e todas as influências não reconhecidas que ele teve neste mundo (os RPGs de mesa devem a Moorcock pelo menos tanto crédito quanto eles devem a Tolkien, além do mais, ele inventou a estrela do caos, e mais… steampunk …), mas, em vez disso, eu vou apenas lhe dizer que o Steel Tsar tem aeronaves, armas nucleares, um Stalin robótico e o anarquista ucraniano Nestor Makhno. Ou seja, nas mãos de um mestre experiente como Moorcock, você realmente não pode seguir errado.
Sobre a autora
Margaret Killjoy é uma autora transfeminista, nascida e criada em Maryland, que passou sua vida adulta viajando sem lar fixo. Formada em 2015 pela Clarion West, as ficções curtas de Margaret foram publicadas por Tor.com: Strange Horizons, Vice’s Terraform e Fireside Fiction, entre outros. Ela fundou a Steampunk Magazine em 2006 e seus livros de não-ficção foram publicados pela editora anarquista AK Press. Margaret escreveu A Country of Ghosts, um romance utópico publicado pela Combustion Books em 2014. Ela também é autora da série Danielle Cain, começando com The Lamb Will Slaughter the Lion, publicado em Tor.com
Anarquia na era dos dinossauros, publicado pela Curious George Brigade e que agora ganha versão em português brasileiro pela Monstro dos Mares, é um mergulho nas crônicas da anarquia que já vive e ressoa por todo o mundo.
Alguns dos incontáveis disfarces usados pela Autoridade são o Capitalismo, o Estado e a Hierarquia. Mas o que virá depois dos dinossauros? A resposta: a anarquia.
Das favelas da América do Sul à Resistência Francesa na Segunda Guerra Mundial, passando pelos motins no exército estadunidense na Guerra do Vietnã, Anarquia na era dos dinossauros é sobre e para os anarquistas de hoje. Defendendo a descentralização, o caos, o apoio mútuo e as asas das borboletas, entre muitas outras coisas, os textos neste livro dão vida a táticas e estratégias para uma resistência eficaz contra os dinossauros atuais.
Anarquia na era dos dinossauros The Curious George Brigade Monstro dos Mares 166 páginas Papel pólen natural de 80g, orelhas de 7 cm.
Capa colorida com ilustração de Jane Herkenhoff (@jane.herkenhoff) Tradução de DaVinci, anônimo e Monstro dos Mares Revisão e preparação: Caronte Mayer Diagramação: Baderna Jaime
Nós, da Curious George Brigade, escrevemos este livro, propositalmente, não como mais um manifesto, ou como um livro chato da história anarquista morta. Na verdade, escrevemos este livro para ser um sopro de ar fresco, um testemunho da anarquia viva. Declaramos na primeira página que devemos esquecer a Guerra Civil Espanhola e continuar nosso ataque à tradição, anarquista ou não, a partir daí.
A anarquia, pelo menos nas páginas dos livros, está sofrendo com muitos historiadores pesados e teóricos hipócritas. Para quebrar esse molde, este livro se concentra em exemplos vivos de anarquia. Escrevemos este livro porque o que está acontecendo hoje é mais importante do que o que aconteceu há várias décadas ou algum esquema utópico distante para o futuro. Ao contrário de alguns anarquistas, não perdemos a esperança… todos ao nosso redor são anarquistas cheios de esperança de mudança. A beleza disso é que os anarquistas estão fazendo isso sozinhos, mudando o mundo.
O mínimo que podíamos fazer era documentar isso e tentar dar voz a essas pessoas comuns que estão fazendo coisas extraordinárias. Também não poupamos esforços contra os inimigos da anarquia: tudo, desde reuniões longas e chatas até o simbolismo disfarçado de divulgação. Lutando pela honestidade, reconhecemos muitos dos maus hábitos de obediência, adoração contínua ao líder, eficiência e delírios de controle. Todos esses são hábitos dos dinossauros, sobras do Capitalismo e do Estado.
No entanto, anarquistas estão conquistando vitórias concretas todos os dias, formando comunidades de resistência, transformando suas vidas cotidianas em veículos para a revolução, criando novos mitos que ressoam com honestidade e coragem. E eles mesmos fazem isso, contra a corrente de uma sociedade baseada em especialistas pagos.
Nós bancamos o que falamos. Este é um projeto faça-você-mesmo. Muito tempo e esforço foram dedicados a encontrar a palavra certa, criar a imagem certa e ajustar essas margens. Esperamos que goste!
Na última sexta-feira, 13 de dezembro, a Editora Monstro dos Mares realizou seu tão aguardado encontro virtual de fim de ano, reunindo apoiadoras e apoiadores, autoras e autores, revisores, tradutores, diagramadores, capistas e outras pessoas que ajudam a dar vida aos nossos projetos. O evento aconteceu pelo Google Meet e foi marcado por momentos de troca, celebração e planejamento coletivo.
Com um ambiente descontraído e acolhedor, o encontro começou com uma breve retrospectiva do ano de 2024. Compartilhamos os desafios que enfrentamos, os aprendizados conquistados e, claro, as grandes realizações que só foram possíveis graças ao trabalho em equipe e ao apoio da nossa comunidade. Foi emocionante ouvir relatos de diversas perspectivas, destacando o impacto de nossas publicações e os passos dados rumo a uma editora mais inclusiva e acessível.
Um dos momentos mais especiais foi quando cada participante teve a oportunidade de compartilhar seus desejos para 2025. Ideias inovadoras, novos projetos e colaborações foram imaginados em um bate-papo leve e inspirador. O sentimento de pertencimento e coletividade esteve presente em cada palavra, reafirmando o compromisso de todos com a construção de um espaço editorial que valoriza a diversidade e a criatividade.
Encerramos a noite com sorrisos, agradecimentos e a certeza de que 2025 será mais um capítulo incrível para a Editora Monstro dos Mares. Nosso encontro foi mais do que uma celebração: foi uma renovação de entusiasmo e propósitos para continuar navegando rumo a novos horizontes.
Agradecemos a todos e todas que participaram e ajudaram a tornar este momento tão especial. Que possamos seguir juntos, somando forças e ideias para um futuro cheio de possibilidades!
Neste fim de ano, a Editora Monstro dos Mares tem a alegria de trazer ao público brasileiro a tradução para o português do livro 10 perguntas sobre o anarquismo , escrito pelo jornalista e pesquisador independente francês Guillaume Davranche.
Lançado na França em 2020, o livro já vendeu mais de dez mil cópias em seu país de origem. Escrito para diversos públicos, Davranche apresenta perspectiva detalhada das diferentes abordagens do anarquismo sobre temas fundamentais como economia, ecologia, feminismos, democracia, organização e ação.
Além disso, fornece um panorama sobre perfis de militantes ao redor do mundo – da Coreia ao México, da Argélia à Espanha. Ao resgatar a história de figuras que ajudaram a moldar o movimento anarquista ao longo do tempo, ampliam-se as compreensões das estratégias e impactos do anarquismo em diversos contextos revolucionários.
O texto da edição que apresentamos vem diretamente do original em francês intitulado Dix questions sur l’anarchisme, cujos direitos foram gentil e generosamente cedidos ao Centro de Cultura Libertária da Amazônia e à Monstro dos Mares. Desejamos que este livro se torne mais uma ferramenta de expansão do conhecimento político não apenas entre iniciantes com o intuito da autoinstrução, mas também entre quem se dedica à prática de educações abertas às dissidências.
10 perguntas sobre o anarquismo Guillaume Davranche CCLA + Monstro dos Mares 120 páginas Miolo: papel off white, 80 g Capa: papel cartão 300 g, colorido Lombada quadrada, fresado, PUR Impresso em gráfica ISBN: 978-65-86008-40-1
Fortalecer o lançamento do livro
10 perguntas sobre o anarquismo apresenta as diferentes abordagens do anarquismo sobre temas fundamentais e os perfis de vinte militantes ao redor do mundo que ajudaram a moldar o movimento anarquista ao longo do tempo.
A Monstro dos Mares, uma editora de publicações anarquistas, agora está em Cachoeira do Sul/RS, cidade onde foi fundada em junho de 2013. Após oito anos no Paraná, onde aprendemos muito sobre processos editoriais, produção artesanal, distribuição e, principalmente, a criação de comunidades por meio do livro impresso e suas possibilidades, retornamos ao interior e iniciamos a implementação de mudanças significativas em nosso modo de produzir.
Com o passar dos anos, novas necessidades e configurações demandaram novas soluções. Hoje, precisamos encontrar maneiras de continuar existindo como coletivo editorial em um momento de distâncias – e isso afeta diretamente as nossas possibilidades de produção artesanal.
Por isso, todas as publicações passaram a ser produzidas em gráfica e conforme a demanda de pedidos em nossa loja. Além disso, alguns livros estão disponíveis em diferentes marketplaces.
Para realizar essa transição, foi necessária uma reformulação de nosso catálogo, que passa agora a ser constituído apenas de livros. Os zines que integravam o catálogo da Monstro dos Mares passarão a ser produzidos pelas amizades da Impressora Anarquista, de Goiânia/GO.
A Monstro dos Mares continua produzindo com a mesma radicalidade desses 11 anos, e celebramos as cinco impressoras, a impressão de um milhão de folhas e a produção de milhares de livros e zines artesanais.
Neste novo capítulo, nos dedicaremos a encontrar novos títulos, elaborar mais textos e lançar publicações que possam contribuir com a educação e as ideias de quem está fazendo o século 21, seja na escola, nos movimentos sociais, nas universidades, no trabalho, no campo ou na cidade.
Içamos nossas velas, mais uma vez navegando sonhos e desejos em direção à Utopia, na companhia das amizades com quem compartilhamos as águas turbulentas das publicações independentes de livros anarquistas no nosso tempo.
Passada uma década em que o nosso Junho aconteceu, vimos que o mundo mudou e a natureza de alguns fenômenos sociais também mudaram desde 2013. Avançamos em conquistas, retrocedemos em direitos e permanecem constantes indignações.
Reconhecemos a mesma força que mobilizou nossos primeiros materiais impressos no vigor que nos move para seguir hoje. Fazemos livros artesanais e zines pois acreditamos na proliferação das desobediências que as palavras escritas, faladas, cantadas, rimadas, impressas ou pichadas nos muros são parte do universo de possibilidades que queremos imaginar e agir. Um horizonte autônomo, libertário, anarquista e cheio de faça-você-mesma!
Aquele Junho está em nós como um livro que permanece no tempo resistindo aos desafios impostos pela lógica da composição (ou da decomposição) de sua materialidade. A Monstro dos Mares não é um livro na prateleira do tempo, mas sim a apropriação do tempo como um existencial, uma ruptura da técnica que promove o anseio de permanecer proliferando desobediências. Fazemos os livros existirem a partir das ações de nosso próprio bando.
Sentimos que somos parte desse tempo enquanto ele existir. Somos parte dos frutos que florescem desde 2013 e vamos permanecer proliferando desobediências.
Junho de 2023, Editora Monstro dos Mares, 10 anos.
Apoie a campanha de 10 anos
Fortaleça o corre autônomo de fazer livros da Monstro dos Mares no Catarse e receba recompensas únicas por isso.
“Mapeando vozes não binárias nas redes sociais”, de Ju Spohr: Através de entrevistas com dez pessoas que se autodenominam não binárias nas redes sociais, Ju Spohr delineia um panorama de vivências que se localizam fora dos polos feminino ou masculino, assumindo a descentralização, a fluidez e a contradição ao colocar à prova os modelos normativos de gênero e sexualidade.
“A produção patológica do antagonismo: a institucionalização da violência contra pessoas trans”, de Cello Latini Pfeil e Bruno Latini Pfeil: Para analisar como a invenção da transexualidade enquanto categoria diagnóstica repercutiu em sistemas de controle, tutela e opressão contra pessoas trans, Cello e Bruno Latini Pfeil utilizam uma lente analítica anarquista e decolonial, recorrendo à lógica de que dinâmicas de opressão e infantilização, culpabilização e segregação constituem violências institucionais recorrentes que atravessam corpos trans.
“Construindo cidadania: a história de luta de travestis e transexuais no Brasil”, de Cristiane Prudenciano: Estabelecendo diálogos entre a luta de travestis e transexuais pela garantia de direitos e construções históricas e sociais que, sistematicamente, apagam o protagonismo das pessoas trans nessas lutas, Cristiane Prudenciano delimita um referencial histórico entre os anos de 1990 a 2016, resgatando as conquistas de pessoas que, vivendo em situações de violação, invisibilidade, opressão e violência, intencionam uma nova realidade para suas vidas e para a sociedade.
RECOMPENSAS:
Pôster comemorativo por Felipe Risada: convidamos o Estúdio Suco Gráfico e o artista Felipe Risada (@felipe_risada) para a criação da nova marca e identidade visual da Monstro dos Mares em celebração desses 10 anos. RiR criou a arte de um pôster exclusivo, impresso em risografia, para marcar essa data. Somente 330 exemplares. Formato ledger (27,5 x 39,5 cm), em papel colorplus 120 g, cores variadas e enviadas aleatoriamente. Duas dobras.
Impressorinha 3D: nosso amigo Paulo Capra (@paulo_capra) fez a modelagem e impressão 3D da querida Impressorinha, em cores variadas (5,5 x 5,5 x 3 cm, nas cores branco, rosa, amarelo e cinza Nintendo) enviadas aleatoriamente. Somente 30 unidades.
Sacola: sacola retornável em lona encerada (29 x 29 cm) confeccionada com material reutilizado de malotes pela Associação das Feirantes da Economia Solidária de Ponta Grossa – AFESOL (@afesol_).
Bandeirola: confeccionada em algodão cru e serigrafia (40 x 50 cm). Produzidas por voluntáries no espaço da Monstro dos Mares.
Porta caneca: suporte para canecas (8,5 x 8,5 cm) em papel reciclado 300 g, com arte exclusiva comemorativa dos 10 anos da Monstro.
Adesivo: com a nova marca da editora (5 x 5 cm), autocolante com proteção UV.
5 Zines A5: escolhidos aleatoriamente de nosso catálogo (dimensões 20 x 14 cm, aproximadamente 24 páginas).
Coleção Entender: 5 Zines A6 que compõem a coleção, abordando os temas Gênero, Poder, Colonialismo, Anarquismo e Supremacia Branca (dimensões 10 x 14 cm, aproximadamente 16 páginas cada).
Minicurso “Crítica ao trabalho: queer, desistente e bipolar”: encontro on-line com 4h de duração ministrado por Claudia Mayer, doutora em Estudos Literários e Culturais pela PPGI/UFSC. O curso visa fomentar a crítica ao trabalho como instituição, abordando a compreensão de que a necessidade de trabalhar é uma alavanca social que mobiliza corpes dissidentes a suspender-se a fim de tornar possível a manutenção da vida.
Valeu por fortalecer o nosso corre. Defenda sua quebrada!
De tempos em tempos, cada uma de nós realiza os próprios ciclos migratórios e aceita a mudança em nossos corpos, ideias, espaços e epistemologias. A Editora Monstro dos Mares decidiu realizar um festival de frutificação de publicações da estação e celebrar o novo espaço com uma campanha de financiamento coletivo.
Nosso novo espaço permite que a Editora Monstro dos Mares se torne um ponto de encontro, um lugar onde as amizades podem conviver e construir ideias, projetos, atividades e publicações que possibilitem proliferar as desobediências. Em nosso novo endereço, temos espaço para uma lojinha, acomodamos nossas três impressoras [Espertirina Martins, Marsha P. Johnson e Ricota DX-2330], a bancada para montagem dos livros, estoque, romaneio e expedição, acomodação para hospedagem temporária de pessoas em viagem ou visita, uma pequena cozinha e um quintalzinho para deixar as bicicletas ou promover eventos diminutos.
Estamos migrando da sala da casa da abobrinha e baderna, com cerca de 19m² para um local com mais de 100m², onde esperamos que um novo capítulo da editora seja escrito junto das novidades que estão acontecendo na Monstro dos Mares: marca nova, site novo, espaço de criação, produção e convivência coletiva. Tudo isso, não apenas para nossa editora, mas para compartilhar com monas, minas e manos que somam e fortalecem.