2024 conviver é formar comunidades

Acreditamos que a atividade de fazer livros está ligada à reflexão sobre o tempo em que vivemos. Por isso, a cada início de ano escolhemos um tema para nos acompanhar no dia a dia. Este texto expõe nossas reflexões e visões mundo para inspirar as atividades de 2024.

Cada atividade que realizamos na Monstro dos Mares é movida por identificar e reconhecer em nossas práticas os princípios que buscamos assimilar e disseminar por meio das publicações que distribuímos. As bases estruturais existir, permanecer, conviver, educar e celebrar transbordam nossa atividade de fazer livros de inspiração anárquica. Queremos que, cada vez mais, a editora se torne um espaço no qual as pessoas se articulam e transformam encontros em trocas, convivência harmoniosa, música e boas conversas. Os livros e as pessoas, em conjunto, transformam qualquer lugar em um recanto para a construção da convivência e o que de bom pode vir dela: compartilhar e colaborar. Acreditamos que compartilhar e colaborar são boas formas de se pensar a construção de comunidades.

Comunidades são mais que grupos de pessoas que compartilham ideais, necessidades, acasos ou algum outro laço que as mantém juntas – temporária ou permanentemente. A formação de comunidades depende da convivência, e a convivência depende de espaços para que as pessoas se encontrem, produzam, aprendam, celebrem e façam o que mais quiserem fazer. Esse tipo de aliança depende também de mudanças de hábitos, como se abrir para participar de atividades que, talvez, você não se engajaria se não fosse pela conexão com as pessoas envolvidas ou com o espaço onde as atividades serão realizadas.

Nossas experiências têm nos mostrado que temos duas lutas político-privadas que necessitam da nossa atenção. A primeira é que precisamos, política e privadamente, lutar para que se torne possível a multiplicação de espaços autônomos fomentadores de diálogo. Falamos, por exemplo, de aluguéis e zoneamento urbano, que dificultam a manutenção de espaços sem fins comerciais diretos. A segunda é que precisamos, política e privadamente, lutar para transformar a cultura de isolamento que nos cerceia as alianças comunitárias. Aqui, estamos falando de, por exemplo, trabalharmos demais e não conseguirmos encontrar nossas amizades, ou então das economias de intimidade da heteronormatividade, que culturalmente nos dificultam a aproximação e troca com pessoas que acabamos de conhecer.

Conviver é, por definição, não estar só; ou seja, é viver juntes.

Já há alguns anos almejamos transformar, gradativamente, a editora em um espaço de convivência e produção em que as pessoas possam chegar para aprender, conversar, tomar um café, tocar os próprios projetos e compartilhar ideias. Ou talvez não fazer nada por um tempo. Um dos desafios que reconhecemos é incentivar, efetivamente, o hábito de ocupar espaços em que as pessoas podem ter acesso a algo gratuitamente: quero dizer, como uma biblioteca. Em uma biblioteca, não é necessária nenhuma troca financeira mediando o acesso aos livros. O acesso a trocas no espaço da editora é imaginado por nós um pouco como o acesso a uma biblioteca onde é possível encontrar livros, pessoas para conversar, um cafezinho e uma cachorra amorosa. Certamente a analogia pode ser problematizada e a comparação entre o espaço da editora e uma biblioteca vir a se tornar não muito boa, mas é importante reforçar a ideia da convivência ao redor dos livros, das conversas e da convivência.

Assim como a disseminação de ideias libertárias foi alavancada por meio da imprensa, que tornou possível a distribuição facilitada e em maior quantidade de panfletos, periódicos, cartazes e outros materiais impressos entre as pessoas e suas comunidades, os espaços que permitiam que as pessoas se encontrassem para conversar também foram fundamentais para que a convivência impulsionasse o pensamento crítico e autônomo, a auto-organização para a solução de problemas comuns, e o apoio-mútuo. Ou seja, a criação de comunidades politicamente engajadas e organizada por meio das trocas entre as pessoas.

Quanto mais encontros, risadas e boas conversas nós pudermos ter, mais poderemos colaborar. Mais nossas conexões se fortalecerão e mais sentiremos apoio em nossas comunidades, e apoiar iniciativas de nossas amizades tem transformado a convivência em produção coletiva e colaboração em projetos diversos, em que não nos veríamos envolvides não fosse a convivência no espaço da editora. Estamos conseguindo dar passos importantes rumo à construção de comunidades com mais inclusão, respeito às diversidades e fortalecedoras das economias alternativas, como a produção de artistes, artesães, poetes, mecaniques de bicicleta, cozinheires de rango vegan. Também estamos aprendendo muito sobre como garantir a participação das pessoas que trabalham na economia formal, de quem busca trabalho e também daquelus que desistiram de trabalhar.

Apoiar as pessoas que fazem parte das nossas comunidades é praticar o princípio do apoio-mútuo, assim como reconhecer o vigor das ideias e fortalecer a felicidade e a autonomia de todes como seus também. Nosso bando compartilha ideias vinculadas às causas que movimentam as pessoas com quem convivemos. Sonhamos que, com o passar do tempo, a Monstro dos Mares seja um lugar de articulação de comunidades de pessoas dispostas a experimentar outros modos de organizar nossos bondes, bandos e grupos.

Nossos livros são publicações experimentais criadas por pessoas criativas e consideradas amadoras; nossa oficina está em constante reformulação e melhoria; os textos são escritos por pessoas que, muitas vezes, nunca haviam sido publicadas antes; os papéis utilizados são convencionais e podem ser encontrados em qualquer papelaria. Nossos livros são publicações feitas por pessoas para quem os livros são, por um motivo ou outro, importantes. Elas estão interessadas em conteúdos originais, de natureza crítica, e que buscam modos de ultrapassar limites impostos pela forma, pela linguagem ou pela imagem – conscientes de que tais limites são, inegavelmente, tensões políticas contra as quais estamos lutando enquanto convivemos. Cada um de nossos livros e zines é o resultado do convívio, das convergências e das divergências de nossas comunidades. Os livros são, de toda forma, parte produto e parte produtora de nossa convivência.

As palavras, nas centenas de cópias de cada um dos livros e zines produzidos na Monstro dos Mares, espalham sementes de ideias pela defesa das florestas e seus povos, pelos ancestrais e originários, por nós e por quem virá, por um mundo repleto de bicicletas, mato, pirataria e hacking de todos os cistemas.

Conviver é formar comunidades.
Bom 2024.
Boas leituras, junte-se a nós!

Editora Monstro dos Mares

Encerramento PicPay Assinaturas

Olá amizades! Recebemos a informação do encerramento do serviço PicPay assinaturas onde mantivemos apoios durante um tempo. Um ótimo serviço, principalmente pela cobrança de taxas muito honestas. No entanto, a divulgação precária do sistema de assinaturas em conjunto com mudanças na gestão do PicPay levaram a essa descontinuação.

Agradecemos todas as pessoas que apoiaram nossa editora utilizando esse serviço e convidamos para continuar os apoios utilizando o Catarse e Apoia-se no Brasil e Ko-fi para apoios internacionais.

Um abraço.

2023: permanecer proliferando desobediências

Passada uma década em que o nosso Junho aconteceu, vimos que o mundo mudou e a natureza de alguns fenômenos sociais também mudaram desde 2013. Avançamos em conquistas, retrocedemos em direitos e permanecem constantes indignações.

Reconhecemos a mesma força que mobilizou nossos primeiros materiais impressos no vigor que nos move para seguir hoje. Fazemos livros artesanais e zines pois acreditamos na proliferação das desobediências que as palavras escritas, faladas, cantadas, rimadas, impressas ou pichadas nos muros são parte do universo de possibilidades que queremos imaginar e agir. Um horizonte autônomo, libertário, anarquista e cheio de faça-você-mesma!

Aquele Junho está em nós como um livro que permanece no tempo resistindo aos desafios impostos pela lógica da composição (ou da decomposição) de sua materialidade. A Monstro dos Mares não é um livro na prateleira do tempo, mas sim a apropriação do tempo como um existencial, uma ruptura da técnica que promove o anseio de permanecer proliferando desobediências. Fazemos os livros existirem a partir das ações de nosso próprio bando.

Sentimos que somos parte desse tempo enquanto ele existir. Somos parte dos frutos que florescem desde 2013 e vamos permanecer proliferando desobediências.

Junho de 2023, Editora Monstro dos Mares, 10 anos.


Apoie a campanha de 10 anos

Fortaleça o corre autônomo de fazer livros da Monstro dos Mares no Catarse
e receba recompensas únicas por isso.

LIVROS:

“Mapeando vozes não binárias nas redes sociais”, de Ju Spohr: Através de entrevistas com dez pessoas que se autodenominam não binárias nas redes sociais, Ju Spohr delineia um panorama de vivências que se localizam fora dos polos feminino ou masculino, assumindo a descentralização, a fluidez e a contradição ao colocar à prova os modelos normativos de gênero e sexualidade.

“A produção patológica do antagonismo: a institucionalização da violência contra pessoas trans”, de Cello Latini Pfeil e Bruno Latini Pfeil: Para analisar como a invenção da transexualidade enquanto categoria diagnóstica repercutiu em sistemas de controle, tutela e opressão contra pessoas trans, Cello e Bruno Latini Pfeil utilizam uma lente analítica anarquista e decolonial, recorrendo à lógica de que dinâmicas de opressão e infantilização, culpabilização e segregação constituem violências institucionais recorrentes que atravessam corpos trans.

“Construindo cidadania: a história de luta de travestis e transexuais no Brasil”, de Cristiane Prudenciano: Estabelecendo diálogos entre a luta de travestis e transexuais pela garantia de direitos e construções históricas e sociais que, sistematicamente, apagam o protagonismo das pessoas trans nessas lutas, Cristiane Prudenciano delimita um referencial histórico entre os anos de 1990 a 2016, resgatando as conquistas de pessoas que, vivendo em situações de violação, invisibilidade, opressão e violência, intencionam uma nova realidade para suas vidas e para a sociedade.


RECOMPENSAS:

Pôster comemorativo por Felipe Risada: convidamos o Estúdio Suco Gráfico e o artista Felipe Risada (@felipe_risada) para a criação da nova marca e identidade visual da Monstro dos Mares em celebração desses 10 anos. RiR criou a arte de um pôster exclusivo, impresso em risografia, para marcar essa data. Somente 330 exemplares. Formato ledger (27,5 x 39,5 cm), em papel colorplus 120 g, cores variadas e enviadas aleatoriamente. Duas dobras.

Impressorinha 3D: nosso amigo Paulo Capra (@paulo_capra) fez a modelagem e impressão 3D da querida Impressorinha, em cores variadas (5,5 x 5,5 x 3 cm, nas cores branco, rosa, amarelo e cinza Nintendo) enviadas aleatoriamente. Somente 30 unidades.

Sacola: sacola retornável em lona encerada (29 x 29 cm) confeccionada com material reutilizado de malotes pela Associação das Feirantes da Economia Solidária de Ponta Grossa – AFESOL (@afesol_).

Bandeirola: confeccionada em algodão cru e serigrafia (40 x 50 cm). Produzidas por voluntáries no espaço da Monstro dos Mares.

Porta caneca: suporte para canecas (8,5 x 8,5 cm) em papel reciclado 300 g, com arte exclusiva comemorativa dos 10 anos da Monstro.

Adesivo: com a nova marca da editora (5 x 5 cm), autocolante com proteção UV.

5 Zines A5: escolhidos aleatoriamente de nosso catálogo (dimensões 20 x 14 cm, aproximadamente 24 páginas).

Coleção Entender: 5 Zines A6 que compõem a coleção, abordando os temas Gênero, Poder, Colonialismo, Anarquismo e Supremacia Branca (dimensões 10 x 14 cm, aproximadamente 16 páginas cada).

Minicurso “Crítica ao trabalho: queer, desistente e bipolar”: encontro on-line com 4h de duração ministrado por Claudia Mayer, doutora em Estudos Literários e Culturais pela PPGI/UFSC. O curso visa fomentar a crítica ao trabalho como instituição, abordando a compreensão de que a necessidade de trabalhar é uma alavanca social que mobiliza corpes dissidentes a suspender-se a fim de tornar possível a manutenção da vida.

Valeu por fortalecer o nosso corre. Defenda sua quebrada!

[Porto Alegre] Espaço: Café e Anarquia (18/03)

O Esp(a)ço convida a todys para o primeiro Café e Anarquia, um momento informal para receber pessoas que querem saber mais sobre anarquia, além de encontro e fortalecimento de laços e tomar um café, comer um bolo vegano. Quem sabe assistir algum vídeo curto? Presentear e trocar zines e outras recomendações de leitura?

Bora? Chega junto no Esp(a)ço no sábado, dia 18 de março, das 16h30 às 20h30.

A gente fica na Rua Castro Alves, 101, bairro Rio Branco em Porto Alegre.


Via O Espaço.

[Livraria] Sarita Livros, Ponta Grossa – PR

Talvez você tenha percebido alguma movimentação nesse começo de 2023 nas redes sociais da Monstro dos Mares. Estamos compartilhando o espaço físico com algumas iniciativas editoriais e criativas na cidade de Ponta Grossa e agora é possível comprar no site da Monstro dos Mares e retirar na lojinha da Sarita Livros.

Sim, algumas pessoas da Monstro dos Mares fazem parte da Sarita Livros, mas na pedida do possível, serão iniciativas absolutamente distintas em seus objetivos e atividades, tal como nas questões formais e burocráticas envolvidas em cada uma dessas atividades.

No segundo sábado de cada mês estaremos presentes na feirinha da Sarita Livros e você pode retirar suas encomendas, trocar ideias com outras pessoas, conhecer o espaço e compartilhar práticas com a comunidade que está se formando em torno desse espaço na cidade.

Para quem está em Ponta Grossa e Região dos Campos Gerais, ou ainda, quem pretende nos visitar pessoalmente pode realizar encomendas no site da Monstro dos Mares com antecedência e combinar a entrega durante o encontro.

Sarita Livros, Ponta Grossa, PR.

A Sarita Livros é um ponto de encontro para tornar as publicações possíveis, no sentido mais amplo de compreensão do livro em seus diversos formatos, suportes e métodos de criação. O espaço compartilhado com editoras artesanais, independentes, cartoneras e artistas gráficos faz mais do que impressos. Uma célula criativa para expressar saberes, aspirações, abstrações, sentidos e consciências através de zines, livros artesanais, livros independentes em formato físico ou digital, pôster, cartazes, cartões postais e outras possibilidades.

No andar superior de um sobrado de esquina próximo ao centro da cidade de Ponta Grossa, no Paraná, fica o espaço compartilhado da Sarita Livros, numa área construída de 132m². Temos espaço para uma loja com expositores de livros para atendimento com hora marcada, área de impressão com duas impressoras Epson Workforce Pro e um duplicador digital Ricoh DX-2330. Em outra sala mantemos uma bancada para montagem de livros com equipamentos que atendem diversas técnicas de encadernação e finalização de impressos. Uma peça exclusivamente para gestão de estoque, romaneio e expedição; um ateliê de experiências em costura e atividades artesanais com uma máquina de costura reta e uma ultralock; o espaço ainda conta com um quarto para receber as amizades, cozinha, área de serviço e mais um discreto quintalzinho.

Sarita Livros
Rua Balduíno Taques, 1556, Altos
Órfãs
Ponta Grossa – PR
CEP 84015-255

saritalivros.com.br

Fortaleça a migração da Monstro dos Mares para um novo espaço

De tempos em tempos, cada uma de nós realiza os próprios ciclos migratórios e aceita a mudança em nossos corpos, ideias, espaços e epistemologias. A Editora Monstro dos Mares decidiu realizar um festival de frutificação de publicações da estação e celebrar o novo espaço com uma campanha de financiamento coletivo.

Nosso novo espaço permite que a Editora Monstro dos Mares se torne um ponto de encontro, um lugar onde as amizades podem conviver e construir ideias, projetos, atividades e publicações que possibilitem proliferar as desobediências. Em nosso novo endereço, temos espaço para uma lojinha, acomodamos nossas três impressoras [Espertirina Martins, Marsha P. Johnson e Ricota DX-2330], a bancada para montagem dos livros, estoque, romaneio e expedição, acomodação para hospedagem temporária de pessoas em viagem ou visita, uma pequena cozinha e um quintalzinho para deixar as bicicletas ou promover eventos diminutos.

Estamos migrando da sala da casa da abobrinha e baderna, com cerca de 19m² para um local com mais de 100m², onde esperamos que um novo capítulo da editora seja escrito junto das novidades que estão acontecendo na Monstro dos Mares: marca nova, site novo, espaço de criação, produção e convivência coletiva. Tudo isso, não apenas para nossa editora, mas para compartilhar com monas, minas e manos que somam e fortalecem.

Fortaleça a campanha de financiamento coletivo “Migração de Outono” da Monstro dos Mares!

[Live de lançamento] Nossas histórias contamo nóis memo, Ana Furlan.

Lançamento do livro “Nossas histórias contamo nóis memo: a garantia de direitos universais a adolescentes privados de liberdade através da comunicação e da arte” de Ana Maria Masson Furlan pela editora Monstro dos Mares.

Dia 12 de Outubro, 19h.
Com Ana Furlan e abobrinha.

Um livro sobre educação libertária, comunicação midiática plural, em linhas gerais é um livro sobre direitos fundamentais e, acima de tudo, é um livro que pretende debater tudo isso inserido em um contexto específico: unidades de medida socioeducativa de internação para adolescentes no estado de São Paulo (conhecidas também como Fundação C.A.S.A.). Sem pretensas imparcialidades, este livro se planta em uma perspectiva abolicionista carcerária, considerando qualquer instituição que promova a privação de liberdade uma ferramenta de controle social cujo fim, longe de ser a segurança pública, é a contenção da população negra e periférica.


Prefácio

O resgate histórico que a obra faz contextualiza como o Estado brasileiro lida com sua juventude em conflito com a lei. Evidencia quem são os internos nas instituições de “recuperação”: negros e periféricos, à margem de políticas sociais e relegados a própria sorte, aos quais o próprio Estado se apresenta para privar sua liberdade e disciplinar seus corpos e mentes. Uma relação entre Estado e as juventudes deixadas à margem que permanece a mesma ao longo da história.

As lutas que resultaram na nova república de 88 trouxeram avanços importantes no reconhecimento de direitos, com conquistas sociais como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Entretanto, existe um abismo entre o reconhecimento formal e a aplicação na prática cotidiana destes direitos pelas instituições, ou mesmo a sua aceitação pela sociedade. Vivemos em uma dita democracia que funciona na base do “diga-me onde moras que eu te direi quais direitos tem”.

Neste aspecto, o papel da imprensa hegemônica capitalista cumpre um papel essencial para moldar o pensamento da população, realçando os crimes contra a vida cometidos por adolescentes em conflito com a lei. Esta narrativa martelada a décadas é contraposta com a ajuda da estatística, que mostra que a maioria dos crimes são cometidos contra a propriedade ou estão relacionados com a guerra às drogas. O problema é que este discurso já faz parte do senso comum em todas as esferas sociais, e atualmente serve para fortalecer a onda autoritária e fascista que ameaça com retrocessos até mesmo o arcabouço legal que foi construído com a atual constituição. A proposta de redução da maioridade penal é um destes retrocessos que paira há muitos anos sobre o país, e que se concretizado ampliará ainda mais o encarceramento em massa da população negra e periférica.

Neste cenário desalentador a autora e educadora encontra brechas, possíveis dentro do sistema para instigar a autonomia em quem vive do lado de dentro das grades. Em um espaço tão limitado e controlado por uma instituição, a experiência de que os próprios adolescentes possam produzir seus programas, escolhendo as temáticas sem censura e soltando o verbo com sua própria linguagem, é uma centelha de liberdade, ainda mais para pessoas cujos nomes se tornaram siglas perante uma sociedade que os olha com desdém.

Para quem viveu o movimento das rádios livres na primeira década dos anos 2000, o livro retoma a importância do rádio como uma ferramenta de comunicação, em uma época onde impera uma internet dominada por grandes corporações. Mas não só, também resgata o “fazer o rádio” como organização política de nossa autonomia, que através da construção coletiva suscita o debate, a criatividade e o afeto e nos coloca como sujeitos fazendo a nossa própria história, com toda a potência, prazer e responsabilidade que esse tipo de atividade reverbera em nossos corações.

Por um programador da Rádio Tarrafa,
antiga 104.7 FM livre (Desterro – SC).

Financiamento coletivo: Aniversário 9 anos Editora Monstro dos Mares

Em Junho a Monstro dos Mares celebra 9 anos e queremos que você faça parte da história do nosso bando colocando seu nome na lista de pessoas que contribuíram e fortaleceram a editora nesse período de dificuldades, num vai e vem de pandemias e incertezas.

Por menos que o valor de um jogo de PlayStation na promoção, a caixa que marca o aniversário de 9 anos da Editora Monstro dos Mares tem 24 cm x 16 cm x 10 cm e pesa entre 850g e 960g de materiais impressos que nos trouxeram até aqui desde aquela noite fria de inverno, quando amizades se encontraram numa garagem para traduzir os textos que estavam compondo suas leituras sobre segurança e autodefesa naquele tempo. Ao escolher essa recompensa, você receberá essa caixinha recheada de quitutes, escolhidos dentre os mais de 270 itens disponíveis no catálogo da loja entre zines, livros, pôsteres e adesivos. Queremos que a caixa chegue em suas mãos com a alegria de quando recebemos um presente que chega de surpresa pelas mãos da carteira e do carteiro. Todos os itens serão aleatórios, mas seguindo um critério de composição entre livros, zines, adesivos, pôsteres e extras.

Ao escolher a Caixa Tinta no Papel como recompensa, você ajudará a Editora Monstro dos Mares a continuar fazendo livros que carregam em suas palavras muito mais do que “um amontoado de um monte de coisa escrita”. São ideias de pessoas que lutam diariamente para que as transformações que a gente mais precisa possam acontecer sem depender dos canalhas. Mais tinta no papel, nossa cultura de mão em mão!

Itens da caixa:

  • 15 zines A5;
  • 10 zines A6;
  • 2 livros de lombada canoa (até 96 páginas);
  • 1 livro de lombada quadrada (acima de 100 páginas);
  • adesivos, pôsteres, surpresas extra.

Para apoiar acesse: catarse.me/monstro9anos

[Evento] Monstro dos Mares no 7º Encontro Paranaense de Bibliotecários

Bibliotecárias e bibliotecários compartilham uma história com ativistas pelos direitos humanos. São profissionais com responsabilidade social e consciência da importância de que seus acervos estabelecem relações significativas com o conhecimento de pessoas de todas as idades. No Brasil e em toda parte, a colaboração entre bibliotecárias e bibliotecários e suas comunidades ainda possui registros escassos. Há pouca documentação sobre a prestação de serviços de referência, letramento digital, orientação a imigrantes, entre outras tantas atividades no contexto de trabalho de uma biblioteca socialmente responsável. Em contrapartida, ao norte do mundo existem diversos coletivos que são exemplos de vínculos extrainstitucionais nessa relação entre a biblioteca, seu espaço constituído, a comunidade, coletivos, estudantes e bibliotecárias/os. Pode-se citar alguns como Radical Reference (RR), Progressive Librarians Guild, American Library Association (ALA), Occupy Library, entre outros.

Os saberes, fazeres, pensamentos e anseios de nossa gente estão expressos em diversos suportes, meios e formatos. Da palavra escrita no muro, nas rimas da quebrada, nos aromas das receitas, cantos, rezas, na galeria, na academia, nos artigos, revistas e publicações diversas. O nosso tempo possui inúmeros registros e as bibliotecas, as bibliotecárias e bibliotecários são aquelas que articulam os encontros entre quem busca por mais conhecimentos e seus registros. São essas monas, minas e manos das bibliotecas que unem uma história em quadrinhos com as lutas antirracistas; que possibilitam o acesso aos recursos tecnológicos para ver e ouvir os pássaros da região dos Campos Gerais do Paraná; são as bibliotecárias e bibliotecários que colocam ao alcance do público uma coleção de jornais operários do início do século passado, quando trabalhadoras e trabalhadores faziam a própria imprensa; são essas pessoas que fazem o resgate, catalogação, difusão e multiplicam boas ideias.

Na Editora Monstro dos Mares temos três pessoas bem próximas que são bibliotecários: Celvio, Paulo Freitas e Fábio Maciel. E nossa compa Giss, que está trilhando o caminho da formação nessa área. Essas pessoas nos apresentam diversas bibliotecas comunitárias, movimentos sociais e coletivos. Também saudamos grupos, movimentos sociais, coletivos e organizações anárquicas e anarquistas que mantém centros de documentação, registros e acervos disponíveis para consulta. Podemos citar o Centro de Cultura Social de São Paulo (CCS), Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri (Nelca), a biblioteca “A conquista do pão”, do Ateneu Libertário A Batalha da Várzea e outras iniciativas lindas e maravilhosas como a Biblioteca Comunitária Girassol, Livro Livre Curió, Centro Cultural Professor Tonhão, Fanzinoteca do IF Macaé, Biblioteca da Kasa Invisível e as diversas bibliotecas de okupas, restaurantes veganos, gelatecas, sebos e até mesmo acervos particulares bem consolidados como da nossa querida amiga e apoiadora Angela Natel. Citamos apenas alguns, uma vez que estamos em contato com tantos espaços maravilhosos que fazem nossas ideias circularem.

Sabemos que bibliotecas são muito mais do que livros, também são cartoneiras, jogos, música, fanzines… Por isso ficamos radiantes com a oportunidade de participar do 7ª Encontro Paranaense de Bibliotecários, que acontecerá aqui na cidade Ponta Grossa, onde estamos nesse período. O evento será entre os dias 25 e 27 de Maio de 2022 e contará com presenças de profissionais do segmento. Nesta edição, o encontro terá o tema “Bibliotecário e Mudança Social”. Estaremos todas as noites do evento na entrada do Grande Auditório do Bloco A da UEPG.

PROGRAMAÇÃO

25/05/2022

  • 14h – Reunião Técnica Diretores de Bibliotecas – Reunião técnica apenas para diretoras(es) de biblioteca(s). Tema: “Juntos somos mais fortes, unidos somos melhores”. Coordenação: Bibliotecária Neide M. J. Zaninelli, diretora do Sistema de Bibliotecas da UEL. Local: Biblioteca Publica Municipal Prof. Bruno Enei.
  • 18h-19h – Entrega do material do encontro
  • 19h-19h15 – Composição da mesa de autoridades
  • 19h15 – 19h30 – Momento Cultural – Apresentação da Banda Escola Lyra dos Campos
  • 19h30 – 21h30 – Palestra de Abertura – Palestrante: Ignácio de Loyola Lopes Brandão. Tema: Se as bibliotecas soubessem do que elas são capazes. Local: Grande auditório Bloco A – Campus Central – Universidade Estadual de Ponta Grossa – Ponta Grossa (Praça Santos Andrade, 01 – Centro, Ponta Grossa – PR, 84010-330)

26/05/2022

  • 8h30 – Momento cultural
  • 8h45 – 11h30 – Palestrante: Waldomiro de Castro Santos Vergueiro. Tema: Responsabilidade social do Bibliotecário. Local: Grande auditório Bloco A – Campus Central UEPG.
  • ​13h30 – Momento cultural
  • 13h35 – 16h – Palestrante: Nelson Oliveira da Silva. Tema: Empreendedorismo e superação em tempos de crise. Local: Grande auditório Bloco A – Campus Central UEPG.
  • 19h15 –19h30 – Momento cultural
  • 19h30 – 21h30 – Palestrante: Oswaldo Francisco de Almeida Júnior. Tema: Informação, mediação e sociedade. Local: Grande auditório Bloco A – Campus Central UEPG.

27/05/2022

  • Passeio turístico Buraco do Padre: horário de saída será combinado no evento
  • Local almoço e jantar para dia 27/05 serão informados posteriormente.
  • 19h – 19h15 – Momento cultural
  • 19h15 – 21h30 – Palestra de Encerramento com jantar Palestrante: Cristian José Oliveira Santos Brayner. Tema: As bibliotecas como espaços de defesa dos direitos humanos

Informações e inscrições no site do 7º Encontro Paranaense de Bibliotecários: https://www.encontroprbibliotecarios.com.br

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