Financiamento coletivo: Aniversário 9 anos Editora Monstro dos Mares

Em Junho a Monstro dos Mares celebra 9 anos e queremos que você faça parte da história do nosso bando colocando seu nome na lista de pessoas que contribuíram e fortaleceram a editora nesse período de dificuldades, num vai e vem de pandemias e incertezas.

Por menos que o valor de um jogo de PlayStation na promoção, a caixa que marca o aniversário de 9 anos da Editora Monstro dos Mares tem 24 cm x 16 cm x 10 cm e pesa entre 850g e 960g de materiais impressos que nos trouxeram até aqui desde aquela noite fria de inverno, quando amizades se encontraram numa garagem para traduzir os textos que estavam compondo suas leituras sobre segurança e autodefesa naquele tempo. Ao escolher essa recompensa, você receberá essa caixinha recheada de quitutes, escolhidos dentre os mais de 270 itens disponíveis no catálogo da loja entre zines, livros, pôsteres e adesivos. Queremos que a caixa chegue em suas mãos com a alegria de quando recebemos um presente que chega de surpresa pelas mãos da carteira e do carteiro. Todos os itens serão aleatórios, mas seguindo um critério de composição entre livros, zines, adesivos, pôsteres e extras.

Ao escolher a Caixa Tinta no Papel como recompensa, você ajudará a Editora Monstro dos Mares a continuar fazendo livros que carregam em suas palavras muito mais do que “um amontoado de um monte de coisa escrita”. São ideias de pessoas que lutam diariamente para que as transformações que a gente mais precisa possam acontecer sem depender dos canalhas. Mais tinta no papel, nossa cultura de mão em mão!

Itens da caixa:

  • 15 zines A5;
  • 10 zines A6;
  • 2 livros de lombada canoa (até 96 páginas);
  • 1 livro de lombada quadrada (acima de 100 páginas);
  • adesivos, pôsteres, surpresas extra.

Para apoiar acesse: catarse.me/monstro9anos

[Evento] Monstro dos Mares no 7º Encontro Paranaense de Bibliotecários

Bibliotecárias e bibliotecários compartilham uma história com ativistas pelos direitos humanos. São profissionais com responsabilidade social e consciência da importância de que seus acervos estabelecem relações significativas com o conhecimento de pessoas de todas as idades. No Brasil e em toda parte, a colaboração entre bibliotecárias e bibliotecários e suas comunidades ainda possui registros escassos. Há pouca documentação sobre a prestação de serviços de referência, letramento digital, orientação a imigrantes, entre outras tantas atividades no contexto de trabalho de uma biblioteca socialmente responsável. Em contrapartida, ao norte do mundo existem diversos coletivos que são exemplos de vínculos extrainstitucionais nessa relação entre a biblioteca, seu espaço constituído, a comunidade, coletivos, estudantes e bibliotecárias/os. Pode-se citar alguns como Radical Reference (RR), Progressive Librarians Guild, American Library Association (ALA), Occupy Library, entre outros.

Os saberes, fazeres, pensamentos e anseios de nossa gente estão expressos em diversos suportes, meios e formatos. Da palavra escrita no muro, nas rimas da quebrada, nos aromas das receitas, cantos, rezas, na galeria, na academia, nos artigos, revistas e publicações diversas. O nosso tempo possui inúmeros registros e as bibliotecas, as bibliotecárias e bibliotecários são aquelas que articulam os encontros entre quem busca por mais conhecimentos e seus registros. São essas monas, minas e manos das bibliotecas que unem uma história em quadrinhos com as lutas antirracistas; que possibilitam o acesso aos recursos tecnológicos para ver e ouvir os pássaros da região dos Campos Gerais do Paraná; são as bibliotecárias e bibliotecários que colocam ao alcance do público uma coleção de jornais operários do início do século passado, quando trabalhadoras e trabalhadores faziam a própria imprensa; são essas pessoas que fazem o resgate, catalogação, difusão e multiplicam boas ideias.

Na Editora Monstro dos Mares temos três pessoas bem próximas que são bibliotecários: Celvio, Paulo Freitas e Fábio Maciel. E nossa compa Giss, que está trilhando o caminho da formação nessa área. Essas pessoas nos apresentam diversas bibliotecas comunitárias, movimentos sociais e coletivos. Também saudamos grupos, movimentos sociais, coletivos e organizações anárquicas e anarquistas que mantém centros de documentação, registros e acervos disponíveis para consulta. Podemos citar o Centro de Cultura Social de São Paulo (CCS), Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri (Nelca), a biblioteca “A conquista do pão”, do Ateneu Libertário A Batalha da Várzea e outras iniciativas lindas e maravilhosas como a Biblioteca Comunitária Girassol, Livro Livre Curió, Centro Cultural Professor Tonhão, Fanzinoteca do IF Macaé, Biblioteca da Kasa Invisível e as diversas bibliotecas de okupas, restaurantes veganos, gelatecas, sebos e até mesmo acervos particulares bem consolidados como da nossa querida amiga e apoiadora Angela Natel. Citamos apenas alguns, uma vez que estamos em contato com tantos espaços maravilhosos que fazem nossas ideias circularem.

Sabemos que bibliotecas são muito mais do que livros, também são cartoneiras, jogos, música, fanzines… Por isso ficamos radiantes com a oportunidade de participar do 7ª Encontro Paranaense de Bibliotecários, que acontecerá aqui na cidade Ponta Grossa, onde estamos nesse período. O evento será entre os dias 25 e 27 de Maio de 2022 e contará com presenças de profissionais do segmento. Nesta edição, o encontro terá o tema “Bibliotecário e Mudança Social”. Estaremos todas as noites do evento na entrada do Grande Auditório do Bloco A da UEPG.

PROGRAMAÇÃO

25/05/2022

  • 14h – Reunião Técnica Diretores de Bibliotecas – Reunião técnica apenas para diretoras(es) de biblioteca(s). Tema: “Juntos somos mais fortes, unidos somos melhores”. Coordenação: Bibliotecária Neide M. J. Zaninelli, diretora do Sistema de Bibliotecas da UEL. Local: Biblioteca Publica Municipal Prof. Bruno Enei.
  • 18h-19h – Entrega do material do encontro
  • 19h-19h15 – Composição da mesa de autoridades
  • 19h15 – 19h30 – Momento Cultural – Apresentação da Banda Escola Lyra dos Campos
  • 19h30 – 21h30 – Palestra de Abertura – Palestrante: Ignácio de Loyola Lopes Brandão. Tema: Se as bibliotecas soubessem do que elas são capazes. Local: Grande auditório Bloco A – Campus Central – Universidade Estadual de Ponta Grossa – Ponta Grossa (Praça Santos Andrade, 01 – Centro, Ponta Grossa – PR, 84010-330)

26/05/2022

  • 8h30 – Momento cultural
  • 8h45 – 11h30 – Palestrante: Waldomiro de Castro Santos Vergueiro. Tema: Responsabilidade social do Bibliotecário. Local: Grande auditório Bloco A – Campus Central UEPG.
  • ​13h30 – Momento cultural
  • 13h35 – 16h – Palestrante: Nelson Oliveira da Silva. Tema: Empreendedorismo e superação em tempos de crise. Local: Grande auditório Bloco A – Campus Central UEPG.
  • 19h15 –19h30 – Momento cultural
  • 19h30 – 21h30 – Palestrante: Oswaldo Francisco de Almeida Júnior. Tema: Informação, mediação e sociedade. Local: Grande auditório Bloco A – Campus Central UEPG.

27/05/2022

  • Passeio turístico Buraco do Padre: horário de saída será combinado no evento
  • Local almoço e jantar para dia 27/05 serão informados posteriormente.
  • 19h – 19h15 – Momento cultural
  • 19h15 – 21h30 – Palestra de Encerramento com jantar Palestrante: Cristian José Oliveira Santos Brayner. Tema: As bibliotecas como espaços de defesa dos direitos humanos

Informações e inscrições no site do 7º Encontro Paranaense de Bibliotecários: https://www.encontroprbibliotecarios.com.br

[Live] Existir é cuidar (Angela Natel)

Sempre que possível, a Monstro dos Mares publica no primeiro dia do ano uma reflexão sobre os anseios e desejos para aquele ano. Em 2022 escolhemos o tema “Existir é cuidar“, uma vez que a variedade dos encontros que tivemos nesses anos de editora nos ajudou a constituir relações de cuidado e amizade, surpresa e confirmação, descoberta e transformação. Através de nosso compromisso diário com o fazer livros, nos deparamos com o cuidado, que nos proporciona a existência e ir além do apenas existir.

Nossa querida amiga e apoiadora Angela Natel decidiu realizar uma Live em seu canal no Youtube para entrevistar a editora-geral da Monstro dos Mares, a Drª abobrinha e o editor Baderna James. Ambos realizam as diversas etapas da produção dos livros da editora e sua divulgação. O evento será no dia 23 de Maio de 2022 às 19h. Prepare suas perguntas e aproveite para refletir sobre esse tema fundamental para nossos dias: Existir é cuidar!

Ernesto Kramer: homenagem ao amigo e editor

Sempre fomos um bando de gatos-pingados, poucas pessoas com a paciência necessária para seguir fazendo livros durante muitos anos. Nesse conjunto de poucas editoras anarquistas e anárquicas, quase todas as pessoas se conhecem e eventualmente já realizaram projetos em comum, compartilharam mesas em alguma edição da Feira Anarquista de São Paulo ou trombaram nos colóquios, congressos e conferências no tempo em que tudo isso ainda era possível. Quem torna os livros anarquistas possíveis no Brasil conhecia o Ernesto Kramer e todas nós ficamos tristes com a notícia do seu falecimento.

Nós da Editora Monstro dos Mares estivemos juntos com o idealizador da PrintLeaks em algumas poucas oportunidades, mas elas sempre foram intensas, de boas conversas, ideias, trocas, e umas pitadas de mal humor que acompanha qualquer pessoa que dedica sua vida aos livros, leituras e a tarefa da publicação. Nos anos de 2013, 2014, 2015 e 2019 estivemos no Tendal da Lapa, derretendo no final de semana próximo ao feriado do dia 15 de Novembro, a cidade sempre naquele climão de Fórmula Um. Mas estar na feira proporciona esses encontros, conhecer quem são as monas, minas e manos que tocam os projetos, compartilham ideias, fazem os conteúdos circularem. Também é descobrir novas ideias, coletivos, grupos, bandos e bandas, saber o que está acontecendo. E, entre todas as efervescentes ideias, estamos nós, as pessoas que fazem livros, zines, cadernos costurados, camisetas, pôsteres e tantas outras atividades. Geralmente somos sempre as mesmas pessoas, as mesmas editoras, as mesmas caras de sempre que se entregam nessa “coisa” de anarquia/anarquismos faz um tempão.

Ernesto estava em vários lugares, ele já esteve com pessoas em Florianópolis fazendo papel reciclado, num sítio em Caxambu nas Minas Gerais, em São Paulo e em todo lugar. Sua vontade de fazer as coisas acontecerem estava sempre adiantada, articulando ideias pro hoje, semeando e distribuindo edições com um ótimo acabamento, costurados e com papéis ecológicos. Antes da pandemia, ele publicou o livro da netinha que, sorridente, distribuiu autógrafos na X Feira Anarquista de São Paulo. Já durante o pandemônio, dedicou-se em traduzir a obra de Murray Bookchin e publicou-a através de financiamento coletivo, no qual se apresentou de forma muito sincera, como lhe era de costume, para todas as pessoas que desejavam conhecê-lo e conhecer o projeto da PrintLeaks.

Como forma muito singela de homenagem, memória, carinho e conforto a todas as muitas amizades, parentes e pessoas que o conheciam, vamos compartilhar a apresentação que ele escreveu para as pessoas que não o conheciam na oportunidade da campanha de financiamento coletivo e para que possamos sempre guardar a lembrança desse amigo:

Quem sou Eu?

Sou um “véio” [hahaha] com 77 anos e meio neste planeta. Viajei muito, morei em vários países e, como consequência, só posso assumir a condição de apátrida. Passei a metade da vida fora do Brasil. Tenho estudos em Ciências da Comunicação, Psicologia Evolutiva e Ciências Políticas e Econômicas [este último focado em “socialismo libertário”]. Fora do ambiente acadêmico não paro de estudar e aprender sobre assuntos que me interessam ou considere necessários num momento dado.

Fiz tantas coisas na vida que até passaria vergonha se faço um currículo. Desde ocupações mais simples e brutas, até altos cargos em empresas multinacionais. Minha carteira de trabalho está virgem até hoje. Sempre tentei trabalhar por conta e não depender de salário e patrão.

Chutei o balde e me dediquei à produção de artesanato, cerâmica e bijuteria.

Isso, até aparecer na minha frente um computador. Literalmente pirei. Desde então se passaram 23 anos dedicados à produção de livros artesanais.

Sempre, desde criança gostei de ler e isso derivou na vontade de escrever. Não foi até fins dos anos ’80 que comecei a gostar do que e como escrevo. Não me interessam romances nem poesias. O foco são assuntos que possam contribuir, de alguma forma, à evolução da humanidade. Os livros que publico na minha editora PrintLeaks refletem isso.

Cresci aprendendo quatro línguas. Uma do país onde fui criado, outra em casa, e mais duas que eram obrigatórias no sistema educacional desse país. Nas viagens aprendi outras quantas. Esqueci a maioria por falta de prática.

Hoje sou fluente em espanhol, inglês, alemão e português. Se me topar com alguém da Noruega não passo vergonha. Confesso, nunca estudei português.

Quando comecei a receber um salarinho duma pensão [LOAS] do INSS comecei a encarar a ocupação atual como complemento de renda. Só que neste momento esse complemento está zerado.

A Editora PrintLeaks

A minha história de editor de livros começa em fevereiro de 1997, com meu primeiro computador.

Até esse momento usava máquina de escrever e fiquei deslumbrado com o msWord. Editei quatro livros meus e recebi dez encomendas de pessoal que soube o que estava fazendo.

Inventei “Edições Universo Separado” e as encadernações não podiam ser mais primitivas. Nada sabia disso e a incipiente internet não oferecia a quantidade de informações que hoje tem. Fui evoluindo no meu trabalho junto com a internet. Sou autodidacta, como em tantas outras coisas.

Quando apareceu a WikiLeaks mudei o nome para PrintLeaks [vazou, eu imprimo].

Em todos esses anos até hoje meu foco foi publicar livros de outras pessoas por encomenda. Virei especialista no que chamo de “MicroTiragens”, sem colocar um mínimo para a quantidade de livros. A maior parte das edições são entre dez e trinta livros, com poucos chegando a quarenta ou cinquenta. Mas se quiser só um exemplar também faço.

Os livros que publico por conta e iniciativa pessoal são relacionados com o ‘nicho’ libertário. São temas sobre anarquismo, humanismo, anarco-humanismo, questões ambientais e de gênero, raça, feminismo, mais alguns fora desses temas, só porque acho bacanas,

Para vender minha produção participo de algumas feiras de livros, obviamente relacionadas com a temática escolhida. Destaco a Feira Anarquista que já aconteceu dez vezes no Tendal da Lapa, São Paulo. Sou assíduo desde a terceira, quando apresentei 16 títulos, e na última coloquei 44 títulos na banca.

Também botei banca na Avenida Paulista durante três anos, até mudar a Caxambu. Naquele tempo de sampa também fazia cadernos de anotações, meus “Notebooks Analógicos”.

Trabalho sozinho e me chamo de “Coletivo D1”. Minha oficina é um quarto onde tenho uma editora, uma gráfica e uma oficina de encadernação. O trabalho não é simples, não é só editar, imprimir e encadernar. A maioria dos livros que publico acho em PDF e com frequência em outras línguas. Tem que ser convertidas em arquivos editáveis e também faço as traduções, muitas desde o espanhol, mas também do inglês.

Digo que faço dois tipos de artesanato: o tradicional analógico e o eletrônico.

Desde que apareceu o papel reciclado dou preferência. Só por encomenda uso outros tipos de papéis. Os livros são vincados, as folhas furadas, os miolos costurados e colados, a montagem final, tudo feito a mão.

Dei vários cursos e oficinas sobre encadernação artesanal e produção de livros artesanais.

Em matéria separada vou mostrar o local onde trabalho e como faço os livros.

A Tradução de “A Ecologia da Liberdade”

Descobri Murray Bookchin faz uns 5 anos atrás, justamente a través de seu livro “The Ecology of Freedom” que leva o sugestivo subtítulo “O Surgimento e a Dissolução da Hierarquia”.

Este livro me impactou, pois desenvolve o tema “Ecologia e Sociedade”, no qual sigo interessado. Até poderíamos dizer que apresenta a evolução do pensamento ecossocial na história da humanidade, desde tempos pré-bíblicos até a atualidade.

Mas seria errado considerar isso como sua única contribuição ao tema. Nos entrega muito mais do que isso quando se refere à hierarquia, ao patriarcado, ao rol da mulher na história, ao desenvolvimento do capitalismo e muito mais. Sempre com uma visão libertária dos assuntos tratados.

Sua erudição, claramente fruto de profundos estudos, complicou esta tradução. Chega a usar palavras e expressões que não são achadas em nenhum dicionário, ou tão desconhecidas que exigem pesquisa mais profunda. Sem a internet teria tido muitos problemas para realizar esta tradução.

Desde aquele tempo quando li por primeira vez pensei que esse livro teria que ser traduzido. Mas nesses anos todos estava muito envolvido num Campeonato Nacional de Procrastinação.

Finalmente um inimigo macabro veio na minha ajuda. Devido ao Covid-19 estou isolado onde moro. É uma mini-chacrinha na roça, perto de Caxambu, no sul de Minas Gerais, circuito das águas. Nada a fazer mais que cuidar dumas poucas galinhas que destruíram o começo duma horta.

Aproveitei a oportunidade e fiz a tradução do inglês para o português.br. Foi um trabalho empolgante devido ao texto que estava relendo. Dediquei mais de doze horas diárias a este trabalho. Também fiz uma pré-edição que revela um livro de 500 páginas, com fonte tamanho 11. Neste momento o amigo Zé Henrique está revisando o texto, sem tanta pressa, já que não preciso disso até finalizar esta campanha.


Ernesto Kramer

2022: existir é cuidar

Acreditamos que a atividade de fazer livros está ligada à reflexão sobre o tempo em que vivemos. Por isso, a cada início de ano escolhemos um tema para nos acompanhar no dia a dia. Este texto expõe nossas reflexões e visões mundo para inspirar as atividades de 2022.

No grande abismo em que vivemos, buscamos incessantemente formas de manter algum equilíbrio, alguma base de apoio que nos possibilite a continuidade da existência. Apenas existir, mais frequentemente do que gostaríamos, mostra-se como nosso primeiro desafio. Precisamos cuidar de nós e de nossas comunidades para que nossa existência continue possível.

No percurso desses noves anos de editora, aprendemos que existem diversos modos de se compreender o que está no mundo. Cada pessoa carrega consigo conhecimentos, práticas criativas, anseios, éticas e visões de mundo. É interagindo e compartilhando ideias e momentos que florescemos possibilidades múltiplas de existência: cada encontro é uma janela aberta a todas as possibilidades. Nesses encontros, nos deparamos com relações que gostamos de manter e que apoiam nossa permanência neste tempo. A variedade dos encontros que tivemos nesses anos de editora nos ajudou a constituir relações de cuidado e amizade, surpresa e confirmação, descoberta e transformação. Através de nosso compromisso diário com o fazer livros, nos deparamos com o cuidado que nos proporciona a existência e ir além do apenas existir.

Foram muitos encontros com pessoas que nunca havíamos visto, com amizades que moram longe, momentos com a natureza, novos filmes, construção de projetos comunitários, nas páginas de um livro, muitas conversas, ações e atividades cotidianas. Refletindo sobre como tudo isso nos afeta, passamos a compreender as possibilidades frutíferas desses encontros como cuidado.

Nossos corpos, existências e ideias estão sob a ameaça constante dos efeitos nefastos do capitalismo, da acumulação do poder, da supressão das subjetividades e do fetiche pelo domínio da técnica. Os fenômenos sociais e históricos estão, em diferentes escalas, sob a influência dessas ameaças. Testemunhamos o massacre de comunidades indígenas e da juventude negra, a precarização sistêmica de nossa gente trabalhadora, opressões em torno de identidades de gênero, sexualidade, etnia e/ou religiosidade, a destruição do meio ambiente, entre outras tantas consequências da necropolítica. É nesse contexto que o cuidado se torna uma de nossas ferramentas de resistência, pois é no cuidar que estabelecemos relações com o mundo. Por isso, muito mais que contingência, contingência, o cuidado é uma necessidade que constitui a vida e a forma como cuidamos define aquilo que somos.

Existem muitos modos de promover o cuidado. Não precisamos de grandes planos ou de promessas para o futuro. Precisamos viver melhor hoje: mesmo que o mundo fosse acabar amanhã, eu ainda plantaria uma árvore hoje.

Acreditamos que parte do mundo está constituído daquilo que podemos fazer com nossos saberes e criatividade. O cuidar pode ser uma horta comunitária, uma biblioteca, grupos de escuta ativa, dança, brigadas autônomas de combate a incêndios na floresta, ateliês de costura, afeto, água limpa, cooperativa de tradutoras, pesquisa, compostagem, culinária vegana, agroflorestas orgânicas, serigrafia, ginecologia natural, hackerspaces, tranças, alfabetização de pessoas adultas, bioconstrução, desinfecção comunitária, cooperativas de atividades para geração de renda, entre outras tantas. Na Monstro dos Mares, parte do cuidado que temos para existir no mundo é fazer livros artesanais. E sabemos que não somos apenas isso, somos todos os encontros e as possibilidades ao mesmo tempo; existir é cuidar.

Em 2022, fortaleça o cuidado!
Monas, Minas e Manos.
Editora Monstro dos Mares

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Monstro dos Mares: 10 Livros e 10 zines publicados em 2021

A Monstro dos Mares bota muito material na pista, ainda que seja apenas uma editora artesanal formada por pouquíssimas pessoas que tomam para si a tarefa de fazer livros. Estamos cansadas de negacionismo, de pandemônio, de fila do osso e de populismo pré-eleitoral. 2021 termina com a certeza de que os problemas permanecerão e que o próximo ano que se avizinha promete ser ainda pior para quem já se cansou de conversa fiada. Mesmo diante desse cenário de passos pesados, nós seguimos com nosso bonde. Foram publicados 10 livros e 10 fanzines de textos anarquistas ou inspirados pelas ideias anárquicas. Entendemos que, para um pequeno grupo de pessoas, que se encontram on-line e realizam as atividades diretamente das profundezas do interior paranaense, e com todas as nossas limitações, fazer livros fortalece nossa visão de como é possível (entre muitos aspectos) agir no mundo.

Felizmente, podemos contar com uma rede de apoio de muitas pessoas, fica nosso abraço por toda a confiança e incentivo, valeuzão! Mais do que palavras e recursos que permitem a continuidade da editora, também recebemos uma parte do tempo de nossas amizades que realizam as atividades conosco. Essas pessoas maravilhosas dividem algumas frações do mês para colaborar na revisão de um livro, desenhar a capa de um zine, ou mesmo ler um texto em grupo, trocar ideias, conversar sobre bolo ou torta em nosso grupo do Element/Matrix. E também recebemos com muita animação os comentários nas redes sociais, os compartilhamentos, RTs, fotos e stories. Isso nos faz permanecer e prosseguir.

Valeu 2021, trombamos no ano que vem.

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Começa hoje a 10ª Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre

Entre os dias 26 e 28 de Novembro acontece a 10ª edição da Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre. Em 2021, o evento manterá seu formato das edições anteriores e acontecerá buscando descentralizar as atividades. Hoje, sexta-feira, 19h, a abertura será no Viaduto Brooklyn (Av. João Pessoa). No Sábado de manhã, tarde e pedacinho da noite, na Sede da Escola de Samba Acadêmicos da Orgia (Av. Ipiranga 2741) e no Domingo, das 10h às 19:30, na simpática Praça do Aeromóvel (Usina do Gasômetro).

Serão muitas atividades e você confere toda a programação no site da FlaPoA.


A Monstro dos Mares já participou em edições anteriores da Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre, compartilhando espaço com a AntiEditora na 4ª edição. Na 5ª edição estivemos com poucos títulos e na 6ª compartilhamos espaço com compas da Editora Deriva. São ótimas lembranças das atividades e bons momentos com as pessoas e toda companheirada que vive e circula pela capital gaúcha. Confira algumas fotos:

Podcast: Manifestos Cypherpunks no Muvuca Hack Festival

Neste episódio do podcast, o organizador da coleção Tecnopolítica, Leo Foletto (jornalista, pesquisador e editor do BaixaCultura) e Baderna James (editor e livreiro na Monstro dos Mares) participaram neste dia 20 de Novembro do terceiro dia de encontros do Muvuca Hack Festival, um evento on-line sobre tecnologia, cultura hacker e conhecimento livre organizado pelo Hackerspace MateHackers, sediado em Porto Alegre.

A conversa rolou num clima de descontração, e foram apresentadas as publicações que deram início à difusão impressa dos textos do BaixaCultura: o primeiro título da coleção sobre tecnopolítica “A ideologia Californiana“, publicada pela editora Monstro dos Mares, e também sobre o livro “A cultura é livre“, que Leo Foletto escreveu e publicou pela Autonomia Literária (com prefácio de Gilberto Gil). Logo mais, o papo introduziu os principais conceitos do livro “Manifestos Cypherpunks“, como surgiram os textos, como foram compilados nessa edição e a trajetória da campanha de financiamento coletivo que viabilizou a impressão e distribuição de 567 exemplares do livro.

Decidimos apresentar a conversa em formato de áudio para as pessoas que preferem apenas ouvir enquanto fazem outras coisas. Acreditamos que o podcast é um ótimo formato para difusão e compartilhamento de ideias através de boas conversas. A editora não tem nenhuma preocupação com a periodicidade ou temática do seu podcast e novos conteúdos surgem na medida do possível. Você pode acompanhar pelo seu agregador favorito através de nossa página no Anchor.fm ou baixar os episódios em MP3 aqui no blog.

O Muvuca Hack Festival tem uma ampla programação com diversas atividades sobre tecnologia, cultura hacker e conhecimento livre. O evento apresenta uma variedade de temas como educação, cultura de software livre, dados abertos, robótica, desenvolvimento, anonimato/criptografia e lançamento de livro. Um dos destaques é que nessa edição 50% das atividades serão ministradas por mulheres. As inscrições são gratuitas, todas as atividades são online e você confere toda a programação no site do Muvuca Hack Festival: muvuca.matehackers.org

Ouvir o podcast


Assistir ao lançamento


Começa hoje a XI Feira Anarquista de São Paulo

No mês de Novembro costumamos fazer uma correria danada para estar presente na Feira de São Paulo. É lá que as pessoas se encontram, compartilham ideias, fortalecem vínculos, descobrem iniciativas, promovem conversas, fazem arte, trocam saberes e mantêm acesa a chama. Antes da pandemia, nosso bonde editorial preparava a viagem para SP desde muito cedo. Um rolê de comprar passagem, encontrar lugar pra ficar, escolher os títulos para levar, rodar centenas de impressões, enviar caixas de livros pela transportadora, viajar e voltar.

Como você já sabe, em 2020 não teve feira pois a pandemia não permitiu. Mas em 2021 a Biblioteca Terra Livre, CCS-SP, e NELCA organizaram uma edição com seis dias de atividades online no YouTube. A programação vai de 8 até 13 de Novembro e você acompanha todas as informações no site da XI Feira Anarquista de São Paulo, que contará com apresentações musicais, atividades culturais, mesas de debates, contação de histórias, aulas de Yoga e rodas de conversa, entre outras atividades.

Os coletivos, grupos, editoras e artistas que costumam expor material no Tendal da Lapa receberão a visita e o carinho das amizades em seus espaços de divulgação on-line. Neste ano de 2021 participam: Biblioteca Terra Livre, CAFI, Centro de Cultura Social, Intermezzo, Entremares, Faísca Publicações, Monstro dos Mares, Eleuterio (Chile), Barricada de Livros (Portugal), Terra sem Amos, Edições Tormenta e No Gods No Masters.

Acesse: feiranarquistasp.wordpress.com

Muvuca: a Monstro dos Mares colando com o hack festival do MateHackers

Entre os dias 06 e 27 de Novembro de 2021 acontece o Muvuca Hack Festival, com diversas atividades sobre tecnologia, cultura hacker e conhecimento livre realizado pelo MateHackers. O evento terá ao todo 12 encontros, sendo três em cada sábado (simples de memorizar: todo sábado tem) e apresentará uma variedade de temas como educação, cultura de software livre, dados abertos, robótica, desenvolvimento, anonimato/criptografia e lançamento de livro. Um dos destaques é que nessa edição 50% das atividades serão ministradas por mulheres, conferindo a elas a merecida visibilidade na área.

Dentre a programação do Muvuca, no primeiro dia do evento (06 de Novembro) a abobrinha (editora-geral) vai apresentar os processos, ferramentas e metodologias utilizadas pela editora para fazer livros e zines com softwares livre e disponibilizados em copyleft. No dia 20 de Novembro, Leo Foletto, vai apresentar o livro “Manifestos Cypherpunks“, organizado por ele e lançado conjuntamente entre o BaixaCultura e a Monstro dos Mares.

As inscrições são gratuitas, todas as atividades são online e você confere toda a programação no site do Muvuca Hack Festival:

muvuca.matehackers.org

Produção editorial utilizando software livre, dia 06 de Novembro às 17h no Muvuca Hack Festival.
Lançamento do livro "Manifestos Cypherpunks" com Leo Foletto, dia 20 de Novembro às 17h no Muvuca Hack Festival.

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Os pedidos realizados entre os dias 19 de dezembro e 5 de janeiro serão processados a partir do dia 6 de janeiro.