[Live de lançamento] Nossas histórias contamo nóis memo, Ana Furlan.

Lançamento do livro “Nossas histórias contamo nóis memo: a garantia de direitos universais a adolescentes privados de liberdade através da comunicação e da arte” de Ana Maria Masson Furlan pela editora Monstro dos Mares.

Dia 12 de Outubro, 19h.
Com Ana Furlan e abobrinha.

Um livro sobre educação libertária, comunicação midiática plural, em linhas gerais é um livro sobre direitos fundamentais e, acima de tudo, é um livro que pretende debater tudo isso inserido em um contexto específico: unidades de medida socioeducativa de internação para adolescentes no estado de São Paulo (conhecidas também como Fundação C.A.S.A.). Sem pretensas imparcialidades, este livro se planta em uma perspectiva abolicionista carcerária, considerando qualquer instituição que promova a privação de liberdade uma ferramenta de controle social cujo fim, longe de ser a segurança pública, é a contenção da população negra e periférica.


Prefácio

O resgate histórico que a obra faz contextualiza como o Estado brasileiro lida com sua juventude em conflito com a lei. Evidencia quem são os internos nas instituições de “recuperação”: negros e periféricos, à margem de políticas sociais e relegados a própria sorte, aos quais o próprio Estado se apresenta para privar sua liberdade e disciplinar seus corpos e mentes. Uma relação entre Estado e as juventudes deixadas à margem que permanece a mesma ao longo da história.

As lutas que resultaram na nova república de 88 trouxeram avanços importantes no reconhecimento de direitos, com conquistas sociais como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Entretanto, existe um abismo entre o reconhecimento formal e a aplicação na prática cotidiana destes direitos pelas instituições, ou mesmo a sua aceitação pela sociedade. Vivemos em uma dita democracia que funciona na base do “diga-me onde moras que eu te direi quais direitos tem”.

Neste aspecto, o papel da imprensa hegemônica capitalista cumpre um papel essencial para moldar o pensamento da população, realçando os crimes contra a vida cometidos por adolescentes em conflito com a lei. Esta narrativa martelada a décadas é contraposta com a ajuda da estatística, que mostra que a maioria dos crimes são cometidos contra a propriedade ou estão relacionados com a guerra às drogas. O problema é que este discurso já faz parte do senso comum em todas as esferas sociais, e atualmente serve para fortalecer a onda autoritária e fascista que ameaça com retrocessos até mesmo o arcabouço legal que foi construído com a atual constituição. A proposta de redução da maioridade penal é um destes retrocessos que paira há muitos anos sobre o país, e que se concretizado ampliará ainda mais o encarceramento em massa da população negra e periférica.

Neste cenário desalentador a autora e educadora encontra brechas, possíveis dentro do sistema para instigar a autonomia em quem vive do lado de dentro das grades. Em um espaço tão limitado e controlado por uma instituição, a experiência de que os próprios adolescentes possam produzir seus programas, escolhendo as temáticas sem censura e soltando o verbo com sua própria linguagem, é uma centelha de liberdade, ainda mais para pessoas cujos nomes se tornaram siglas perante uma sociedade que os olha com desdém.

Para quem viveu o movimento das rádios livres na primeira década dos anos 2000, o livro retoma a importância do rádio como uma ferramenta de comunicação, em uma época onde impera uma internet dominada por grandes corporações. Mas não só, também resgata o “fazer o rádio” como organização política de nossa autonomia, que através da construção coletiva suscita o debate, a criatividade e o afeto e nos coloca como sujeitos fazendo a nossa própria história, com toda a potência, prazer e responsabilidade que esse tipo de atividade reverbera em nossos corações.

Por um programador da Rádio Tarrafa,
antiga 104.7 FM livre (Desterro – SC).

Ernesto Kramer: homenagem ao amigo e editor

Sempre fomos um bando de gatos-pingados, poucas pessoas com a paciência necessária para seguir fazendo livros durante muitos anos. Nesse conjunto de poucas editoras anarquistas e anárquicas, quase todas as pessoas se conhecem e eventualmente já realizaram projetos em comum, compartilharam mesas em alguma edição da Feira Anarquista de São Paulo ou trombaram nos colóquios, congressos e conferências no tempo em que tudo isso ainda era possível. Quem torna os livros anarquistas possíveis no Brasil conhecia o Ernesto Kramer e todas nós ficamos tristes com a notícia do seu falecimento.

Nós da Editora Monstro dos Mares estivemos juntos com o idealizador da PrintLeaks em algumas poucas oportunidades, mas elas sempre foram intensas, de boas conversas, ideias, trocas, e umas pitadas de mal humor que acompanha qualquer pessoa que dedica sua vida aos livros, leituras e a tarefa da publicação. Nos anos de 2013, 2014, 2015 e 2019 estivemos no Tendal da Lapa, derretendo no final de semana próximo ao feriado do dia 15 de Novembro, a cidade sempre naquele climão de Fórmula Um. Mas estar na feira proporciona esses encontros, conhecer quem são as monas, minas e manos que tocam os projetos, compartilham ideias, fazem os conteúdos circularem. Também é descobrir novas ideias, coletivos, grupos, bandos e bandas, saber o que está acontecendo. E, entre todas as efervescentes ideias, estamos nós, as pessoas que fazem livros, zines, cadernos costurados, camisetas, pôsteres e tantas outras atividades. Geralmente somos sempre as mesmas pessoas, as mesmas editoras, as mesmas caras de sempre que se entregam nessa “coisa” de anarquia/anarquismos faz um tempão.

Ernesto estava em vários lugares, ele já esteve com pessoas em Florianópolis fazendo papel reciclado, num sítio em Caxambu nas Minas Gerais, em São Paulo e em todo lugar. Sua vontade de fazer as coisas acontecerem estava sempre adiantada, articulando ideias pro hoje, semeando e distribuindo edições com um ótimo acabamento, costurados e com papéis ecológicos. Antes da pandemia, ele publicou o livro da netinha que, sorridente, distribuiu autógrafos na X Feira Anarquista de São Paulo. Já durante o pandemônio, dedicou-se em traduzir a obra de Murray Bookchin e publicou-a através de financiamento coletivo, no qual se apresentou de forma muito sincera, como lhe era de costume, para todas as pessoas que desejavam conhecê-lo e conhecer o projeto da PrintLeaks.

Como forma muito singela de homenagem, memória, carinho e conforto a todas as muitas amizades, parentes e pessoas que o conheciam, vamos compartilhar a apresentação que ele escreveu para as pessoas que não o conheciam na oportunidade da campanha de financiamento coletivo e para que possamos sempre guardar a lembrança desse amigo:

Quem sou Eu?

Sou um “véio” [hahaha] com 77 anos e meio neste planeta. Viajei muito, morei em vários países e, como consequência, só posso assumir a condição de apátrida. Passei a metade da vida fora do Brasil. Tenho estudos em Ciências da Comunicação, Psicologia Evolutiva e Ciências Políticas e Econômicas [este último focado em “socialismo libertário”]. Fora do ambiente acadêmico não paro de estudar e aprender sobre assuntos que me interessam ou considere necessários num momento dado.

Fiz tantas coisas na vida que até passaria vergonha se faço um currículo. Desde ocupações mais simples e brutas, até altos cargos em empresas multinacionais. Minha carteira de trabalho está virgem até hoje. Sempre tentei trabalhar por conta e não depender de salário e patrão.

Chutei o balde e me dediquei à produção de artesanato, cerâmica e bijuteria.

Isso, até aparecer na minha frente um computador. Literalmente pirei. Desde então se passaram 23 anos dedicados à produção de livros artesanais.

Sempre, desde criança gostei de ler e isso derivou na vontade de escrever. Não foi até fins dos anos ’80 que comecei a gostar do que e como escrevo. Não me interessam romances nem poesias. O foco são assuntos que possam contribuir, de alguma forma, à evolução da humanidade. Os livros que publico na minha editora PrintLeaks refletem isso.

Cresci aprendendo quatro línguas. Uma do país onde fui criado, outra em casa, e mais duas que eram obrigatórias no sistema educacional desse país. Nas viagens aprendi outras quantas. Esqueci a maioria por falta de prática.

Hoje sou fluente em espanhol, inglês, alemão e português. Se me topar com alguém da Noruega não passo vergonha. Confesso, nunca estudei português.

Quando comecei a receber um salarinho duma pensão [LOAS] do INSS comecei a encarar a ocupação atual como complemento de renda. Só que neste momento esse complemento está zerado.

A Editora PrintLeaks

A minha história de editor de livros começa em fevereiro de 1997, com meu primeiro computador.

Até esse momento usava máquina de escrever e fiquei deslumbrado com o msWord. Editei quatro livros meus e recebi dez encomendas de pessoal que soube o que estava fazendo.

Inventei “Edições Universo Separado” e as encadernações não podiam ser mais primitivas. Nada sabia disso e a incipiente internet não oferecia a quantidade de informações que hoje tem. Fui evoluindo no meu trabalho junto com a internet. Sou autodidacta, como em tantas outras coisas.

Quando apareceu a WikiLeaks mudei o nome para PrintLeaks [vazou, eu imprimo].

Em todos esses anos até hoje meu foco foi publicar livros de outras pessoas por encomenda. Virei especialista no que chamo de “MicroTiragens”, sem colocar um mínimo para a quantidade de livros. A maior parte das edições são entre dez e trinta livros, com poucos chegando a quarenta ou cinquenta. Mas se quiser só um exemplar também faço.

Os livros que publico por conta e iniciativa pessoal são relacionados com o ‘nicho’ libertário. São temas sobre anarquismo, humanismo, anarco-humanismo, questões ambientais e de gênero, raça, feminismo, mais alguns fora desses temas, só porque acho bacanas,

Para vender minha produção participo de algumas feiras de livros, obviamente relacionadas com a temática escolhida. Destaco a Feira Anarquista que já aconteceu dez vezes no Tendal da Lapa, São Paulo. Sou assíduo desde a terceira, quando apresentei 16 títulos, e na última coloquei 44 títulos na banca.

Também botei banca na Avenida Paulista durante três anos, até mudar a Caxambu. Naquele tempo de sampa também fazia cadernos de anotações, meus “Notebooks Analógicos”.

Trabalho sozinho e me chamo de “Coletivo D1”. Minha oficina é um quarto onde tenho uma editora, uma gráfica e uma oficina de encadernação. O trabalho não é simples, não é só editar, imprimir e encadernar. A maioria dos livros que publico acho em PDF e com frequência em outras línguas. Tem que ser convertidas em arquivos editáveis e também faço as traduções, muitas desde o espanhol, mas também do inglês.

Digo que faço dois tipos de artesanato: o tradicional analógico e o eletrônico.

Desde que apareceu o papel reciclado dou preferência. Só por encomenda uso outros tipos de papéis. Os livros são vincados, as folhas furadas, os miolos costurados e colados, a montagem final, tudo feito a mão.

Dei vários cursos e oficinas sobre encadernação artesanal e produção de livros artesanais.

Em matéria separada vou mostrar o local onde trabalho e como faço os livros.

A Tradução de “A Ecologia da Liberdade”

Descobri Murray Bookchin faz uns 5 anos atrás, justamente a través de seu livro “The Ecology of Freedom” que leva o sugestivo subtítulo “O Surgimento e a Dissolução da Hierarquia”.

Este livro me impactou, pois desenvolve o tema “Ecologia e Sociedade”, no qual sigo interessado. Até poderíamos dizer que apresenta a evolução do pensamento ecossocial na história da humanidade, desde tempos pré-bíblicos até a atualidade.

Mas seria errado considerar isso como sua única contribuição ao tema. Nos entrega muito mais do que isso quando se refere à hierarquia, ao patriarcado, ao rol da mulher na história, ao desenvolvimento do capitalismo e muito mais. Sempre com uma visão libertária dos assuntos tratados.

Sua erudição, claramente fruto de profundos estudos, complicou esta tradução. Chega a usar palavras e expressões que não são achadas em nenhum dicionário, ou tão desconhecidas que exigem pesquisa mais profunda. Sem a internet teria tido muitos problemas para realizar esta tradução.

Desde aquele tempo quando li por primeira vez pensei que esse livro teria que ser traduzido. Mas nesses anos todos estava muito envolvido num Campeonato Nacional de Procrastinação.

Finalmente um inimigo macabro veio na minha ajuda. Devido ao Covid-19 estou isolado onde moro. É uma mini-chacrinha na roça, perto de Caxambu, no sul de Minas Gerais, circuito das águas. Nada a fazer mais que cuidar dumas poucas galinhas que destruíram o começo duma horta.

Aproveitei a oportunidade e fiz a tradução do inglês para o português.br. Foi um trabalho empolgante devido ao texto que estava relendo. Dediquei mais de doze horas diárias a este trabalho. Também fiz uma pré-edição que revela um livro de 500 páginas, com fonte tamanho 11. Neste momento o amigo Zé Henrique está revisando o texto, sem tanta pressa, já que não preciso disso até finalizar esta campanha.


Ernesto Kramer

Monstro dos Mares: 10 Livros e 10 zines publicados em 2021

A Monstro dos Mares bota muito material na pista, ainda que seja apenas uma editora artesanal formada por pouquíssimas pessoas que tomam para si a tarefa de fazer livros. Estamos cansadas de negacionismo, de pandemônio, de fila do osso e de populismo pré-eleitoral. 2021 termina com a certeza de que os problemas permanecerão e que o próximo ano que se avizinha promete ser ainda pior para quem já se cansou de conversa fiada. Mesmo diante desse cenário de passos pesados, nós seguimos com nosso bonde. Foram publicados 10 livros e 10 fanzines de textos anarquistas ou inspirados pelas ideias anárquicas. Entendemos que, para um pequeno grupo de pessoas, que se encontram on-line e realizam as atividades diretamente das profundezas do interior paranaense, e com todas as nossas limitações, fazer livros fortalece nossa visão de como é possível (entre muitos aspectos) agir no mundo.

Felizmente, podemos contar com uma rede de apoio de muitas pessoas, fica nosso abraço por toda a confiança e incentivo, valeuzão! Mais do que palavras e recursos que permitem a continuidade da editora, também recebemos uma parte do tempo de nossas amizades que realizam as atividades conosco. Essas pessoas maravilhosas dividem algumas frações do mês para colaborar na revisão de um livro, desenhar a capa de um zine, ou mesmo ler um texto em grupo, trocar ideias, conversar sobre bolo ou torta em nosso grupo do Element/Matrix. E também recebemos com muita animação os comentários nas redes sociais, os compartilhamentos, RTs, fotos e stories. Isso nos faz permanecer e prosseguir.

Valeu 2021, trombamos no ano que vem.

A Editora Monstro dos Mares precisa da sua ajuda para continuar, contribua com
a Rede de Apoio no Catarse ou PicPay e receba materiais impressos em sua casa. 🖨️

Começa hoje a 10ª Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre

Entre os dias 26 e 28 de Novembro acontece a 10ª edição da Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre. Em 2021, o evento manterá seu formato das edições anteriores e acontecerá buscando descentralizar as atividades. Hoje, sexta-feira, 19h, a abertura será no Viaduto Brooklyn (Av. João Pessoa). No Sábado de manhã, tarde e pedacinho da noite, na Sede da Escola de Samba Acadêmicos da Orgia (Av. Ipiranga 2741) e no Domingo, das 10h às 19:30, na simpática Praça do Aeromóvel (Usina do Gasômetro).

Serão muitas atividades e você confere toda a programação no site da FlaPoA.


A Monstro dos Mares já participou em edições anteriores da Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre, compartilhando espaço com a AntiEditora na 4ª edição. Na 5ª edição estivemos com poucos títulos e na 6ª compartilhamos espaço com compas da Editora Deriva. São ótimas lembranças das atividades e bons momentos com as pessoas e toda companheirada que vive e circula pela capital gaúcha. Confira algumas fotos:

Podcast: Manifestos Cypherpunks no Muvuca Hack Festival

Neste episódio do podcast, o organizador da coleção Tecnopolítica, Leo Foletto (jornalista, pesquisador e editor do BaixaCultura) e Baderna James (editor e livreiro na Monstro dos Mares) participaram neste dia 20 de Novembro do terceiro dia de encontros do Muvuca Hack Festival, um evento on-line sobre tecnologia, cultura hacker e conhecimento livre organizado pelo Hackerspace MateHackers, sediado em Porto Alegre.

A conversa rolou num clima de descontração, e foram apresentadas as publicações que deram início à difusão impressa dos textos do BaixaCultura: o primeiro título da coleção sobre tecnopolítica “A ideologia Californiana“, publicada pela editora Monstro dos Mares, e também sobre o livro “A cultura é livre“, que Leo Foletto escreveu e publicou pela Autonomia Literária (com prefácio de Gilberto Gil). Logo mais, o papo introduziu os principais conceitos do livro “Manifestos Cypherpunks“, como surgiram os textos, como foram compilados nessa edição e a trajetória da campanha de financiamento coletivo que viabilizou a impressão e distribuição de 567 exemplares do livro.

Decidimos apresentar a conversa em formato de áudio para as pessoas que preferem apenas ouvir enquanto fazem outras coisas. Acreditamos que o podcast é um ótimo formato para difusão e compartilhamento de ideias através de boas conversas. A editora não tem nenhuma preocupação com a periodicidade ou temática do seu podcast e novos conteúdos surgem na medida do possível. Você pode acompanhar pelo seu agregador favorito através de nossa página no Anchor.fm ou baixar os episódios em MP3 aqui no blog.

O Muvuca Hack Festival tem uma ampla programação com diversas atividades sobre tecnologia, cultura hacker e conhecimento livre. O evento apresenta uma variedade de temas como educação, cultura de software livre, dados abertos, robótica, desenvolvimento, anonimato/criptografia e lançamento de livro. Um dos destaques é que nessa edição 50% das atividades serão ministradas por mulheres. As inscrições são gratuitas, todas as atividades são online e você confere toda a programação no site do Muvuca Hack Festival: muvuca.matehackers.org

Ouvir o podcast


Assistir ao lançamento


Começa hoje a XI Feira Anarquista de São Paulo

No mês de Novembro costumamos fazer uma correria danada para estar presente na Feira de São Paulo. É lá que as pessoas se encontram, compartilham ideias, fortalecem vínculos, descobrem iniciativas, promovem conversas, fazem arte, trocam saberes e mantêm acesa a chama. Antes da pandemia, nosso bonde editorial preparava a viagem para SP desde muito cedo. Um rolê de comprar passagem, encontrar lugar pra ficar, escolher os títulos para levar, rodar centenas de impressões, enviar caixas de livros pela transportadora, viajar e voltar.

Como você já sabe, em 2020 não teve feira pois a pandemia não permitiu. Mas em 2021 a Biblioteca Terra Livre, CCS-SP, e NELCA organizaram uma edição com seis dias de atividades online no YouTube. A programação vai de 8 até 13 de Novembro e você acompanha todas as informações no site da XI Feira Anarquista de São Paulo, que contará com apresentações musicais, atividades culturais, mesas de debates, contação de histórias, aulas de Yoga e rodas de conversa, entre outras atividades.

Os coletivos, grupos, editoras e artistas que costumam expor material no Tendal da Lapa receberão a visita e o carinho das amizades em seus espaços de divulgação on-line. Neste ano de 2021 participam: Biblioteca Terra Livre, CAFI, Centro de Cultura Social, Intermezzo, Entremares, Faísca Publicações, Monstro dos Mares, Eleuterio (Chile), Barricada de Livros (Portugal), Terra sem Amos, Edições Tormenta e No Gods No Masters.

Acesse: feiranarquistasp.wordpress.com

Dádiva: para compartilhar livros e leituras

Quando a Monstro dos Mares surgiu como editora numa noite fria de inverno, lá pelo misterioso ano de 2013, um de nossos objetivos era vender parte dos materiais para viabilizar a distribuição de outros. Desde a primeira experiência editorial em 14 de Junho de 2012 em nossa “Casa Pirata“, um centro social/cultural autônomo que durou pouco tempo e deixou muita saudade, no lançamento do “Leviatã de Papel“, já com o nome de Editora Artesanal Monstro dos Mares e no calor dos protestos de Junho de 2013, fizemos muitas impressões para distribuir na pequena cidade de Cachoeira do Sul (RS), onde tudo começou. Também conseguimos enviar exemplares impressos para diversas amizades e tornar essa prática uma gostosa forma de existir e permanecer. E assim seguimos.

Em 2017, a Monstro dos Mares recebeu novo fôlego: a querida editora-geral abobrinha se somou ao projeto da editora e tornou possível fazer mais livros, zines, banquinhas, boas conversas e, consequentemente, uma maior distribuição gratuita de materiais impressos de diversos coletivos e iniciativas editoriais. Aos poucos, as publicações da própria Monstro foram surgindo, conhecemos mais pessoas e realizamos muitas trocas, descobrindo espaços e conectando pessoas. Mais e mais livros e zines para todo canto.

Desde então, o bonde cresceu. Nos anos de 2018 e 2019 recebemos várias pessoas, criamos um conselho editorial, abrimos uma Rede de Apoio no Catarse, feiras, eventos, congressos e diversos pacotes de livros pra lá e pra cá. Desde os preparativos para o I Colóquio Anarquismo e Pesquisa, que aconteceu em Novembro de 2018 na UFSC, decidimos criar um registro de quantos livros e zines foram distribuídos gratuitamente naquele ano. 123 livros e 102 zines. Foi um susto quando percebemos que, ao anotar em um caderno simples essas quantidades, era muito mais do que imaginávamos. Porque é um livrinho pra um, um zine pra outra, envia um pacotinho para alguma biblioteca e assim chegamos a 821 livros e 1.211 zines no ano de 2020.

Com tantos números, decidimos lançar uma página em nosso website chamada “Numerologia”, onde era mantido o registro mensal de muitos dados gerados por nossa atividade editorial: livros impressos, livros distribuídos gratuitamente, zines impressos, zines distribuídos gratuitamente, quantidade de impressões, geração de energia solar, todos com os dados mensais e parciais do ano, total por ano e total geral. Com o tempo, gerar e acompanhar tantos números se tornou uma tarefa complexa, principalmente pelo fato de mantermos o apontamento de todos esses dados manualmente no cadernão. Em Abril de 2021, a página parou de receber atualizações para dar espaço a algo diferente.

Queremos conhecer mais pessoas, coletivos, organizações, bandos e bandas. Não se trata somente de fazermos livros para distribuir gratuitamente, mas de fortalecer espaços, pesquisas e bibliotecas. Nesse momento de pandemia, não temos a possibilidade de visitar os territórios onde as atividades acontecem. Este é um período no qual trocamos conversas e experiências principalmente em nossos canais e grupos no telegram, redes sociais e pelo bom e velho e-mail.

Nosso amigo Mauricio Knup, que faz parte da Rede de Apoio da editora, é a partir de agora a pessoa que faz a interface entre grupos, coletivos, bibliotecas, singularidades, sindicatos, federações e movimentos sociais que desejam receber livros da Monstro dos Mares. Queremos conhecer os espaços, trocar ideias, sabermos como podemos ajudar a fortalecer as atividades e programar uma visita para quando o pandemônio acabar.

Se você participa de alguma iniciativa anárquica, anarquista ou inspirada pelo anarquismo, por favor, acesse o site da Dádiva (https://dadiva.monstrodosmares.com.br) e confira as informações sobre a distribuição gratuita de livros e zines. Queremos estar em contato, estabelecer vínculos e fortalecer a solidariedade entre nossas iniciativas.

Agradecimentos “Manifestos Cypherpunks”

Nossa campanha se encerrou no último dia 1º de Setembro, com R$11.697,00 arrecadados, 241 apoiadores e 731% do valor atingido. A todas as pessoas que nos apoiaram, gracias!

Já comentamos o quanto estamos felizes e surpresos com o alcance da campanha e de como essa será a maior tiragem (até aqui) de um livro artesanal da Monstro dos Mares, com 500 cópias, praticamente todas elas já com endereço certo para ir. Ainda teremos alguns exemplares no site da Monstro e em banquinhas por aí (se a pandemia permitir). E 50 exemplares a serem distribuídos para bibliotecas e centros culturais.

Boa parte dos “Manifestos Cypherpunks” já estão impressos, bem como a maior parte das outras recompensas. Agora, estamos aguardando entrar os 10 dias úteis do Catarse para receber o valor arrecadado e então começar a enviar os pacotes para 21 estados brasileiros via Correios. Esperamos que no final deste Setembro e no início de Outubro os livros começam a chegar.

Qualquer dúvida nos escrevam. Mais uma vez obrigado!

Seguimos,

BaixaCultura e Monstro dos Mares


Apoiadoras e Apoiadores

Apoios anônimos

Ageu Silva
Akira e zbrsk
Alberto Torres
Alexandre Souza
Alexandre Tomy
Alexis Peixoto
Allan Felipe Fenelon
AllanGomes
Alphazine
Alysson G.
Ana Carolina Moreno
Ana Cunha
Ana Rauber
Anders Bateva
André “decko” de Brito
Andre da Silva Costa
André Freitas
André Houang
André Lucas Fernandes
André Ramiro
Andre Teixeira de Salles
Andrei Altamira
Andressa Vianna
Angela Natel
Antonio Assis Brasil
Barbara Castilho Maximo
Beatriz Martins
Beck Maurício
Bernardo Ramos Gall
Bruno Borges
Bruno Caldas Vianna
Bruno de Souza Bezerra
Bruno Moura
Cadós Sanchez
Cadu Simões
Caio Ramos
Caioau
Carla Arend
Carlos Eduardo Falcão Luna
Caroline Antonioli
Caru Campos
Cesar Lopes Aguiar
Christian Lima
Cindy Evelyn Peterson
Claudia Renata Capitanio
Cristiane Fronza
CryptoRave
Daniel Coelho de Oliveira
Daniel Rockenbach
Daniela Soares
Danilo Alves
Danilo Heitor Vilarinho Cajazeira
Davenir Viganon
Debbie Bertelhe
Débora Grama Ungaretti
Diego Alves
Diego Canto Macedo
Douglas Nunes Brandão
Eduardo Filipe Santos
Eduardo Henrique Maziero
Eliezer Pedroso Rosa
Ellen Ortiz
Elvio Pedroso Martinelli
Erik Teixeira Gonçalves Rodrigues
Evelyn Gomes
Fabio Barros
Fabricio Barili
Felipe Schneider
Fellipe Vieira
Fernando de Azevedo Alves Brito
Fernando Luis de Oliveira
Fernao Vellozo
Filipe Saraiva
Gabriel Ribeiro
Gabriel Vinicius Oliveira Soares
Guilherme Alves
Guilherme Magalhães
Guilherme Paixão
Gustavo Nicolau Gonçalves
Gustavo Pereira Dutra

Harim Britto
Helping With Code
Hendrik Nigul
Henrique Gustavo Miranda de Jesus Rodrigues
Henrique Novaes
Hiago da Silva Lacerda
Ian Fernandez
Ian Zwanck Goodwin
Igor Burle
Igor Henrique da Costa Morais
Iriz Medeiros
Isabela Baptista
Isadora Scopel
James William Pontes Miranda
Jean Luca Vedovato dos Santos
Jefferson de Freitas Silva
Jefferson Maier
Jeronimo Cordoni Pellegrini
João Eduardo Herzog
João Luiz Pena
João Moreno Rodrigues Falcão
João Victor Vieira Carneiro
João Vitor
José Domingues de Godoi Filho
Juliana Rosa
Karina Akemi Goto
Kemel Zaidan Maluf
Laetitia Valadares
Larissa Gdynia Lacerda
Leonardo Barbosa Rossato
Leonardo Koch Kewitz
Leonardo Nascimento
Lielson Zeni
Lillian Moura
Lorenzo
Luã Fergus Oliveira da Cruz
Lucas Eishi Pimentel Mizusaki
Lucas Gallindo
Lucas Lago
Lucas Loezer
Lucas M.A.C.
Lucas Prehs Visinoni
Luciana Salazar Salgado
Lucyan Butori
Luís Otávio Oliveira dos Santos
Luiz Denis Graça Soares
Luiz Paulo Colombiano
Lupi
Maralheios
Marcelo Lopes de Almeida
Marcelo Scrideli
Marcia Ohlson
Marcio Augusto
Márcio Conrado dos Reis
Marcos Antonio Peccin Junior
Marcus Antonius Soares da Silva
Marcus Repa
Marcus Vinícius
Mari Messias
Maria Eduarda Mesquita
Mariah Guedes
Marta Sofia da Fonseca Safaneta
Matheus
Matheus Grandi
Matheus Leite
Mauricio Marin
Maximiliano Saldanha de Oliveira
Miguel Antunes Ramos
Mobi Yabiku Neto
Monica Marques
Nanashara Ferreira Piazentin Gonçalves
Natali Mamani
Nathan Gomes Farias Neri
Nelson
Nelson de Luca Pretto
Panic
Pato
Paulo Almeida
Paulo Sergio
Paulo Vitor de Castilhos Lopes

Pedro Felipe Vergo Scheffer
Pedro Gil
Pedro Lucas Porcellis
Pedro Luiz Santos
Pedro Markun
Pedro Santos Teixeira
Pedro Teles
Professor Rodrigo
Rafael Ghiraldelli
Rafael Pinto
Ranulpho
Raphael Marques de Barros
Renato Dell
Rodolfo de Souza
Rodrigo Amboni
Rodrigo da Silva Freitas
Rodrigo Oliveira
Rodrigo Ortiz Vinholo
Rogerio Christofoletti
Rogerio Garcia de Oliveira
Roque Francisco
Rubens Ozorio Leão
Rudney Vinicius Gonçalves de Souza
Sandro Miccoli
Sávio Lima Lopes
Silvio Sidney Gomes dos Santos
Simone Caldas Vollbrecht
Stéfano Mariotto de Moura
Talita Souza
Tatiana Balistieri
Thiago Borne
Thiago Mendonça
Tiago Bugarin
Tito Guerra Bocorny Filho
Victor Augusto Tateoki
Victor Góis
Victor Perin
Victor Wolffenbüttel
Vinicius Yaunner
Vitor Diniz Kneipp
Vote Nelas
Wagner de Melo Reck
Willy Stadnick
Wllyssys Alves de Lima
Yasmin Curzi
Zaulao

Último dia para fortalecer a campanha “Manifestos Cypherpunks” no Catarse

Publicar um livro envolve decisões difíceis para todas as pessoas que fazem parte do processo, seja autoras e autores, organizadores, editores, diagramação, capa, papel, fonte. São tantas dúvidas que pedimos ajuda para não ter de fazer as escolhas difíceis isolades numa ilha. Depois de muita conversa sobre como colocar o material na rua, optamos pelo financiamento coletivo, tal como a Monstro dos Mares fez nos lançamentos de 2021. O objetivo principal da campanha é cobrir os custos de registro/formalização do livro, como ISBN e Ficha Catalográfica, e também os custos de impressão de uma tiragem inicial com cerca de 100~150 exemplares. Papel, tinta, folhas de capa, manutenção/depreciação de impressoras e equipamentos de finalização compõem esses custos.

Diante da dificuldade de conquistar os recursos necessários para rodar a primeira tiragem do livro, lançamos mão de utilizar o Catarse como ferramenta para chegar em mais pessoas e fortalecer o livro. Apesar das altas taxas (13%) e da demora de 10 dias úteis para a transferência dos recursos, concordamos que apoiar o lançamento de um livro é diferente de uma pré-venda, que poderia ser facilmente operacionalizada em nossa loja virtual. O financiamento coletivo aproxima pessoas que podem apoiar das pessoas que querem fazer algo. Por isso acreditamos que essa modalidade é importante, pois ela torna cada mona, mina ou mano que apoiou o lançamento do livro em participante do livro. Essa é uma relação duradoura, um vínculo que motiva e torna o ato de publicar ainda mais especial.

Hoje estamos no último dia da campanha de financiamento coletivo que, juntamente às amizades do BaixaCultura, nos surpreendeu pela adesão e participação de diversos coletivos que mobilizaram suas redes para divulgar o livro e tornar essa publicação possível. Queremos agradecer a cada pessoa que compartilha ideias ou links e convidar aquelas que puderem a fazer parte dessa publicação e colocar seu nome na lista de pessoas que transformaram o lançamento deste livro na maior campanha de financiamento coletivo que já fizemos, que será nossa maior tiragem inicial de livros — cerca de 400 exemplares.

Ainda dá tempo. =)

Conheça o livro

“Manifestos Cypherpunks” é a segunda publicação da coleção “Tecnopolítica”, coordenada pelo BaixaCultura (laboratório online de cultura livre & contracultura digital) e a Editora Monstro dos Mares (divulgação acadêmica anárquica). Depois do lançamento de “A ideologia Californiana”, texto seminal da crítica ao neoliberalismo tecnocrático do Vale do Silício feito em 1995 por Richard Barbrook e Andy Cameron, o segundo volume da coleção reúne alguns dos primeiros alertas contra a vigilância massiva na era da internet. São textos escritos na época que a rede mundial dos computadores ainda engatinhava, entre o final dos anos 1980 até meados dos 1990, por pessoas que conheciam a fundo alguns aspectos dos aparatos técnicos que faziam funcionar a rede e queriam nos fazer ficar atentos a eles.

Para apoiar o lançamento do livro acesse: https://www.catarse.me/manifestoscypherpunks

Manifestos Cypherpunks: financiamento coletivo

Precisamos do seu apoio para viabilizar o lançamento e distribuição do livro “Manifestos Cypherpunks”, que é a segunda publicação da coleção “Tecnopolítica”, coordenada pelo BaixaCultura (laboratório online de cultura livre & contracultura digital) e a Editora Monstro dos Mares (divulgação acadêmica anárquica). Depois do lançamento de “A ideologia Californiana”, texto seminal da crítica ao neoliberalismo tecnocrático do Vale do Silício feito em 1995 por Richard Barbrook e Andy Cameron, o segundo volume da coleção reúne alguns dos primeiros alertas contra a vigilância massiva na era da internet. São textos escritos na época que a rede mundial dos computadores ainda engatinhava, entre o final dos anos 1980 até meados dos 1990, por pessoas que conheciam a fundo alguns aspectos dos aparatos técnicos que faziam funcionar a rede e queriam nos fazer ficar atentos a eles.

A publicação reúne:

  • Introdução “Criptografia em Defesa da privacidade”, que contextualiza a produção dos textos, escrito por Leonardo Foletto, organizador da publicação, editor do BaixaCultura, jornalista e pesquisador ;
  • “Por que eu escrevi o PGP”, de Philip R. Zimmermann (1991);
  • “Manifesto Criptoanarquista”, de Timothy C. May (1993);
  • “Manifesto Cypherpunk”, de Erick Hughes (1993), todos traduzidos do inglês pelo coletivo Cypherpunks e revisado por Victor Wolfenbüttel;
  • Posfácio “Retrospectiva e expectativa Cypherpunk”, escrito pelo pesquisador em criptografia e diretor do IP.Rec, André Ramiro, que recupera o histórico e a importância da discussão da criptografia para 2021;
  • Anexo, chamado “Cripto-Glossário”, escrito por Timothy C. May e Eric Hughes em 1992, documento histórico sobre os termos utilizados nos estudos e na prática da criptografia.

Originários de uma vertente da cultura hacker mais afeita a ação política, em contraponto a outra mais ligada ao liberalismo empreendedor das startups do Vale do Silício, os cypherpunks surgem nos anos 1990 dizendo que a única maneira de manter a privacidade na era da informação é com uma criptografia forte. Mais de trinta anos depois de sua gênese, o ideal dos cypherpunks ainda é presente sobre gerações de criptógrafos, programadores e ativistas, entre eles os reunidos em tornos das criptofestas em diversos lugares do mundo, entre elas a CryptoRave, principal evento da área no Brasil.

Esta publicação, realizada de maneira artesanal e independente, busca fomentar a discussão e o conhecimento crítico histórico sobre o legado dos cypherpunks num mundo onde a internet se tornou a principal ferramenta de vigilância do planeta.

Apoiar a campanha de financiamento coletivo:
https://www.catarse.me/manifestoscypherpunks

Manifestos Cypherpunks
Organização e introdução: Leonardo Foletto
Tradução: Coletivo Cypherpunks
Revisão da tradução: Victor Wolffenbüttel
Posfácio: André Ramiro
Diagramação e capa: Baderna James
Montagem e finalização: abobrinha
Revisão: Raphael Sanz

60 páginas A5 (14 x 21 cm);
Capa em papel colorplus de 180g;
Edição artesanal, lombada canoa, refilado;
Impressão em tinta pigmentada de alta qualidade;
Diagramação e impressão utilizando 100% de energia solar.

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