Esta é quarta vez que tento escrever o que aconteceu em nossa editora durante o mês de Novembro e fico confuso por onde começar. Foi bem puxado, mas não foi difícil, porque temos muita satisfação em fazer livros e zines para distribuir aos diversos recantos do país. O que foi mais complicado mesmo foi fazer tudo isso acompanhando as notícias aqui da pacata e distante Ponta Grossa, um descampado existencial no interior do Paraná. Aconteceram tantas coisas: pandemia, apagão, testes apodrecendo num galpão, o assassinato de João Alberto por um brigadiano (PM) fazendo bico no Carrefour em Porto Alegre, forte estiagem, eleições estadunidenses, eleições no Brasil, segundo turno, segunda onda. É tanta notícia ruim que parece ser um ano inteiro!
A pandemia ligou todos os alertas sobre a importância e a necessidade de espaço, convivência com outras pessoas e consigo. Depois de oito meses sem sair do apartamento, decidimos nos mudar. Novembro foi o primeiro mês da editora instalada em seu novo endereço. Agora é possível produzir e viver, respirar melhor, botar o pé na grama, esticar o corpo e, óbvio, fazer livros em qualquer horário. Conseguimos fazer a manutenção na guilhotina, organizar envios de muitos materiais para distribuição gratuita… Neste mês foram destinados 139 livros e 222 zines para diversos movimentos, bibliotecas comunitárias e singularidades. Temos a certeza de que estamos cumprindo nosso objetivo de espalhar ideias pelos sete mares.
Também conseguimos avançar muito em nosso projeto de energia solar e agora estamos utilizando o sol em 100% da atividade da editora, tanto na impressora, como em computadores, periféricos e tudo mais. Estamos com a carga cheia de alegria ao aprender e compartilhar conhecimentos em torno da busca pela autonomia. Fizemos a impressão do zine de número dez mil (10.000) utilizando energia renovável.
Não tivemos feira do livro nem eventos neste ano, mas conseguimos dar um belo e moral desconto para as pessoas que nos acompanham nas redes sociais para que Novembro tenha sempre aquele gostinho de muitos livros.
Confira nossos números de Novembro:
- Impressões de Novembro de 2020: 34.623
- Livros impressos: 456
- Livros distribuição gratuita: 139
- Zines impressos: 1382
- Zines distribuição gratuita: 222
- Kw gerados e consumidos com energia solar: 27Kw
Numerologia: Hotsite com informações sobre nossos números mensais/anuais 🔮
https://monstrodosmares.com.br/numerologia
“O que foi mais complicado mesmo foi fazer tudo isso acompanhando as notícias aqui da pacata e distante Ponta Grossa, um descampado existencial no interior do Paraná.”
Pacata, tendo 355.336 habitantes? Me surpreendo. Pra mim, é muita gente num lugar só, e quando muita gente convive numa mesma estrutura física, as estruturas sociais ficam caóticas.
“É tanta notícia ruim que parece ser um ano inteiro!”
E 2021 vai ser ainda pior, pois, além de tudo que já está acontecendo e ainda continuará a acontecer: o Auxílio Emergencial não existirá mais, nem o Bolsa Família; os comércios falidos não ressuscitarão ao terceiro dia; os funcionários demitidos não serão readmitidos; o Estado terá um orçamento ainda mais estourado que o de 2020 pra encarar(mos). Tudo isso enquanto a pandemia não acaba… Acho que a década de 2020 vai ser alcunhada “década perdida” na História, lhes parece o mesmo?
Pelo menos não estamos no filme do Curinga, já assistiram? Fora não haver pandemia no enredo, a crise econômica estava bem mais intensa por lá. https://pt.wikipedia.org/wiki/Joker_(filme) . É um filme com um palhaço mais interessante que o Bozonaro.
“A pandemia ligou todos os alertas sobre a importância e a necessidade de espaço, convivência com outras pessoas e consigo. Depois de oito meses sem sair do apartamento, decidimos nos mudar. Novembro foi o primeiro mês da editora instalada em seu novo endereço. Agora é possível produzir e viver, respirar melhor, botar o pé na grama, esticar o corpo e, óbvio, fazer livros em qualquer horário.”
Congratulações pela mudança de endereço! Morar em apartamento, pra mim, é o mesmo que estar encarcerado: inviável, como eu já lhes disse antes. Parece que vocês tiveram a mesma sensação de ansiedade, de se ver preso no mesmo lugar 24/7 e querer gritar e sair correndo pra se libertar. Que bom que conseguiram uma casa.
Eu me sinto preso mesmo tendo que sair pra trabalhar, e mesmo morando em casa, se eu não passar algum tempo no meu quintal ou fazendo caminhada nos bosques. Atividade física ao ar livre é sempre recomendada para a saúde mental.
Sobre o vosso novo endereço residencial, entretanto, temo que estejam, por deslize, dando informações demais sobre a localização exata dele, o que a ninguém é recomendável que se faça na internet. E especialmente não quando os residentes em questão são anarquistas, anti-nazistas, não-amigáveis com polícias, digo, fãs de gatos, essas coisas que podem atrair atenção indesejada de desafetos insistentemente hostis, sabe?
Vou explicar a questão via Cartão-Postal (i.e., que informações são essas, e onde que estão explicitamente expostas), e ele adicionalmente terá o benefício de servir como prova real de que a localização exata está à vista de quem tiver olhos e conseguir ver, pois será enviado diretamente para a casa e não para a Caixa Postal. Supostamente, nem eu nem ninguém deveria ter como conhecer o endereço residencial exato, correto? Se fosse para ser de amplo conhecimento, vocês o teriam postado no site, o que não fizeram.
Por favor, percebam que a intenção é benigna: é como se eu fosse um “ethical hacker” fazendo um pentest pra fortalecer a segurança duma entidade parceira.
Agradeço sua preocupação.
Da uma olhada no teu e-mail, enviamos um print da tua declaração de rendimentos disponível no portal da transparência do teu município. Abração!
“eleições no Brasil, segundo turno, segunda onda. É tanta notícia ruim que parece ser um ano inteiro!”
Vou votar nas próximas eleições, pois, após 10 anos sem votar, não sinto que nada alternativo à política partidária e ao Estado foi construído por ninguém, nem sinto que meu boicote às eleições abriu espaço para a construção de nada alternativo à política partidária e ao Estado.
Julguem-me!