Receitas para fortalecer lutas: homenagem ao Milharal

Milharal, obrigado por tudo!

Durante alguns anos estivemos presentes na rede de blogs dissidentes Milharal (milharal.org). Esse recanto acolhedor do ciberespaço nos ofereceu guarida e com carinho hospedou nosso blog e muitos outros que seguem por lá. Recentemente tivemos que migrar a estrutura do website da Editora Monstro dos Mares e optamos por realizar a importação do conteúdo no Milharal para o novo endereço. Por isso decidimos escrever essa cartinha. 😉


É fundamental que existam serviços gratuitos para que coletivos e singularidades possam publicar notícias e informações sobre sua organização, disponibilizar conteúdos e divulgar eventos. Nesses tempos estranhos onde aparentemente toda a ideia de internet que a maioria das pessoas tem está concentrada em produtos de grandes corporações. Portanto fazer sua própria mídia, de forma autônoma e independente do Facebook é muito mais do que uma alternativa, mas uma necessidade para quem busca uma contestação ao que está posto.

Apropriar-se da tecnologia é antes de qualquer coisa, apropriar-se da essência da tecnologia. Fazer com as próprias mãos, no bom e velhos espírito punk do faça-você-mesma é mais significativo do que a adoção de uma ferramenta da moda. Esticar os braços, compreender as possibilidades e as necessidades é o primeiro passo para ir na direção da pergunta como fazer. Com isso convocamos:

  1. É hora de gerarmos mais conteúdo sobre as questões que movem nossos coletivos, grupos, federações, sindicatos, bandos e bandas. Precisamos comunicar nossas necessidades e as reflexões sobre o nosso tempo;
  2. Para contornar um evidente bloqueio de nossas formas de comunicação convém diversificar as formas de disseminação dos conteúdos públicos e refinar os protocolos de acesso às comunicações seguras, prezando pelo anonimato e sem intermediários. Não há motivos para divulgar notícias, eventos e conteúdos somente no Facebook ou WhatsApp. Criar um blog pode ser um bom começo;
  3. Algumas questões não precisam ser ditas nem mesmo se você considerar que o meio é seguro. Não há meio seguro, existem meios menos vulneráveis;
  4. Inserir a cultura de segurança em seu coletivo é uma boa prática desejável e item fundamental para destinar alguns minutos nos pontos de pauta de encontros e reuniões. Ver a metodologia de Segurança de Pés Descalços (spd.libertar.org);
  5. Muito mais do que sermos envolvidos pelas questões que emergem e borbulham em cada semana, é interessante considerar fortalecer os vínculos que temos entre nós e compas. Criar espaços de convivência, diálogo, estudo e práticas de solidariedade entre grupos e comunidades;
  6. Desenvolver estratégias de manutenção dos espaços coletivos, criar possibilidades que possam fortalecer os recursos do grupo. Criar uma rede de pessoas dispostas em apoiar mensalmente as atividades, banquinha de zines, uma editora artesanal, camisetas, eco-bags, pães, distribuição de produtos orgânicos por assinatura, rango vegano, enfim. Existe uma infinidade práticas para viabilizar recursos para despesas operacionais, manutenção de espaços, necessidades jurídicas, fundos de apoio à compas com doenças crônicas, fortalecer comunidades, etc.;
  7. Fortalecer e disseminar nossa cultura, acolher as pessoas que se chegam, realizar eventos, grupos de estudos, apresentações musicais, cineclube, bicicletas e festivais e possibilitem encontros entre nossos movimentos e comunidades (ver A-fund https://afund.antirep.net/pt/);
  8. Inserir novos passos e revisitar essa lista sempre que possível. Não recorrer à formulas prontas, mas contar com o apoio e solidariedade de compas que já estão no rolê, investigar, descobrir e analisar novos e velhos pontos.

O Milharal hospeda mais de 200 blogs de iniciativas coletivas e singularidades que se movem na atuação social, militância e reflexões sobre o nosso tempo. Nessa grande lista (https://milharal.org/indice/) você pode acompanhar o que nossas amizades, monas, minas e manos estão fazendo e pensando para criar transformações sociais imersivas e com pluralidade de táticas de nossos movimentos.

Envolva-se, mobilize e fortaleça.
Milharal, muito obrigado.

Monstro dos Mares

[novidade] Deu monstro no milharal da internet

♬ Vomito o coração, de olhos abertos ergo meus punhos ao céu. / Do peito um grito se rasga aflito: Nunca mais submissão! / A colheita maldita aponta e indica: as crianças têm o poder. / É o fim senhores, as crianças cresceram e estão prontas para colher. – Colheita Maldita, Dance Of Days.

A partir de agora, a Editora Artesanal Monstro dos Mares faz parte do conjunto de blogs hospedados no Milharal, uma iniciativa de um grupo de voluntárixs para que mais projetos libertários e movimentos sociais possam utilizar sistemas seguros e em servidores de confiança.

Com essa migração, reafirmamos nossos compromissos com a luta social, com a liberdade dos povos e com a colaboração em rede de pessoas, grupos, coletivos, federações, comunidades, sindicatos e todas as pessoas que estão em movimento.

Nosso papel como editora, é esparramar cada vez mais tinta no papel, cada vez mais ideias circulando de mão em mão. Criar registros e documentação de nossa era, nossas lutas e pensamentos, para que essa geração permaneça no tempo, com tudo aquilo que fomos capazes de criar para destruir a opressão.

Saúde e Anarquia!

Adax, Simone BM, Burns, Celvio, Ênio, Karioka, Khynhu, Harmonia, Patrick, Vertov.

Scroll to top
Os pedidos realizados entre os dias 19 de dezembro e 5 de janeiro serão processados a partir do dia 6 de janeiro.