Ocupa GP Aurora: uma ocupação em quadrinhos

Hoje, dia 15/06, Jonas Josè de Albuquerque Barros, estudante e dirigente do Grêmio estudantil do Ginásio Pernambucano, assassinado no dia 1º de abril de 1964 pelo exército brasileiro, completaria 74 anos. A preservação da sua memória é fundamental para a organização e luta dos e das estudantes neste momento, em que o autoritarismo militarista nos ameaça com palavras e ações que seguem a experiência do fascismo histórico.

Por isso, o Grupo de Ação e Pesquisa das Ocupações Escolares (GAPOE) decidiu realizar nesta data importante o lançamento deste registro histórico inédito, produzido por estudantes e apoiadora(e)s que participaram da ocupação do Ginásio Pernambucano Aurora, ocorrida em 2016, no contexto da luta contra a aprovação da PEC do Teto dos Gastos e do sucateamento geral da educação pública.

O material trata dos acontecimentos de 2016, que levaram a uma onda de ocupações escolares e universitárias em várias cidades do país. São revelados detalhes da preparação da ocupação, bem como os princípios e práticas políticas presentes durante sua breve, mas importante existência. O zine destaca a luta das mulheres contra a opressão de gênero dentro da ocupação, na conquista da igualdade e rotatividade das tarefas. Por fim, é feita uma breve análise da situação política, que apesar de desatualizada em relação a atual pandemia, se mantêm importante em muitos aspectos. O zine termina com um chamado à organização estudantil e popular, baseada nos princípios e práticas vivenciadas na ocupação.

Informações via @ocupagpaurora no Instagram

Cachoeira do Sul, Outubro de 2012: a casa caiu!

Bom pessoal, a Monstro dos Mares perdeu a sua “casa pirata”. As pessoas que acompanham as iniciativas desse grupo sabem o quanto foi complicado manter esse centro de práticas em atividade, passamos por diversos desafios conceituais, financeiros e metodológicos. Foram realizadas reuniões mensais para definir e tirar juntos os encaminhamentos, onde os desafios e problemas foram apresentados, independente da quantidade de presentes. Em nossa última reunião, no dia 10 de outubro, o espaço se dissolveu após um ano de tentativas de manter a casa em pé.

Muito mais do que justificativas (que muitos já conhecem), esse é o momento de refletir um pouco sobre a viabilidade de um projeto dessa natureza numa cidade do interior, num momento onde muitos dos espaços libertários constituídos em cidades infinitamente maiores que a nossa Cachoeira do Sul, atravessam problemas semelhantes e encontram-se evidentemente em risco de serem descontinuadas.

Essa reflexão sobre a viabilidade deve transcender a capacidade de recursos e abundância de materiais disponíveis, mas sim, na energia e no desprendimento individual em contribuir para a construção de espaços de natureza libertária. É levar consigo uma parte dos sonhos e da evidente frustração de estar com olhos roxos. A máquina fumegante de opressão atropelou a casa pirata e aprendemos de forma muito dura, as diferenças e alegrias de dizer: foi temporário, mas será permanente!

Agora que não existe mais sentido em manter paredes, portas e janelas, vamos nos permitir deixar a casa cair e tentar de alguma forma contar essa história com quem não pode fazer parte dela nesse período, mas que poderá contribuir com a formação de novos modelos de experiências semelhantes ao compartilhar suas histórias sobre ocupas, squatts e coletivos, relatando sem receios suas conquistas, aprendizados e fundamentalmente, os problemas. Será nosso anti-case, para uma sociedade afogada em discursos repletos de vencedores com os pés sujos de sangue, não de tanto caminhar, mas de passar por cima de quem está ferido.

Corajosamente convidamos as pessoas que constroem ou construíram a luta libertária no Brasil para abrirem seus corações, para revirar suas gavetas e provocar suas lembranças, neste que pretende ser um repositório de histórias em diversos formatos, sobre o que aconteceu e o que é possível aprender com nossos sorrisos e lágrimas.

Vamos seguir em frente com nossos sonhos, agora seremos outras iniciativas, outras bandas, bandos, grupos, coletivos, redes e comunidades. Contem com nossa mãos calejadas, nossos dentes quebrados e nossas histórias para contar.

Casa Pirata (2011-2012)
Editora Monstro dos Mares

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