Navegar por territórios selvagens: o convite de Geografias Subterrâneas

No mar revolto das disputas pelo conhecimento, Geografias Subterrâneas propõe uma travessia radical: ensinar uma prática geográfica a partir das trincheiras da anarquia. Escrito por José Vandério Cirqueira e publicado pela Editora Monstro dos Mares em 2018, este livro é uma ferramenta de reflexão e intervenção no mundo.

Longe da geografia institucionalizada e de seus mapas autoritários, a obra conduz leitoras e leitores por caminhos insurgentes, onde o saber nasce do chão pisado, das resistências cotidianas, das margens que sustentam os centros. É um chamado aos “piratas do conhecimento”, que preferem navegar por águas desconhecidas a se deixarem aprisionar por fronteiras rígidas.

“A geografia carrega a potência de ser prática insurgente. O que está por trás da representação do espaço? Quais ideias políticas, quais disputas epistêmicas? As formas pelas quais compreendemos, ensinamos e praticamos a geografia revelam que não se trata apenas de um saber técnico ou neutro, mas de um território de disputas, de conflitos e de possibilidades.”

Composto por textos breves, acessíveis e densos, o livro articula pensamento geográfico e crítica social, recuperando contribuições de autoras e autores como Thoreau, Reclus, Kropotkin, Louise Michel, Flora Tristan e Emma Goldman. Mais que uma aula de geografia, é uma aula de desobediência epistêmica.

Como escreve o autor, “a palavra geografia guarda uma densidade de histórias não oficiais” e é exatamente essa densidade que Geografias Subterrâneas explora, revelando os subterrâneos de um saber feito de luta, território e imaginação.

Livro em destaque: Geografias subterrâneas

viagem, livros e o frete

na semana passada, estive em Ponta Grossa e levei uma mala com livros. algumas coisas ficaram por lá, outras voltaram e estão indo para outros lugares agora pelo correio. pela internet, várias pessoas ficam sabendo sobre os livros e podem comprá-los online. mas quando viajo levando uma mala com livros, podemos perceber nas pessoas a surpresa até mesmo com a ideia de que há pessoas que viajam carregando muitos quilos de papel por aí.

[são muitos quilos mesmo, por isso agradeço bastante ao coletivo marie curie, que nos recebeu tão afetuosamente.]

claro que eu gostaria de estar muito mais “por aí”; quer dizer, gostaria muito de poder contar com um meio de transporte próprio eficaz para distâncias mais longas, mais bagagem e mais gente ao mesmo tempo (logo chegamos lá), mas de qualquer forma, conseguimos fazer (poucas e breves) viagens. mesmo assim, elas foram muito relevantes porque estabelecemos contatos com muitas pessoas e reencontramos várias delas. nasceram muitos projetos legais nesses contatos. em breve, espero que comecem a aparecer por aqui também.

pensando nas nossas atuais opções de transporte de livros (correios ou transportadora, para pacotes maiores), nos aumentos das taxas dos correios e da gasolina, na crise da gasosa 2018/1 e em como tudo isso impactou não só as vendas que suportam financeiramente a existência da editora mas também a própria ideia de difusão da presença física dos livros (indo além do “passa o link do pdf”), entendi que essa promoção do dia do geógrafo (vejam que saiu no masculino mesmo, e só fomos perceber isso agora) propicia o frete que leva o livro a muitos lugares que, de outra maneira não atingiria. seja porque o frete via correios anda caro, seja porque nós não somos uma editora assim tão famosa e em muitos lugares a notícia sobre o lançamento do livro não chegou.

esse frete propiciado por alguém que já vai comprar dois para presentear outra pessoa, e leva mais um para colocar em um lugar de sua escolha (seja a biblioteca de uma instituição de ensino, uma biblioteca popular ou as prateleiras de um coletivo) é um incentivo para que a gente mesma faça parte da distribuição dos livros e reconfigure o território da leitura ao nosso redor.

ou, como escreve josé vandério, página 89:

[…] para sair do domínio da utopia como projeto quase inalcançável, diante da consciência de opressão e da prática da submissão, é vindouro suplantar o fetiche do saber, relançando o saber ao ato de fazer, recriar o saber fazer, instigando as ações individuais e coletivas de revolta da consciência para que possam tensionar a negação das estruturas ideológicas, fragilizando por dentro o grande sentimento de angústia obediente da mediação capitalista.

leia e distribua!

abobrinha

Scroll to top