Celebrando 20 anos de Resistência e Inspiração: Utopia e Luta!

Neste início de 2025, a Editora Monstro dos Mares saúda e celebra os 20 anos de uma das experiências mais significativas de autogestão, luta por moradia e construção coletiva em Porto Alegre: o assentamento urbano Utopia e Luta. Mais do que uma ocupação, esse espaço se consolidou como símbolo de resistência e uma alternativa concreta às desigualdades impostas pelo sistema.

O que é o Utopia e Luta?

Para quem ainda não conhece, o Utopia e Luta nasceu em 2005, quando um grupo de famílias organizadas por movimentos sociais ocupou um prédio abandonado na Avenida Borges de Medeiros, no coração da cidade. Ali começou uma luta pela garantia do direito à moradia digna, ao mesmo tempo em que surgia uma experiência inovadora de convivência e autogestão.

Hoje, 20 anos depois, o Utopia e Luta é muito mais que um lar para dezenas de famílias. É um centro pulsante de iniciativas culturais, ambientais e políticas. Seu legado inspira quem acredita em formas horizontais e solidárias de organização, mostrando que a transformação social não só é possível, como está acontecendo.

Por que celebrar?

O Utopia e Luta é motivo de celebração por muitas razões:

  • Autogestão e Coletividade: Todas as decisões no assentamento são tomadas de forma coletiva, em assembleias onde cada voz importa.
  • Sustentabilidade: Com soluções como captação de água da chuva e horta hidropônica, o espaço se tornou um exemplo de convivência sustentável em um contexto urbano.
  • Cultura e Resistência: O assentamento promove atividades culturais, oficinas e eventos abertos à comunidade, mantendo viva a chama da luta e do diálogo.
  • Regularização e Conquista: Após anos de luta, o prédio foi regularizado, se tornando um modelo de habitação popular em área central.

Um convite à reflexão

No momento em que celebramos duas décadas dessa experiência transformadora, também convidamos você a refletir sobre a cidade que queremos. Como podemos ocupar e dar vida a espaços abandonados? Como fortalecer as redes de solidariedade e resistência em nossos territórios?

O Utopia e Luta nos lembra que os desafios urbanos podem ser enfrentados com coragem, criatividade e união.

Nosso agradecimento

A Editora Monstro dos Mares presta sua homenagem ao Utopia e Luta, agradecendo por mostrar que os sonhos coletivos podem se materializar. Que a inspiração dessa história continue ecoando e construindo pontes para muitos anos de luta e utopia!

Conheça e participe

Se você ainda não conhece, vale a pena se aproximar e vivenciar essa experiência de transformação social. O Utopia e Luta está localizado na Avenida Borges de Medeiros, 711, no centro de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Seja visitando, divulgando ou apoiando iniciativas similares na sua cidade, todos podemos fazer parte dessa grande rede de resistência e construção coletiva.

Utopia e Luta: 20 anos de resistência, aprendizado e construção de futuros possíveis. Parabéns!

[Vídeo] Rolê pela Editora Monstro dos Mares e agradecimentos do mês de Março

Olá compas!

No ano de 2019 nós decidimos criar vídeos apresentando alguns processos que a Editora Monstro dos Mares utiliza para fazer livros desde os primeiros passos. O vídeo de hoje é um rolê mostrando o computador, impressora, guilhotina, grampeador, capas e armazenamento.

No vídeo com um pouco mais de 5 minutos também é apresentado o equipamento conquistado com o apoio da ferramenta solidária de financiamento recorrente e coletivo, o Catarse. As pessoas realizam pequenas contribuições mensais a partir de R$5 e recebem (se quiserem) algumas recompensas por isso.

Neste mês de Março serão enviadas recompensas que trocamos com as as amizades da Imprensa Marginal Editora Anarcopunk e Distro que recebemos em nossa caixa postal.

Rolê

Nossos agradecimentos aos apoios de:

  • Lucas Soares
  • Claudia Mayer
  • Willian Aust
  • José Vandério Cirqueira
  • Manu Quadros
  • Paulo Oliveira
  • Daniela de Souza Pritsch
  • Fábio Rocha
  • Eduardo Salazar Miranda da Conceição Mattos
  • Guapo Magon
  • Apoiadoras e apoiadores anônimos

Agradecemos imensamente o apoio e o carinho das pessoas em nossa atividade. Acreditamos que livros contém em suas páginas todos os espectros de experiências capazes de transformar a humanidade.

Dulcinéia Catadora: O fazer do livro como estética relacional

Por Livia Azevedo Lima* em trecho publicado em Akademia Cartonera

Dulcinéia Catadora é um coletivo formado por artistas plásticos, catadores e filhos de catadores que produz livros com capas de papelão, pintadas à mão, e, além disso, realiza oficinas, instalações, ocupações de espaços culturais, como bibliotecas, e intervenções urbanas.

O projeto derivou do coletivo Eloísa Cartonera, criado em março de 2003 pelo artista plástico Javier Barilaro e pelo escritor Washington Cucurto, em Buenos Aires, Argentina. Com intensa atividade editorial, o grupo argentino possui um catálogo com mais de 100 títulos, entre autores novos e consagrados. Conquistou reconhecimento artístico e social, cuja expressão pode residir no convite para participar da 27ª Bienal de São Paulo, em 2006, com curadoria de Lisete Lagnado, com título derivado da obra de Roland Barthes “Como viver junto”. Durante a Bienal, formou-se um atelier em funcionamento permanente. Ao grupo argentino somou-se a participação de catadores, filhos de catadores e artistas brasileiros, com mediação da artista plástica paulista Lúcia Rosa, que já trabalhava com material reciclado. A partir deste contato, e do envolvimento e trabalho de Lúcia Rosa, formou-se o projeto-irmão, Dulcinéia Catadora, que começou a funcionar no Brasil a partir de 2007.

O nome Dulcinéia Catadora é uma homenagem à catadora Dulcinéia, mas também é o nome da personagem feminina do livro “Dom Quixote de la Mancha”, de Miguel de Cervantes. O papelão usado na confecção dos livros é comprado da cooperativa Coopamare por R$1,00 o quilo, valor cinco vezes maior do que o praticado usualmente para efeito de reciclagem. Os livros são feitos com miolo fotocopiado em papel reciclado; encadernação simples, grampeada ou costurada; colados na capa de papelão pintada à mão com guache. A diagramação é feita pelos artistas e escritores e a seleção dos textos, por um conselho editorial formado por escritores que colaboram com o projeto e se alternam neste trabalho, como Carlos Pessoa Rosa, Rodrigo Ciriaco, Flávio Amoreira e Douglas Diegues, este último também colaborou para o coletivo Eloísa Cartonera e fundou, em 2007, a cartonera Yiyi Jambo, no Paraguai.

A seleção dos textos leva em consideração não apenas a qualidade literária e o conteúdo, como também o caráter sociopolítico, priorizando aqueles que atentem para as minorias sociais. Os autores cedem os textos, mediante autorização escrita e recebem, em contrapartida simbólica, cinco livros de sua autoria. Todos os livros podem ser traduzidos para o espanhol e divulgados por outras células do projeto na América Latina, (são elas): Animita Cartonera (Chile), Eloísa Cartonera (Argentina), Felicita Cartonera (Paraguai), Kurupí Cartonera (Bolívia), Mandrágora Cartonera (Bolívia), Nicotina Cartonera (Bolívia), Santa Muerte Cartonera (México), Sarita Cartonera (Peru), Textos de Cartón (Argentina), Yerba Mala Cartonera (Bolívia), Yiyi Jambo (Paraguai) e La Cartonera (México).

Essa rede de projetos pares que se formou na América Latina é um caminho alternativo ao mercado de arte e ao mercado editorial. O escritor que não conseguia se inserir em uma grande editora, agora tem a possibilidade de ser editado e o seu texto poderá circular por diversos países. Da mesma forma os catadores e os filhos de catadores que participam da oficina se abrem para novas possibilidades profissionais e desenvolvem seu potencial artístico. A soma desses esforços orientados para um objetivo comum, apesar de cada projeto possuir suas especificidades, denota, politicamente, a busca por autonomia e, esteticamente, a realização de um trabalho artístico que está focado no resultado das trocas entre os indivíduos que o produzem. As atividades do atelier geram renda, mas, sobretudo, promovem a autoestima e o intercâmbio de experiências entre pessoas com origens e repertórios diversos, que ali se encontram, em um espaço aberto, para o exercício do prazer de criar.

Livia Azevedo Lima cursa o terceiro ano da graduação em Comunicação Social com ênfase em Produção Editorial e Multimeios na Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, Brasil. Escreve ficção e trabalha como estagiária de pesquisa no Núcleo de Documentação e Pesquisa do Instituto de Arte Contemporânea, em São Paulo.

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