5 dicas para ajudar uma biblioteca pública

Sabemos que os incentivos financeiros são escassos e que esse quadro é mais visível quando trata-se de bibliotecas públicas. Mesmo com todos os incentivos governamentais é triste perceber que conforme dados da Fundação Biblioteca Nacional, existem 6.008 bibliotecas públicas para os 5.570 municípios do país e que a maioria desses equipamentos culturais encontram-se concentrados nos grandes centros. Muitas bibliotecas correm sérios riscos de fechar.


O que você pode fazer?

1. Considere utilizar a biblioteca pública. Utilizar o sistema de empréstimo de livros é uma das formas mais importantes de valorizar o livro, o acervo e a biblioteca, pois é através da circulação que pode-se verificar os ramos mais ativos e a utilidade do espaço para uma comunidade. Além disso, é bem mais barato do que visitar uma livraria em um shopping center.

2. Frequentar para manter. Quando foi a última vez que você pisou na biblioteca de sua comunidade? A circulação de pessoas é um indicador chave do envolvimento comunitário e este é um ativo importante. Mesmo que você não precise de um livro, existem outros motivos para você frequentar uma biblioteca uma ou duas vezes por mês, já que na maioria delas, é possível realizar consultas, ler jornais e revistas (e em alguns casos até mesmo consultar a internet, ouvir alguns discos e assistir filmes). Tudo de graça.

3. Promover atividades. Muito provavelmente, os bibliotecários estão sobrecarregados de tarefas diárias e são mal pagos, por isso não reclame da programação de atividades na biblioteca, ao invés disso, proponha algo. Faça valer o “faça você mesmo” que existe em você, apresente novas ideias para promover o tipo de programação envolvente para as pessoas da sua comunidade. É possível criar eventos variados para todas as idades. Crianças jovens, adultos e idosos de sua comunidade podem ser beneficiados com suas ideias. Seja criativo e divirta-se =)

4. Ser um Voluntário. Além de atividades e eventos, os voluntários podem ajudar em tarefas simples. Tem algum tempo extra? Ajude a colocar os livros nas prateleiras corretas, na restauração e reencadernação de livros. Você sabe fazer algum tipo de manutenção? Informática, jardins ou mesmo substituir uma tomada para o novo padrão. Que tal?

5. Fale sobre os recursos da biblioteca de sua comunidade para outras pessoas. É curioso como existem muitas pessoas que sequer se lembram da existência de uma biblioteca pública em sua cidade, escola ou bairro. Mais curioso ainda é como essas pessoas ficam admiradas em poder consultar livros, revistas, jornais, acessar a internet e participar de outras atividades de graça. Promovendo cultura, conhecimento e diversão inteligente para toda a família. Comece falando na escola do seu filho.

Com um pouquinho de boa vontade e algum tempo livre, é possível tornar nossas bibliotecas públicas em espaços cada vez mais inclusivos, mágicos, úteis e divertidos. Você é capaz de lembrar da sensação da primeira vez que esteve entre os livros de uma biblioteca?

Inspirado no artigo “How to save your local library”.


Atualização (22/03/2020): Informações recentes sobre bibliotecas públicas no Brasil podem ser acessadas no Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas.

Publication Studio: a editora artesanal que já vendeu mais de 10.000 livros

Geralmente quando falamos sobre editoras artesanais, as pessoas costumam acreditar que criar livros com as mãos seja uma ideia romântica e distante de ser “modelo de negócio de sucesso”. Bom, primeiro precisamos definir que modelo é esse. Afinal, já sabemos que a maioria dessas pessoas, acredita num modelo capitalista, baseado na métrica de replicação e escala. Quanto mais volume, maior o lucro. Definitivamente nós rejeitamos esse modelo. Nosso sucesso é criar objetos artesanais bonitos, que contenham boas histórias, que promovam o pensamento crítico e que possam ser reconhecidos por apresentarem-se em contraponto à lógica atual. Sim, ainda que tenhamos que vender os livros (mesmo aceitando trocas), não significa que concordamos com essa lógica, apenas estamos evitando fazer parte integral de suas motivações, formas de pensar e agir.


Com o surgimento de aparelhos como o Kindle, os tablets e o próspero formato de e-books, que espaço nos resta para o livro “físico” em nossas vidas? Como podemos tratar adequadamente por livro um objeto que nós podemos ler, falar, estar em contato com os amigos, etc… Será que aquilo que conhecemos por livro terá seu espaço modificado, será que isso tudo vai mudar, ou será que já mudou?

Em 2009 na cidade de Portland (EEUU), o ex-editor literário da revista Nest, Matthew Stadler e uma jovem escritora chamada Patrícia No utilizaram uma loja emprestada para fundarem a editora Publication Studio. Sim, eles estavam fodidos e sem grana, mas encontraram meios super baratos para confeccionarem livros encadernados manualmente, um de cada vez. A ideia de utilizar todos os meios possíveis para fazer livros de artistas e autores locais que admiravam e vendê-los para o público parecia muito simples, até que o curador Jans Possel pediu à dupla editar 20 livros para participarem da Bienal de Amsterdam. Stadler e No chamaram artistas próximas de suas relações e mais 19 livrinhos brotaram. Depois disso, a editora nunca mais parou.

Construindo uma comunidade em torno dos livros artesanais

Dois anos mais tarde a editora ainda continuava crescendo, outras seis editoras surgiram nos Estados Unidos naquela época (Berkeley, Vancouver, Minneapolis, Toronto, Ontário e Los Angeles), cada uma usando as mesmas formas de baixo custo para fazer livros encadernados novinhos todos os dias. Em conjunto com essas novas editoras, a Publication Studio já lançou cerca de 90 títulos e vendeu mais de 10.000 livros artesanais.

Nossos livros desafiam as noções pré-concebidas sobre o que um livro pode ser, basta olhar às indefiníveis experiências possíveis ao manusear um flipbook de arte como Blush, de Philip Iosca por exemplo. Nós entendemos que apesar de nossos métodos misteriosos, o sucesso da Publication Studio encontra-se na forma com que ela compartilha o sentimento de que não se está apenas fabricando livros, mas também produzindo um público.Matthew Stadler

Ao contrário de um mercado, um público é difícil de quantificar. É impossível traçar um gráfico ou pulular uma planilha. O público é nossa rede de editoras irmãs, autores, encadernadores autônomos, bibliotecas, livrarias e leitores, é o resultado de conexões pré-existentes, amizades, uma modesta presença na web e muito boca a boca. No começo em 2009, as 20 artistas tinham alguma relação com Stadler e No, não precisou nenhum edital ou chamada pública para começar as publicações.

Por exemplo, quando Stadler enviou um email ao amigo e fotógrafo Ari Marcopoulos perguntando se havia interesse em publicar um livro, o fotógrafo respondeu 40 minutos depois com um PDF pronto para impressão de seu livro, The Round Up. Nem sempre os livros são “fermentados” com esta velocidade. O primeiro livro da artista Vic Haven, Hit the North, foi criado um ano antes da publicação, durante uma conversa informal na casa de Stadler. O livro foi lançado em conjunto com uma mostra de arte numa tiragem limitada de exemplares.

Esse artigo é uma versão tosca do texto em inglês.

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