♬ Vomito o coração, de olhos abertos ergo meus punhos ao céu. / Do peito um grito se rasga aflito: Nunca mais submissão! / A colheita maldita aponta e indica: as crianças têm o poder. / É o fim senhores, as crianças cresceram e estão prontas para colher. – Colheita Maldita, Dance Of Days.
A partir de agora, a Editora Artesanal Monstro dos Mares faz parte do conjunto de blogs hospedados no Milharal, uma iniciativa de um grupo de voluntárixs para que mais projetos libertários e movimentos sociais possam utilizar sistemas seguros e em servidores de confiança.
Com essa migração, reafirmamos nossos compromissos com a luta social, com a liberdade dos povos e com a colaboração em rede de pessoas, grupos, coletivos, federações, comunidades, sindicatos e todas as pessoas que estão em movimento.
Nosso papel como editora, é esparramar cada vez mais tinta no papel, cada vez mais ideias circulando de mão em mão. Criar registros e documentação de nossa era, nossas lutas e pensamentos, para que essa geração permaneça no tempo, com tudo aquilo que fomos capazes de criar para destruir a opressão.
Bom pessoal, a Monstro dos Mares perdeu a sua “casa pirata”. As pessoas que acompanham as iniciativas desse grupo sabem o quanto foi complicado manter esse centro de práticas em atividade, passamos por diversos desafios conceituais, financeiros e metodológicos. Foram realizadas reuniões mensais para definir e tirar juntos os encaminhamentos, onde os desafios e problemas foram apresentados, independente da quantidade de presentes. Em nossa última reunião, no dia 10 de outubro, o espaço se dissolveu após um ano de tentativas de manter a casa em pé.
Muito mais do que justificativas (que muitos já conhecem), esse é o momento de refletir um pouco sobre a viabilidade de um projeto dessa natureza numa cidade do interior, num momento onde muitos dos espaços libertários constituídos em cidades infinitamente maiores que a nossa Cachoeira do Sul, atravessam problemas semelhantes e encontram-se evidentemente em risco de serem descontinuadas.
Essa reflexão sobre a viabilidade deve transcender a capacidade de recursos e abundância de materiais disponíveis, mas sim, na energia e no desprendimento individual em contribuir para a construção de espaços de natureza libertária. É levar consigo uma parte dos sonhos e da evidente frustração de estar com olhos roxos. A máquina fumegante de opressão atropelou a casa pirata e aprendemos de forma muito dura, as diferenças e alegrias de dizer: foi temporário, mas será permanente!
Agora que não existe mais sentido em manter paredes, portas e janelas, vamos nos permitir deixar a casa cair e tentar de alguma forma contar essa história com quem não pode fazer parte dela nesse período, mas que poderá contribuir com a formação de novos modelos de experiências semelhantes ao compartilhar suas histórias sobre ocupas, squatts e coletivos, relatando sem receios suas conquistas, aprendizados e fundamentalmente, os problemas. Será nosso anti-case, para uma sociedade afogada em discursos repletos de vencedores com os pés sujos de sangue, não de tanto caminhar, mas de passar por cima de quem está ferido.
Corajosamente convidamos as pessoas que constroem ou construíram a luta libertária no Brasil para abrirem seus corações, para revirar suas gavetas e provocar suas lembranças, neste que pretende ser um repositório de histórias em diversos formatos, sobre o que aconteceu e o que é possível aprender com nossos sorrisos e lágrimas.
Vamos seguir em frente com nossos sonhos, agora seremos outras iniciativas, outras bandas, bandos, grupos, coletivos, redes e comunidades. Contem com nossa mãos calejadas, nossos dentes quebrados e nossas histórias para contar.
Aos 38 dias de ocupação na Praça da Matriz, o OcupaPOA recebeu pessoas de vários lugares do mundo, unindo suas lutas, angústias e filosofias contra os atuais sistemas excludentes e desiguais. O OcupaPOA, nesses dias de resistência, foi sede do primeiro encontro mundial do movimento Occupy na América Latina. Com mais de 70 participantes na atividade, estiveram presentes ativistas dos Estados Unidos, França, Grécia, Londres, Suécia e Tunísia, além de integrantes da Ocupa de Brasília.
Essa troca de experiências, informações, dores, sabores e vitórias foi possível devido às falhas no sistema de apropriação política por parte de eventos realizados nesta semana (24/29 de Janeiro). Xs ocupantes conversaram durante 5 horas nas sombras do Guarapuruvú e do Flamboyant Vermelho em frente ao acampamento. As traduções simultâneas e o almoço coletivo surgiram de forma orgânica.
As evidentes diferenças de idioma, realidade econômica e cultural das mobilizações são reconhecidas, bem como as semelhanças na identificação dos agentes opressores, motivações, ideias e iniciativas dos coletivos. As preocupações locais que deram início às ocupações uniram-se em causas comuns como a democracia real, anti-capitalismo, questões ambientais (agronegócio, alimentos transgênicos, o novo código florestal e a construção de usinas hidrelétricas), a luta das classes trabalhadoras, liberdade, apartidarismo, ação direta.
Pessoas do mundo, ocupem as ruas e façamos o futuro hoje!