Ajude a manter nosso projeto de divulgação acadêmica e anárquica.
O projeto
Uma
rede de apoio é um grupo de pessoas interessadas em ver um rolê
acontecer, se manter e seguir existindo. Depois de 8 anos fazendo livros
e zines de forma absolutamente artesanal, com preços super honestos e
com o objetivo de fazer com que os livros cheguem na mão de mais e mais
pessoas, nós da Editora Monstro do Mares decidimos que nossa jornada
requer mais fôlego para sobreviver, seguir existindo e se envolver em
novas publicações com mais profundidade. Por isso, estamos colocando o
barco nas águas das contribuições recorrentes, formando uma rede de
apoio ao nosso projeto editorial acadêmico e anárquico para seguirmos
navegando!
Neste final de semana vai rolar a II Feira do Livro Anarquista de Belo Horizonte.
Fizemos cerca de 8.000 impressões de livros e zines para enviar ao
evento que acontece nos dias 8 e 9 de Junho, com bônus de festa junina
no domingo dia 10. Nenhuma das pessoas que fazem parte do coletivo da
Monstro dos Mares mora em BH ou na região, mas conseguimos a
solidariedade de compas para distribuir o material. Valeuzão!
No dia 15 de Maio nossa tiragem para o evento estava em 3.000
impressões e a opção seria enviar os materiais pelos Correios, sabendo
que o prazo é em torno de 21 dias. Porém, com as recentes mudanças nas
políticas de preços da empresa, optamos por enviar os materiais por
transportadora, pois a caixa levaria somente cinco dias na estrada,
podendo levar quase o triplo de peso pelo mesmo preço do PAC. Então
optamos por ganhar mais uns dias, produzir mais livros e realizar a
postagem entre os dias 24 e 28 de Maio.
Estávamos super confiantes em participar da feira, enviar bastante
material e fortalecer as leituras das pessoas e bibliotecas dos espaços
ocupados. Seguíamos com nosso cronograma de impressões. Como é do
conhecimento de todas as pessoas, no dia 21 de Maio estourou a greve dos
caminhoneiros e o Brasil se dividiu. O processo de lutas de uma
categoria de trabalhadores nunca deve ser questionado por uma parcela da
esquerda institucionalizada em partidos políticos e seus comitês
disfarçados de sindicatos ou centrais sindicais, tampouco por nós que
temos a insurreição e a luta social como horizonte. Mas estava tudo tão
estranho.
***
A apropriação da greve dos caminhoneiros por parte de empresários do
setor e de segmentos da direita da maçônica, bem como os vexatórios
pedidos de intervenção militar por parte do precariado intelectual
brasileiro deixou no ar uma cara de espanto. Muitas de nós, diante deste
quadro e com nossas forças esgotadas de tantas perseguições e agressões
desde sempre, mas intensificadas desde 2014, optaram por esperar e
verificar os desdobramentos dos acontecimentos nas estradas.
Talvez aqui fique a reflexão mais importante desse processo: Será que
nós anarquistas teremos que esperar por uma insurreição legitimamente
surgida em nossos meios para arregaçarmos as mangas e agir?
A pauta conservadora dos caminhoneiros, suas reivindicações baseadas
somente no próprio lucro e seus custos de operação não contemplam as
necessidades significativas de debate sobre o modelo logístico do país
baseado neste modal, que se utiliza combustíveis fósseis, para atender
um mercado que não pensa nas pessoas; nos limitados recursos naturais;
no ar puro; na mobilidade urbana; no transporte coletivo; na formação de
redes de assistência à cidade; na distribuição de alimentos de maneira
local, sem depender de longas viagens de caminhão; sendo as ferrovias em
sua grande maioria privatizadas e para atender unicamente ao
agronegócio.
Com isso de fato não concordamos com o cenário que instalou nesses
dias, mas ao mesmo tempo nos perguntamos porque não se ascendeu a greve
geral? O que aconteceu nos segmentos de base, nas tendências e nos
movimentos de luta junto à classe trabalhadora que não
conseguiram/conseguimos mobilizar nossa indignação?
Não temos respostas, temos somente muitas perguntas para lidar e
tentar entender quais os tipos de contribuições nós anarquistas podemos
dar e em quais condições? Quem são nossos grupos de mobilização e quais
tarefas estamos realizando para conscientizar as pessoas das injustiças,
da exploração do mercado, da subserviência dos governos e do
oportunismo dos políticos profissionais. Quais são nossas
responsabilidades nisso? Queremos a revolução social, mas como? Quando.
***
Com isso, não foi possível enviar os materiais para a feira em tempo
de garantir nossa participação. Mas queremos que todas compas recebam
nossa saudação e nossa vontade de participar na próxima edição. Que os
ventos possam levar o espectro de solidariedade e que possam surgir bons
debates, movimentações e perspectivas de luta capazes de contribuir com
respostas aos questionamentos que seguem ecoando dentro de nós ao longo
da história.
Recentemente aconteceu em São Paulo a CryptoRave,
um evento tocha onde pessoas se encontram para trocar informações sobre
atividades de segurança, criptografia, hacking, anonimato, privacidade e
liberdade na rede. Um dos pontos que estiveram presentes foi justamente
a questão da comercialização de dados de navegação por parte das
grandes corporações e como isso afeta nossas vidas.
Ao assistir a apresentação “Tor – resistir à distopia da vigilância sem fronteiras!“, de Isabela Bagueros,
optamos por remover os scripts de Google Analytics e Facebook Pixel de
nossa lojinha. Também realizamos uma pesquisa sobre a possibilidade de
realizar compras anônimas ou desativar obrigatoriedades de CPF ou número
de telefone nas compras. Mas devido as políticas e exigências dos meios
de pagamento (outra questão que devemos problematizar) e os recursos
limitados da plataforma de e-commerce que utilizamos, não foram
possíveis essas implementações. Esperamos que em um futuro próximo, em
servidor próprio e serviço Onion. Quem sabe.
Entendemos que há uma necessidade crescente de debates sobre a
privacidade de dados e que de alguma maneira possamos avançar nos direitos de liberdade de expressão
e anonimato para proteger pessoas e comunidades da opressão de
corporações/governos, no acesso à informação e disseminação de
conhecimentos livres, bem como na promoção do bem comum.
Demorou algum tempo para perceber que algumas mudanças são realmente
maiores do que se imagina. Aceitar a beleza da aleatoriedade é o que nos
conduz, mas é também o que nos faz perceber que depois de alguns anos,
existem distâncias maiores do que aquela que podemos traçar no mapa. Ao
ganhar o mundo com as mãos, sem depender diretamente da família ou de
patrão representa uma mudança marcante em nossas
trajetórias pessoais. Pois essa dedicação “quase” exclusiva ao projeto
editorial da Monstro dos Mares tem constituído cada dia mais nossa
própria ideia de Ser no Mundo.
Em 2017 conseguimos um ritmo de produção que ainda
não havíamos experimentado, foram 62.352 impressões. Não temos ideia de
quantos livros e zines esse número representa, tampouco se é muito ou
pouco para uma editora libertária. Mas esse tipo de contabilidade não
serve de nada além de um registro de nosso próprio tempo. Temos a
convicção de que, mesmo sendo detentores de um CNPJ, nós não somos uma
empresa, não seguimos uma lógica mercantilista, ou tampouco queremos ser
administradores, gestores, empreendedores ou nos submetermos a qualquer
modelo de “sucesso”. Danem-se os Best Sellers!
Fazemos livros pois sabemos que neles “há” potencial para
transformação. É na existência dessa possibilidade que acreditamos. É
por causa deste “há” que jogamos tinta no papel e damos andamento
a livros que chegam até as mãos das pessoas. Fazemos o necessário para
que ideias disruptivas possam ganhar mais páginas, permitam ser copiadas
e ganhem quilômetros de distância. É para chegar nas casas, nas ocupas,
nos centros culturais, coletivos, rolês, labs, spaces, sindicatos,
comunas e todo o tipo de congregação que luta por liberdades que se
proponham libertar o universo, a galáxia, o planeta, a natureza, os
animais e inclusive essa maldita raça humana que fazemos livros. É pela possibilidade que há.
É nas mãos desse bicho que se diz racional que todos os objetos que conhecemos tornam-se dotados de significados. É esse ser humano
que é capaz de dar sentido à comunicação, articular ideias, desenvolver
criatividade musical, fazer cinema e literatura. É exatamente o mesmo
que condena outros com a caneta que assina leis contra os direitos da
classe trabalhadora, e que forja leis chamando as manifestações do povo
de terrorismo e de vandalismo, é o mesmo ser que com o fuzil puxa o gatilho e promove guerras que tentam devastar o povo Curdo e Palestino. Este ente todo privilegiado com a capacidade de pensar e fazer livros tem uma mão que mata e promove silêncios na Argentina e no Brasil.
No ano que vem, não queremos apenas nossa companheirada de pé enfrentando o ogro eleitoral, denunciando os abusos da Operação Érebo, fortalecendo a defesa de Rafael Braga,
subindo barricada contra medidas de austeridade e desmandos dos
políticos. No ano que vem queremos que o fogo de nossas ideias
transformem esse modelo de sociedade em cinzas e que desde já, possamos
pensar uma nova realidade!
Em homenagem ao amigo, Brian Matos Silva. Editora Monstro dos Mares Dezembro de 2017.
“Walking to the age of Chaos Burning the Lifes The end of Mankind Shadows and Pain Arrives the Death Opening the Way To Begin Doomsday You! cannot escape Fire! is your Fate The New Reality is Born”
A Editora Artesanal Monstro dos Mares + AntiEditora Editora Libertária, estarão presentes em diversos eventos no mês de Novembro, graças a boa vontade das pessoas que participam deste coletivo publicador em se deslocar por aí e/ou ajudar com doações para custear viagens e impressões de mais e mais exemplares.
– dia 10, Feira do Livro Anarquista de São Paulo
– de 11 a 13, Colóquio Internacional Ciência e Anarquismo da USP
– dias 14, 15, 16 e 17, Aldeia Caiana, Vera Cruz, RS
– dias 15, 16 e 17, IV Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre
– dia 15, Festival Eu Quero é Rock II, Cachoeira do Sul, RS
– dia 16, Lançamento e conversa sobre O ANARQUISMO E SUAS ASPIRAÇÕES, Porto Alegre, RS
– dia 24, Vandalismo Cultural, Pindamonhangaba, SP (http://vai.la/3gi8)
Pedidos, encomendas, doações e informações por inbox ou através do e-mail [email protected]
“Enfie os pés no balde e segure firme na corda enquanto
alguém gira a manivela. Pouco a pouco as paredes escuras do poço pintam
toda a sua visão do mais puro breu, a temperatura baixa e a umidade do
lugar toma conta dos seus ossos.
A corda desce, o balde se movimenta quebrando o silêncio sepulcral do
poço, o eco do tilintar de pequenas pedrinhas e das goteiras dão a
noção aos seus sentidos da altura em que estás, girando pela manivela é
possível perceber que a água está cada vez mais próxima.
Lentamente seus pés mergulham, o corpo inteiro se resfria,
rapidamente os tentáculos abraçam, envolvem e puxam sua carcaça humana
para dentro do estômago do grande monstro. Lá, deslizando pelo tobogã
ondulado da traqueia, repousas solenemente nos braços de seus
companheiros e companheiras de luta para uma reunião.
Ao final do encontro sairás cuspida e mastigadamente, retornarás à
palidez da superfície radiante de energia transformadora (ou pode ser
apenas a baba de todas as conversas). Depois de dias de lutas e noites
de amor, o carinho dos abraços, das rodas de chás e do sono perdido,
serão não somente as boas histórias para contar deste mergulho e
entregas no fundo do poço.”
—
Encontro de apresentação da Editora Artesanal Monstro dos Mares,
debate sobre livros artesanais, recepção de novxs autorxs, inicio das
atividades da garagem cultural biblioteca libertária e a urgência da
literatura marginal nos dias de hoje.
Dia 24/09
19 horas
Rua Dona Hermínia, 2392.
Trazer contribuição para o jantar (dinheiro ou alimentos), se possível.
Cardápio será definido na hora.
Traga seu pendrive, notebook, tablet ou celular para troca troca de arquivos digitais.
Wi-Fi Free
Aceitamos doações de livros, revistas em quadrinhos, filmes em dvd e discos de vinil para o projeto da garagem cultural.