Apresentação de “Abaixo ao trabalho 2ª edição” por Baderna James

Abaixo ao trabalho
Imagens da primeira e segunda edição

A segunda edição de Abaixo ao Trabalho é uma homenagem, uma saudação e lembrança muito querida de um título que circulou durante muitos anos em vários meios graças a atuação da editora Deriva, um coletivo editorial que apresentou a toda uma geração, a possibilidade de realizar livros artesanais de baixo custo sem depender da indústria gráfica e sem amargar com tiragens gigantes.

A experiência de escolher os textos, formatá-los e colocar “pra rodar” é o que forma uma editora. Essa tarefa vem acompanhando coletivos de inspiração anárquica ao curso da história. É possível citar um sem-número de iniciativas genuinamente artesanais que estiveram presentes na formação de leitores dissidentes e libertários. Coletivo Sabotagem, Barba Ruiva, Deriva, Nenhures, Index Librorum Prohibitorum, Erva Daninha, são algumas dessas editoras que colocaram na pista livros feitos um a um, manualmente, nos mais diversos formatos e materiais.

Atualmente, algumas editoras como Imprensa Marginal, Contraciv, Facção Fictícia, Subta e Monstro dos Mares estão em movimento a mais tempo, saudando e inspirando o surgimento de diversas editoras artesanais que se chegam como a Terra Sem Amos (TSA), Adandé, Amanajé, Edições Kisimbi, Lampião, Insurgência, Correria e outros tantos projetos que florescem nos diversos recantos do país.

Relembrar e homenagear a movimentação de compas que fizeram livros com as próprias mãos e celebrar a chegada de tantos outros coletivos nos dá a certeza de que é possível apropriar-se das técnicas e das tecnologias que compõem a produção de livros e zines. Publicar os textos que percorrem o nosso tempo com observações e análises, pesquisas e investigações, relatos e estudos, compõem um conjunto de práticas significativas para formar um retrato da permanência das ideias de autonomia, liberdade, auto-organização e colaboração na luta contra todas as formas de opressão.

Anarquistas, libertárias, autônomas, anárquicas, críticas, dissidentes ou insurgentes, independente das cores e das tintas de cada coletivo editorial artesanal de ontem e de hoje, Abaixo ao Trabalho retorna às ruas, para circular de mão em mão, aproximando pessoas, movimentos, coletivos, grupos e bandos em torno de suas ideias: uma crítica genuína à ideia de trabalho.

Muitas das pessoas que tocam projetos editoriais artesanais já desistiram da possibilidade de se manterem em empregos horríveis, trocando suas liberdades por um salário no final do mês. O livro que você tem em mãos, reúne não apenas um conjunto de ideias, mas espectro de experiências que (re)afirmam a possibilidade de que há diversos modos de multiplicar e se somar as lutas do nosso tempo.

Faça livros, multiplique!

Baderna James, Outubro de 2020.


Quer montar uma editora? 🖨️

Na mais recente edição do Chá da tarde (que você pode assistir no IGTV ou no YouTube), nós respondemos a uma pergunta que aparece frequentemente por aqui: Como montar uma editora?

A Editora Monstro dos Mares apoia e incentiva a proliferação de novas iniciativas editoriais, e uma das decisões que tomamos para 2020 foi a de compartilhar nossas experiências com esse tipo de projeto cada vez mais. A primeira sugestão que fazemos é a leitura do texto “Para publicar – a necessidade de tinta no papel nas publicações anarquistas da atualidade“, por Aragorn!.

O processo de colocar tinta no papel e entregá-los para pessoas que estão interessadas contém um espectro completo de experiências sobre como realmente podemos fazer alguma coisa. Como transformar boas ideias (e mesmo as meia-boca) em sucessos ou fracassos. No papel essas ideias tem um valor próprio, mais do que elogios, críticas e enganos, o resultado é jogar mais ideias para o mundo. O processo de transferir palavras impressas de lá pra cá, de você pra mim, é também a conexão primária que faz existir uma editora para dezenas, centenas ou milhares de pessoas que serão escribas do futuro, feitiçeirxs da anarquia, companheirxs que podem fazer as coisas acontecerem e as melhores amizades que você nunca vai ter.

Aragorn!

Se você, como a gente, sente-se tocada por essas palavras e esse sentimento de conexão com a viagem da tinta no papel, montar uma editora certamente será uma experiência fantástica. Nem tudo será fácil, isso é um fato, mas encontrar soluções, compartilhar experiências, buscar alternativas e entrar em contato com as pessoas sempre traz muita satisfação.

Compartilhamos abaixo algumas reflexões sobre “por onde começar”, baseadas na nossa experiência com a Monstro e com o que aprendemos com outros projetos semelhantes (e diferentes também).

Compartilhe e discuta com seu grupo as seguintes perguntas:

O que você vai publicar?

Materiais com poucas páginas, livros mais grossos? Isso vai ajudar você a descobrir quais ferramentas você vai precisar usar no dia a dia. É legal começar pelo que você já tem disponível para usar, ao invés de começar pensando no que você precisa conseguir. Assim, você mantém a realização da atividade mais perto de você e se motiva a prosseguir. Muitas vezes, conseguir ferramentas é muito mais fácil do que imaginamos. Lembre-se: ferramentas são coisas que você usa. Então, mesmo que você não tenha uma ferramenta própria, pode ser que você consiga coisas emprestadas e doações. Uma tampa de fogão velha ou um pedaço de vidro grosso sem uso no porão de alguém podem ser uma mão na roda pra quem vai refilar no estilete. Use a imaginação, pesquise técnicas e faça adaptações – mas lembre-se de que a sua segurança tem que ficar em primeiro lugar.

Qual o contexto em que seu projeto está inserido?

Sua editora vai fortalecer um movimento que já existe, somar-se a alguma causa, distribuir material gratuito? Assim como o conhecimento, que só existe em contexto, uma editora não é um fim em si mesmo. Ela faz parte de um projeto e precisa fazer sentido dentro de uma comunidade. A Monstro, por exemplo, vende livros para poder distribuir materiais gratuitamente e fortalecer bibliotecas comunitárias, coletivos e pesquisadoras independentes. Em 2019, foram 665 livros e 1.399 zines distribuídos sem nenhum custo.

Quanto tempo você irá dedicar ao projeto?

Saber disso vai te ajudar a escolher os materiais, decidir sobre técnicas, planejar a compra de insumos e a distribuição do material finalizado, e também a organizar o espaço do qual você dispõe. Por exemplo, se você vai dedicar os finais de semana para sua editora, talvez dê para colocar uma mesa no quintal e tocar a montagem do que foi impresso no fim de semana anterior (e ficou guardado em uma caixa debaixo da sua cama).

Que técnicas você irá utilizar?

Se você vai publicar zines, por exemplo, um grampeador comum, uma régua de metal (ou uma barra de metal mesmo), uma caixa de grampo e um estilete são suficientes para criar materiais muito legais. Como está o preço da fotocópia na sua cidade? Uma impressora de cartucho esquecida pode voltar à vida, e é possível aprender a recarregar um cartucho em casa (procure no YouTube!). Vai imprimir apenas em preto ou pensa em usar cores? Quer utilizar papel colorido nas capas ou vai fazer as artes em preto e branco (que podem ficar muito bonitas!)? Uma dica: costurar zines na máquina de costura dá um resultado muito legal, e existem várias técnicas de costura manual lindíssimas para aprender (no YouTube também!). Tendo uma noção dessas técnicas, você vai poder começar a fazer um levantamento dos materiais que você vai precisar e pesquisar preços no comércio da sua cidade ou pela internet.

Como será a distribuição?

Essa pergunta vai ajudar você a pensar na quantidade de material que você vai imprimir e distribuir, e também vai dar uma noção melhor da quantidade dos materiais que você vai precisar e a grana que você vai precisar para comprá-los. Se você vai distribuir em uma banquinha, por exemplo, lembre-se de que papel é uma coisa muito pesada e pode ser que você precise caminhar carregando caixa de zines, mochila, uma garrafa d’água, um pano para abrir no chão. Se você vai distribuir pelos correios, vai precisar de envelopes, fita, papel para embalar, etc.

Qual o espaço de que você dispõe?

Uma mesa que aguente o tranco e um computador são essenciais. Tem espaço para ter uma mesa só para a guilhotina ou base para cortar com estilete, ou vai alternar a mesa entre separação, montagem e corte? Onde você vai guardar os materiais impressos? Quanto mais material impresso, mais a questão do espaço para guardá-los se torna importante.


A Monstro nunca teve um caixa cheio e vistoso, e provavelmente nunca terá. Quando começou, não tinha impressora própria e as ferramentas utilizadas na montagem eram coisas que as pessoas já tinham em casa. Hoje a editora tem quatro impressoras, mas foram oito anos de atividade e muita colaboração para chegar nelas. Ainda temos muito para caminhar e chegar onde sonhamos: continuar realizando todo o processo artesanalmente, aumentar o volume de impressões para chegar a cada vez mais pessoas, e fazer tudo isso com uma infraestrutura mais amigável.

Posso dizer que o que nos move é a curiosidade, a pesquisa, a colaboração, e a prática. Por isso, não temos como responder com um valor fechado, e não queremos fazer isso! A Monstro não é um “negócio” no sentido mais usual da palavra; quer dizer, não é algo que depende de um investimento inicial que precisa ser coberto em um espaço de tempo determinado para que comece a gerar “frutos” – ou seja, valores financeiros. Um número não pode ser impedimento para você realizar aquilo que gosta. Por isso, observe o que está a seu redor e descubra o que você pode começar a fazer a partir do que está à mão. À medida que outras necessidades forem surgindo, busque suas próprias soluções para elas, fale com outras pessoas, pesquise. Não há roteiros nem caminhos definidos, existe a trajetória do que é possível ir fazendo à medida que você faz. Busque inspiração em outros projetos, crie suas respostas e faça livros!

Links que podem ser úteis:

Monte sua Banquinha – Facção Fictícia
Como dobrar zines
Macetes: posição dos grampos

Vídeos no Instagram da Monstro dos Mares

Refilando capa no bisturi
Colando livros de lombada quadrada
Usando a guilhotina de zines
Prensa de zines

Ei pirata! 🏴‍☠️
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2020: coloque a editora do seu movimento/coletivo para navegar

Desde 2012, a Editora Monstro dos Mares vem passando por profundas modificações. Quem acompanha nosso bonde pode perceber que algumas técnicas e o volume de impressão mudaram bastante, mas que a natureza de nossa atividade segue exatamente a mesma: publicar os modos de pensar e as práticas que formam os movimentos de luta social de nosso tempo. Entendemos que existe uma diversidade de ideias que constituem aquilo que pode se definir como “luta social”. Não temos interesse em definições rígidas, pois compreendemos que vivemos em um mundo em constante mudança, no qual pessoas transformam e se transformam de forma ininterrupta. É simples imaginar que práticas de luta e resistência, bem como teorias e epistemologias que questionam o poder, o Estado e o estado de coisas, também estão em movimento. Um livro aberto nunca será estático.

Somos monas, minas e manos agindo para destruir hierarquias, a centralização do poder e a coerção em todas as suas expressões. Nosso posicionamento político-editorial está amarrado às necessidades de quem sofre cotidianamente com as formas de exclusão e precarização da vida. Nos alinhamos aos desejos e estudos de quem se identifica com o questionamento do que está posto e busca, através da autonomia e da solidariedade, a construção de significados para compreender o nosso tempo e lutar contra todas as formas de opressão, por mais subjetivas que pareçam à primeira vista. Essa proposta não impede que as pessoas que integram nosso bonde editorial mantenham seus posicionamentos individuais, sejam filiadas a organizações, etc. Cada pessoa faz sua correria, movimentação de base, atuação em grupos, coletivos e movimentos, ou mesmo seja alguém que utiliza o espaço de produção acadêmica e de pesquisa para contribuir com questionamentos e ideias para compor nosso catálogo de publicações e materiais que escolhemos distribuir.

Editoras são necessárias. Por isso, no ano de 2020 a Monstro dos Mares, além de seguir com seu projeto de divulgação acadêmica anárquica, vai mobilizar seus esforços para ampliar a quantidade de novas editoras. Para cumprir esse objetivo, compartilharemos conhecimentos e aprendizados de métodos de produção e tudo aquilo que estamos aprendendo nesses oito anos de atividade, em que nos envolvemos ainda mais em fazer e distribuir livros e zines. Quando enviamos materiais para singularidades, grupos de estudos, pesquisadoras, bibliotecas, coletivos e movimentos, colocamos em prática aquilo que nos constitui como pessoas que lutam por emancipação, liberdade, apoio mútuo, cooperação e solidariedade em todas as expressões da vida. Distribuir livros é multiplicar ações e compartilhar reflexões.

Convidamos todas as pessoas a somar em nosso propósito de transferir conhecimentos para que mais editoras possam existir, para que mais ideias possam ganhar as páginas das ruas e que mais pessoas possam aprender, instruir e compartilhar saberes e práticas anárquicas e anarquistas. Desde nossa primeira impressão nos alinhamos ao compromisso de fazer com que as palavras, a tinta no papel e a divulgação de ideias de nossas lutas possam ocupar espaço na articulação daquilo que constitui o que chamamos de luta social. Tocar uma editora é dar espaço às possibilidades.

Por um 2020 combativo: publique suas ideias!


abobrinha, baderna, enguia, R., ste, sullivan, tonho, zé.

[reflexão] Para publicar – A necessidade de tinta no papel nas publicações anarquistas da atualidade (por Aragorn!)

Dentro de cada pessoa cínica, há um idealista desapontado.

George Carlin

Se publicar é a prática de colocar tinta no papel e jogar na mão do povo, então criar uma editora é barbada (principalmente se for uma editora anarquista). Embora existam indiscutivelmente mais livros anarquistas sendo publicados do que em qualquer outro momento da história, a quantidade de leitores está diminuindo. Publicações anarquistas, sejam panfletos, jornais e revistas, estão reduzindo no universo inteiro. Cronogramas de publicação sem frequências definidas e diminuição das tiragens, indicam que o tempo do papel pode estar chegando ao fim para os periódicos anarquistas.

O indicador para essa contagem é que tem havido uma correspondente, se não maior, ascensão de publicações anarquistas na internet. Mas será que esse é realmente o caso? Isso vai depender do que você entende por publicação. Por exemplo, no site infoshop.org, podemos encontrar a maior e mais antiga publicação anarquista na web, ao longo de um ano, seria difícil encontrar um grande volume de conteúdo original na parte de notícias (já que é a mais ativa) para preencher as páginas de uma revista. Isto não é uma crítica, mas uma declaração de como uma publicação na internet é qualitativamente diferente de um jornal ou revista, onde republicações são a exceção e não a regra.

Por isso, talvez seja necessário uma definição mais ampla de publicação anarquista. Livrar-se de publicações de tinta e papel, pode ser visto como mais saudável e ecológico do que nunca. Sabemos que esses são dias felizes de discussões sobre os acontecimentos do outro lado do mundo, artigos escritos na semana passada, e detalhes picantes que antigamente teriam levado anos para descobrir sobre os heróis e vilões da anarcolândia (risos). Mas o que perdemos neste mundo novo da informação constante que se limita as telas, as conexões banda larga; especialistas das artes digitais, HTML, CMS, e manipulação de imagens?

O ritmo, o tato, a sedução, o contexto, a simplicidade, clareza, escrita bonita, profundidade, debate informado, e as relações pessoais aos autores é o que perdemos. É bem provável que essas coisas não vão voltar, nem nas publicações anarquistas ou em qualquer outra. Além disso, há uma massa crítica de leitores que deram adeus aos preços de venda; artigos longos demais; autores especializados; nome de editoras; cronogramas lentos de novas publicações e a quantidade de tempo levam para que periódicos possam ser impressos. As pessoas já não esperam impressões, em geral, as editoras que imprimem materiais estão desaparecendo uma a uma. Qualquer editor que deseja ser relevante deve manter uma presença na internet, mas o oposto disso também é verdade. O movimento em direção ao digital (evidenciado pelo número crescente de versões “apenas pdf” de publicações anarquistas) e incapacidade de um número maior de projetos capazes de ganhar voz própria é uma demonstração dos tempos sombrios que temos pela frente. Claro, haverá mais palavras, mais coisas jogadas contra as paredes digitais na esperança de ficar, mas isso não vai ser notado. Na melhor das hipóteses um novo tipo de elite virtual (que já existe e se diz dona de muitos espaços anti-autoritários) vão se virar na direção de um texto e pipocar novos links. E assim vão continuar na próxima semana. Até pintar a próxima coisa, a próxima falsa controvérsia, o próximo prazer, a próxima distração.

Isso é bem diferente do que acontece num zine, do mais humilde ao mais fantástico, até mesmo uma revista de crítica anarquista no fundo da mochila de um viajante. A tinta no papel contém mais possibilidades de serem redescobertos muitos anos depois, de encontrar um novo público. Editoras anarquistas de nossos tempos devem emergir como uma solução para um problema novo, que neste momento parece ser mais grave do que a própria extinção de editoras no século passado. Se a ideia de vivermos livres de coerção significou em algum momento vivermos livre do trampo de imprimir e distribuir, isto não tem se mostrado uma boa ideia. Existe um mercadão de ideias, nossas premissas de liberdade e anarquia já não parecem ser muito convidativas. O caminho é solitário e perigoso. Pode parecer pouco evidente, mas o processo de desejar a liberdade anarquista, de articular um mundo diferente enquanto estiver sob coação, é parte do processo para se tornar uma pessoa informada e educada ao longo da vida anarquista, tal como ler as palavras dos velhos anarquistas, ou o famoso FAQ.

O processo de colocar tinta no papel e entregá-los para pessoas que estão interessadas contém um espectro completo de experiências sobre como realmente podemos fazer alguma coisa. Como transformar boas ideias (e mesmo as meia-boca) em sucessos ou fracassos. No papel essas ideias tem um valor próprio, mais do que elogios, críticas e enganos, o resultado é jogar mais ideias para o mundo. O processo de transferir palavras impressas de lá pra cá, de você pra mim, é também a conexão primária que faz existir uma editora para dezenas, centenas ou milhares de pessoas que serão escribas do futuro, feitiçeirxs da anarquia, companheirxs que podem fazer as coisas acontecerem e as melhores amizades que você nunca vai ter.

Por Aragorn!
Versão para o português por Vertov

[evento] No fundo do poço habita o monstro

“Enfie os pés no balde e segure firme na corda enquanto alguém gira a manivela. Pouco a pouco as paredes escuras do poço pintam toda a sua visão do mais puro breu, a temperatura baixa e a umidade do lugar toma conta dos seus ossos.

A corda desce, o balde se movimenta quebrando o silêncio sepulcral do poço, o eco do tilintar de pequenas pedrinhas e das goteiras dão a noção aos seus sentidos da altura em que estás, girando pela manivela é possível perceber que a água está cada vez mais próxima.

Lentamente seus pés mergulham, o corpo inteiro se resfria, rapidamente os tentáculos abraçam, envolvem e puxam sua carcaça humana para dentro do estômago do grande monstro. Lá, deslizando pelo tobogã ondulado da traqueia, repousas solenemente nos braços de seus companheiros e companheiras de luta para uma reunião.

Ao final do encontro sairás cuspida e mastigadamente, retornarás à palidez da superfície radiante de energia transformadora (ou pode ser apenas a baba de todas as conversas). Depois de dias de lutas e noites de amor, o carinho dos abraços, das rodas de chás e do sono perdido, serão não somente as boas histórias para contar deste mergulho e entregas no fundo do poço.”

Encontro de apresentação da Editora Artesanal Monstro dos Mares, debate sobre livros artesanais, recepção de novxs autorxs, inicio das atividades da garagem cultural biblioteca libertária e a urgência da literatura marginal nos dias de hoje.

Dia 24/09
19 horas
Rua Dona Hermínia, 2392.
Trazer contribuição para o jantar (dinheiro ou alimentos), se possível.
Cardápio será definido na hora.

Traga seu pendrive, notebook, tablet ou celular para troca troca de arquivos digitais.
Wi-Fi Free

Aceitamos doações de livros, revistas em quadrinhos, filmes em dvd e discos de vinil para o projeto da garagem cultural.

www.monstrodosmares.com.br

[evento] No fundo do poço habita o monstro

“Enfie os pés no balde e segure firme na corda enquanto alguém gira a manivela. Pouco a pouco as paredes escuras do poço pintam toda a sua visão do mais puro breu, a temperatura baixa e a umidade do lugar toma conta dos seus ossos.

A corda desce, o balde se movimenta quebrando o silêncio sepulcral do poço, o eco do tilintar de pequenas pedrinhas e das goteiras dão a noção aos seus sentidos da altura em que estás, girando pela manivela é possível perceber que a água está cada vez mais próxima.

Lentamente seus pés mergulham, o corpo inteiro se resfria, rapidamente os tentáculos abraçam, envolvem e puxam sua carcaça humana para dentro do estômago do grande monstro. Lá, deslizando pelo tobogã ondulado da traqueia, repousas solenemente nos braços de seus companheiros e companheiras de luta para uma reunião.

Ao final do encontro sairás cuspida e mastigadamente, retornarás à palidez da superfície radiante de energia transformadora (ou pode ser apenas a baba de todas as conversas). Depois de dias de lutas e noites de amor, o carinho dos abraços, das rodas de chás e do sono perdido, serão não somente as boas histórias para contar deste mergulho e entregas no fundo do poço.”

Encontro de apresentação da Editora Artesanal Monstro dos Mares, debate sobre livros artesanais, recepção de novxs autorxs, inicio das atividades da garagem cultural biblioteca libertária e a urgência da literatura marginal nos dias de hoje.

Dia 24/09
19 horas
Rua Dona Hermínia, 2392.
Trazer contribuição para o jantar (dinheiro ou alimentos), se possível.
Cardápio será definido na hora.

Traga seu pendrive, notebook, tablet ou celular para troca troca de arquivos digitais.
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Aceitamos doações de livros, revistas em quadrinhos, filmes em dvd e discos de vinil para o projeto da garagem cultural.

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