A Editora Artesanal Monstro dos Mares + AntiEditora Editora Libertária, estarão presentes em diversos eventos no mês de Novembro, graças a boa vontade das pessoas que participam deste coletivo publicador em se deslocar por aí e/ou ajudar com doações para custear viagens e impressões de mais e mais exemplares.
– dia 10, Feira do Livro Anarquista de São Paulo – de 11 a 13, Colóquio Internacional Ciência e Anarquismo da USP – dias 14, 15, 16 e 17, Aldeia Caiana, Vera Cruz, RS – dias 15, 16 e 17, IV Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre – dia 15, Festival Eu Quero é Rock II, Cachoeira do Sul, RS – dia 16, Lançamento e conversa sobre O ANARQUISMO E SUAS ASPIRAÇÕES, Porto Alegre, RS – dia 24, Vandalismo Cultural, Pindamonhangaba, SP (http://vai.la/3gi8)
Pedidos, encomendas, doações e informações por inbox ou através do e-mail [email protected]
Dentro de cada pessoa cínica, há um idealista desapontado.
George Carlin
Se publicar é a prática de colocar tinta no papel e jogar na mão do povo, então criar uma editora é barbada (principalmente se for uma editora anarquista). Embora existam indiscutivelmente mais livros anarquistas sendo publicados do que em qualquer outro momento da história, a quantidade de leitores está diminuindo. Publicações anarquistas, sejam panfletos, jornais e revistas, estão reduzindo no universo inteiro. Cronogramas de publicação sem frequências definidas e diminuição das tiragens, indicam que o tempo do papel pode estar chegando ao fim para os periódicos anarquistas.
O indicador para essa contagem é que tem havido uma correspondente, se não maior, ascensão de publicações anarquistas na internet. Mas será que esse é realmente o caso? Isso vai depender do que você entende por publicação. Por exemplo, no site infoshop.org, podemos encontrar a maior e mais antiga publicação anarquista na web, ao longo de um ano, seria difícil encontrar um grande volume de conteúdo original na parte de notícias (já que é a mais ativa) para preencher as páginas de uma revista. Isto não é uma crítica, mas uma declaração de como uma publicação na internet é qualitativamente diferente de um jornal ou revista, onde republicações são a exceção e não a regra.
Por isso, talvez seja necessário uma definição mais ampla de publicação anarquista. Livrar-se de publicações de tinta e papel, pode ser visto como mais saudável e ecológico do que nunca. Sabemos que esses são dias felizes de discussões sobre os acontecimentos do outro lado do mundo, artigos escritos na semana passada, e detalhes picantes que antigamente teriam levado anos para descobrir sobre os heróis e vilões da anarcolândia (risos). Mas o que perdemos neste mundo novo da informação constante que se limita as telas, as conexões banda larga; especialistas das artes digitais, HTML, CMS, e manipulação de imagens?
O ritmo, o tato, a sedução, o contexto, a simplicidade, clareza, escrita bonita, profundidade, debate informado, e as relações pessoais aos autores é o que perdemos. É bem provável que essas coisas não vão voltar, nem nas publicações anarquistas ou em qualquer outra. Além disso, há uma massa crítica de leitores que deram adeus aos preços de venda; artigos longos demais; autores especializados; nome de editoras; cronogramas lentos de novas publicações e a quantidade de tempo levam para que periódicos possam ser impressos. As pessoas já não esperam impressões, em geral, as editoras que imprimem materiais estão desaparecendo uma a uma. Qualquer editor que deseja ser relevante deve manter uma presença na internet, mas o oposto disso também é verdade. O movimento em direção ao digital (evidenciado pelo número crescente de versões “apenas pdf” de publicações anarquistas) e incapacidade de um número maior de projetos capazes de ganhar voz própria é uma demonstração dos tempos sombrios que temos pela frente. Claro, haverá mais palavras, mais coisas jogadas contra as paredes digitais na esperança de ficar, mas isso não vai ser notado. Na melhor das hipóteses um novo tipo de elite virtual (que já existe e se diz dona de muitos espaços anti-autoritários) vão se virar na direção de um texto e pipocar novos links. E assim vão continuar na próxima semana. Até pintar a próxima coisa, a próxima falsa controvérsia, o próximo prazer, a próxima distração.
Isso é bem diferente do que acontece num zine, do mais humilde ao mais fantástico, até mesmo uma revista de crítica anarquista no fundo da mochila de um viajante. A tinta no papel contém mais possibilidades de serem redescobertos muitos anos depois, de encontrar um novo público. Editoras anarquistas de nossos tempos devem emergir como uma solução para um problema novo, que neste momento parece ser mais grave do que a própria extinção de editoras no século passado. Se a ideia de vivermos livres de coerção significou em algum momento vivermos livre do trampo de imprimir e distribuir, isto não tem se mostrado uma boa ideia. Existe um mercadão de ideias, nossas premissas de liberdade e anarquia já não parecem ser muito convidativas. O caminho é solitário e perigoso. Pode parecer pouco evidente, mas o processo de desejar a liberdade anarquista, de articular um mundo diferente enquanto estiver sob coação, é parte do processo para se tornar uma pessoa informada e educada ao longo da vida anarquista, tal como ler as palavras dos velhos anarquistas, ou o famoso FAQ.
O processo de colocar tinta no papel e entregá-los para pessoas que estão interessadas contém um espectro completo de experiências sobre como realmente podemos fazer alguma coisa. Como transformar boas ideias (e mesmo as meia-boca) em sucessos ou fracassos. No papel essas ideias tem um valor próprio, mais do que elogios, críticas e enganos, o resultado é jogar mais ideias para o mundo. O processo de transferir palavras impressas de lá pra cá, de você pra mim, é também a conexão primária que faz existir uma editora para dezenas, centenas ou milhares de pessoas que serão escribas do futuro, feitiçeirxs da anarquia, companheirxs que podem fazer as coisas acontecerem e as melhores amizades que você nunca vai ter.
“Enfie os pés no balde e segure firme na corda enquanto
alguém gira a manivela. Pouco a pouco as paredes escuras do poço pintam
toda a sua visão do mais puro breu, a temperatura baixa e a umidade do
lugar toma conta dos seus ossos.
A corda desce, o balde se movimenta quebrando o silêncio sepulcral do
poço, o eco do tilintar de pequenas pedrinhas e das goteiras dão a
noção aos seus sentidos da altura em que estás, girando pela manivela é
possível perceber que a água está cada vez mais próxima.
Lentamente seus pés mergulham, o corpo inteiro se resfria,
rapidamente os tentáculos abraçam, envolvem e puxam sua carcaça humana
para dentro do estômago do grande monstro. Lá, deslizando pelo tobogã
ondulado da traqueia, repousas solenemente nos braços de seus
companheiros e companheiras de luta para uma reunião.
Ao final do encontro sairás cuspida e mastigadamente, retornarás à
palidez da superfície radiante de energia transformadora (ou pode ser
apenas a baba de todas as conversas). Depois de dias de lutas e noites
de amor, o carinho dos abraços, das rodas de chás e do sono perdido,
serão não somente as boas histórias para contar deste mergulho e
entregas no fundo do poço.”
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Encontro de apresentação da Editora Artesanal Monstro dos Mares, debate sobre livros artesanais, recepção de novxs autorxs, inicio das atividades da garagem cultural biblioteca libertária e a urgência da literatura marginal nos dias de hoje.
Dia 24/09 19 horas Rua Dona Hermínia, 2392. Trazer contribuição para o jantar (dinheiro ou alimentos), se possível. Cardápio será definido na hora.
Traga seu pendrive, notebook, tablet ou celular para troca troca de arquivos digitais.
Wi-Fi Free
Aceitamos doações de livros, revistas em quadrinhos, filmes em dvd e discos de vinil para o projeto da garagem cultural.
A Sarita Cartonera surgiu no início de 2004 com quatro títulos. “Naquela época haviam poucos editores independentes no Peru e tivemos muito barulho por causa disso. Os autores e a imprensa nos trataram muito bem, mesmo sem as livrarias aceitarem os livros”, disse Jaime Vargas Luna, presidente da Aliança Peruana de Publicadores, além de dirigir uma editora chamada [sic]. A mudança se deu durante a Feira do Livro de Lima em 2005, quando Sarita, como sem preconceitos, cheia de coloridos e feliz, lançou o Underwood Portátil Modelo 1915, de Mario Bellatin. “Como a única edição do livro disponível foi a nossa, vendemos muito bem. Isso fez com que uma rede de livrarias distribuísse o título em suas lojas, bem como todos os demais do catálogo” recorda o editor. O catálogo atualmente conta com cerca de quarenta títulos.
“Sarita Colonia é o nome do ícone mais popular de Lima, talvez até peruano – revela Vargas Luna. É uma santa não-oficial, não católica. É a santa dos motoristas de ônibus e das prostitutas. Era o nome perfeito para o que queríamos.”
No início, os fundadores da Sarita publicavam apenas títulos inéditos de escritores peruanos, porém com o surgimento de outras editoras independentes mudou sua estratégia e decidiu-se publicar escritores latino-americanos que os livros simplesmente não chegam ao Peru ou que são inacessíveis. Luna Vargas sustenta que todas as experiências cartoneras compartilham um horizonte semelhante. “O objetivo final tem a ver com a necessidade de trazer a literatura para as ruas e mostrar a rua na literatura, atravessar fronteiras e criar movimentos coletivos. As publicações artesanais tem suas formas de descobertas e de pesquisa, há um espírito mais ou menos anarquista e que desfaz o sagrado, que envolve todos nós.