Resenha: O índio no cinema brasileiro e o espelho recente, de Juliano Gonçalves da Silva

o índio no cinema brasileiro

Sobre o autor

Juliano Gonçalves da Silva é Mestre em Multimeios pela Unicamp e Doutorando do Programa de Pós-Graduação em História na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, onde pesquisa a representação de personagens indígenas no cinema latino-americano.


Resenha

Por Claudia Mayer
Doutora em Letras Inglês (PPGI-UFSC)
Estudos Literários e Culturais

Em O índio no cinema brasileiro e o espelho recente, Juliano aborda a representação de personagens indígenas no cinema ficcional brasileiro, fornecendo de um levantamento dos filmes que apresentam tais personagens. Esse levantamento começa em 1911, quando Juliano identifica o primeiro filme de ficção com personagens indígenas, atravessando as décadas até chegar aos anos 2000.

Para realizar essa inventariação, além de consultar fitas VHS, exibições, e cinematecas, o autor acessa fontes como artigos de jornais, resenhas, cartazes e entrevistas. Assim, é capaz de construir um panorama tão completo quanto possível, incluindo nele filmes perdidos; isto é, dos quais não existem mais cópias. Esse aspecto da obra a torna atraente para quem pesquisa ou estuda as áreas da Antropologia, das Ciências Sociais e do Cinema, e também para o público que se interessa pelo cinema brasileiro e pelo cinema de maneira geral.

Além da significativa contribuição para a conservação da história do nosso cinema, O índio no cinema brasileiro e o espelho recente traz às leitoras e leitores a importante reflexão sobre o impacto cultural das representações ficcionais sobre a existência real dos povos indígenas ao discutir como o cinema ficional produz, reproduz e contraria os estereótipos constituídos acerca dos indígenas, que permeiam o imaginário da cultura brasileira. É por isso que o autor faz uma diferenciação entre os termos “índio” e “indígena”: enquanto o primeiro se refere à imagem ficcional estereotipada, o segundo é utilizado para se referir aos indígenas reais — que, sem sombra de dúvida, têm suas vidas e culturas impactadas pelas imagens veiculadas pela cultura hegemônica.

O livro O índio no cinema brasileiro e o espelho recente, de Juliano Gonçalves da Silva, está sendo produzido por meio de uma campanha de financiamento coletivo. Essa campanha dará suporte a todo o processo editorial e à distribuição da obra. É importante ressaltar que parte do projeto de financiamento coletivo inclui a distribuição gratuita do livro para bibliotecas comunitárias, coletivos e pesquisadoras acadêmicas e independentes. Com isso, o projeto ultrapassa o alcance individual de cada livro e busca atingir a sociedade como um todo.

Além disso, a proposta editorial contribui para a difusão do conhecimento produzido nas universidades públicas do país, ao levar para o público dentro e fora dos ambientes de pesquisa acadêmicos livros de baixo e baixíssimo custo e via distribuição gratuita. Soma-se a isso a publicação em Copyleft; isto é, a obra pode e deve ser distribuída sem o pagamento de direitos autorais. Dessa forma, reforça-se o compromisso com a produção de conhecimento livre, para todas as pessoas e por todas as pessoas.


Financiamento coletivo

Para contribuir com a realização desse projeto, acesse o site https://www.catarse.me/oindionocinemabrasileiro.
As doações iniciam em R$ 10,00.

Mais informações podem ser obtidas em nossos canais de comunicação:
E-mail: [email protected]
Instagram: @monstrodosmares
Facebook: fb.com/monstrodosmares
Telegram: Grupo – @editoramonstrodosmares; Canal – @monstrodosmares
Correios: Caixa Postal 1560, Ponta Grossa – PR, CEP 84071-981.
Sobre: Quem faz a Monstro dos Mares?


Vídeo de apresentação

Apoie o financiamento coletivo do livro “O índio no cinema brasileiro e o espelho recente” de Juliano Gonçalves da Silva no Catarse -> http://catarse.me/oindionocinemabrasileiro

“Ninguém que não deseje a tua libertação total pode ser considerado teu aliado”

NINGUÉM QUE NÃO DESEJE A TUA LIBERTAÇÃO TOTAL PODE SER CONSIDERADO TEU ALIADO

Se não se estender a crítica do fascismo à democracia, capitalismo, às prisões, às pátrias, ao patriarcado, à propriedade, ao especismo e a qualquer regime que envolva sermos governadxs: estamos a nos condenar a um emaranhado histórico único que só acabará para dar lugar a um planeta inabitável. Os social-democratas eleitoralistas estão confortáveis demais ao condenar as atrocidades da direita e ao esconder as suas próprias, querem é estar nas ruas e no governo ao mesmo tempo.

Os regimes autoritários ganham terreno, rápida e eficientemente, porque os objetivos que perseguem são medíocres: não há nenhuma complexidade em submeter os outros através das armas, impostos, mentiras e propaganda – 90% dos projetos políticos estão comprometidos é com isso (toda a infraestrutura necessária já está construída e a funcionar).

Na realidade, ninguém que te trate como massa doutrinável, ninguém que entenda a luta como um passatempo a fazer de vítima e alheio à tua capacidade criativa e ofensiva, ninguém que não deseje a tua libertação total pode ser considerado teu aliado.

Anarquistas

Download em pdf em português, em inglês e espanhol

Via ContraInfo.

[Autor convidado] Hoje, 29 de janeiro, é Dia da Visibilidade Trans. Por Luiz Fernando Prado Uchôa.

Apresentação

Considerando a urgência das diversas lutas pela libertação de todas as pessoas e a resistência contra toda e qualquer forma de opressão, convidamos a comunidade que nos acompanha a tirar um tempo para refletir sobre quanto da diversidade sexual, de gênero e das sexualidades existe em nossas vidas, nos nossos contatos, nas oportunidades a que temos acesso e nas nossas redes de afeto e companheirismo.

Podemos começar nos fazendo algumas perguntas. Estamos, efetivamente, vivendo em comunidades que não apenas toleram, mas também apoiam e se reconstroem pela presença de pessoas trans? Prestamos a devida atenção às reivindicações levantadas por esse grupo, quando não fazemos parte dele, em nosso dia a dia? Sendo pessoas cis, levantamos a voz quando presenciamos atos de violência transfóbica, ou tratamos a luta pela transfobia como algo que “não nos pertence” e, por isso, nos silenciamos?

É papel das pessoas cis lutar junto à comunidade trans contra a transfobia. Isso não significa que estamos ocupando um lugar de fala que não é nosso, pois a transfobia é parte do que constitui, por exclusão, a cisgeneridade. Por isso, ao recorrermos ao silêncio frente a situações de violência transfóbica estaremos recaindo em uma postura acovardada, que reforça ainda mais a diferenciação das pessoas de acordo com a configuração de seus corpos e a hierarquia heteronormativa.

Lutar pela liberdade é uma atividade constante e desafiadora, que não consiste apenas em desafiar os poderes hegemônicos externos a nós: consiste também em desafiar e rejeitar aquilo que em nós reproduz e sustenta tais poderes. Convidamos, portanto, todas as pessoas a repensar suas ações dentro de nossas lutas contra a opressão e incluir, conscientemente, as pautas elaboradas e vividas pela comunidade trans. A liberdade só o é quando válida e efetiva para todas e todos.

Neste dia de luta, chamada à conscientização e visibilidade, trazemos uma carta às pessoas trans escrita por Luiz Fernando Prado Uchôa. Luiz é jornalista, professor e militante LGBT, e terá seu livro sobre transmasculinidades publicado em breve pela Editora Monstro dos Mares. Generosamente, Luiz compartilha sua percepção de vida através do prisma construído por sua experiência, que você pode conhecer no texto abaixo e em outras publicações escritas por ele.

Valeu, Luiz! Força na luta, e conte com a gente.

Claudia Mayer
Editora geral Monstro dos Mares


O que fazer quando a gente tem a sensação de não-pertencimento?

Nesse tempo em que estive sem escrever novos artigos aqui no PPQO, participei de eventos de militância e ativismo nos quais tive a oportunidade de estar com outras categorias existentes no movimento social. Percebi o quanto falar de transexualidade ainda é tabu ou tido como assunto complicado para ser abordado.

Tive a oportunidade de estar com pessoas cis (héteros, gays e lésbicas) em conversas informais nos espaços, e iniciei muitos diálogos sobre as diferenças de orientação sexual e identidade de gênero, usando-as como exemplo. A partir disso, os diálogos se tornaram bem fluidos. Eles passaram a entender que se sentir em um determinado gênero em nada se relaciona com vestimentas, acessórios ou por quem se manifesta o desejo sexual/amoroso.

Relatei o início de minha jornada e as dificuldades enfrentadas dentro e fora do meio LGBT para expor minha real identidade de gênero, além das vitórias obtidas, como retificação de nome e gênero, acompanhamento médico para a transição, e outras que se encontram pendentes com relação ao meu corpo. Também expus o por que de expor minha transição, seja via entrevistas para jornais, revistas e/ou programas de televisão, e outras ações.

Série de TV

Fui convidado para participar da abertura da série “Quem Sou Eu”, exibida pelo “Fantástico”, exibida por três domingos seguidos na TV Globo, que relatou a trajetória de mulheres transexuais e homens trans em diferentes fases da vida. Apesar de meus posicionamentos contrários à emissora, entendi que deveria participar para ter a oportunidade de fazer apontamentos com relação ao conteúdo para um público que não tem acesso a essas discussões. Por possuírem uma vida mecanizada, que jamais lhe proporciona oportunidades de se conhecer outras realidades.

Independente do “Fantástico” e alguns programas da emissora como intenção falar do tema com o propósito de divulgar a novela ‘A Força do Querer’, atualmente exibida às 21 h, penso que os militantes e ativistas devem se aproveitar dessas raras oportunidades em canais de TV aberta para explicar, pacientemente, tendo como premissa propagar o tema da forma correta. Além, claro, de ouvir os mais diversos questionamentos a respeito do conteúdo explanado e, dessa forma, conseguir simpatizantes em prol da diversidade sexual e de gênero.

Nesse tempo afastado de minha coluna, vivenciei uma relação intensa, apesar de ter tido pouca duração. Mas ela me deixou marcas profundas e a depressão me atingiu em cheio e, por isso, não tive forças para escrever e expor minhas impressões acerca da realidade sociopolítica do País.

Dois anos

O que permeava meus pensamentos era o fato de ter esperado dois anos para viver esse relacionamento de forma plena e, de repente, ele acabou sem grandes explicações. Agora ele está praticamente casado com outra pessoa, e exibe essa felicidade nas redes sociais. Pessoas próximas a mim curtem essas fotos e desejam felicidades ao novo casal.

A exibição pública dos momentos cotidianos dos dois e interação constante desses meus amigos e conhecidos nestas publicações me doem profundamente, apesar de ser poligâmico e poliamorista e, por esta razão, não sentir ciúme ou algum outro sentimento possessivo por ele ou por qualquer outra pessoa. Mas o que me deixa magoado nessa breve história foram a falta de diálogo, as discussões e ter sido informado da nova relação por meio das redes sociais.

Com isso, as palavras simplesmente me escaparam por completo e tive de mergulhar em uma jornada de autoconhecimento nos mais diversos campos sociais. O sentimento de vazio estava presente, apesar de seguir com as minhas atividades de militância e ativismo em ritmo normal.

Conflito

A dissidência em ser um homem habitando um corpo com características ainda femininas é algo que me deixa em desvantagem no quesito relação amorosa e, às vezes, sexual. Essa prisão corpórea me confronta com a dolorosa realidade de serem as raras vezes atingir a plenitude em um ato sexual por mais que seja momentânea.

Por esses dias fui em um evento de samba feito por mulheres negras num espaço de resistência negra, e aquelas músicas me transportaram para outra dimensão. Tentei em vão interagir, mas, em sua maioria, lá estavam lésbicas e bissexuais cis, e fui visto com desconfiança e até certo repúdio por elas. Os poucos gays que lá estavam só interagiam com suas amigas ou estavam acompanhados.

Percebendo o não pertencimento àquele local, fui embora com a lembrança das boas músicas e das poucas conversas tidas a fim de ter forças para as atividades agendadas para o dia seguinte.

Após as reuniões fui para um bar no Largo do Arouche ouvir músicas e observar os frequentadores. Aquele lugar não me pertencia e, em vão, tentei expor para alguns contatos de redes sociais minhas dores. Até que um amigo foi me encontrar e, de lá, fomos para um barzinho na rua Fradique Coutinho para encontrarmos umas pessoas de um grupo de WhatsApp de poliamor, do qual sou membro.

Poliamor

A decoração do local era muito interessante e divertida por ter como proposta uma certa informalidade. Quando cheguei com meu amigo, avistamos cinco pessoas do grupo que estavam lá preocupadas em exibir uma certa liberalidade. Na compartida do discurso proferido por estes poliamoristas, o padrão cis hétero lá predominava no sentido da aparência física, papéis demarcados de gênero e também aos assuntos vigentes.

No fim da noite, me vi só e tendo de lidar com a solidão, do modelo mais latente de todos. Caminhei até a estação de metrô, à frente dos barzinhos e as entradas das boates, e vi aquele mar de gente. Transpareciam enorme felicidade por estarem com roupas descoladas, ao lado de uma pessoa bonita ou rodeados de amigos ou colegas e, mesmo sendo superficiais, estavam acompanhados. De alguma forma, estavam se divertindo, enquanto eu, caminhando sozinho na multidão de rostos, seguia para algum lugar que me levasse em segurança para a casa.

Com a mente entorpecida diante das conversas e reproduções de machismo e misoginia ouvidas no encontro, logo pensei no que suportei na escola em que trabalhei para ter uma renda mínima e, assim, sobreviver nessa sociedade capitalista e desumana. Tive sérios desgastes psicológicos, e mesmo em uma conjuntura desfavorável ponderei os prós e contras antes de me desligar oficialmente daquele emprego.

Seguir a vida

Hoje tenho gana de explorar outras vertentes profissionais, e me lançar a novos desafios sem nenhum tipo de trava que vise me limitar como pessoa ou profissional. As lições aprendidas nessa pausa de minha coluna no PPQO e de outros projetos são:

  • Por mais que a liberalidade reine em uma determinada conjectura, JAMAIS pense que ela será aplicada a corpos distintos do padrão cis heteronormativo enquanto não houver uma sociedade mais igualitária e uma educação que culmine para este cenário. Por isso, temos de seguir na luta apesar das adversidades vindas de todos os lados;
  • Nunca espere que alguém lhe respeite ou lhe ame. Se você estiver disposto a aceitar todo tipo de ofensa e descaso só para tê-lo em sua vida;
  • Não espere a compreensão dos outros com relação aos seus problemas, independente de quais sejam por elas estarem mais focadas em si mesmas. Cabe a você encontrar um refúgio para tratar seus problemas, seja com um terapeuta ou em centros de apoios como o Centro de Valorização da Vida;
  • A melhoria em sua vida só estará disponível quando você estiver disposto(a) a repensar suas escolhas e recomeçar INFINITAS vezes, sem se importar com o julgamento alheio;
  • Por mais difícil que seja, BUSQUE ocupar a mente com novos aprendizados e novas experiências. E, dessa forma, estará construindo novos alicerces a fim de superar os infortúnios que a vida lhe trouxer;
  • JAMAIS aceite qualquer tipo de humilhação para ter uma certa segurança financeira. Saiba que novas oportunidades surgirão se estiver disposto(a) a aceitá-las;
  • Por mais que a conjectura político-social esteja complicada, UNA-SE a coletivos ou grupos, mesmo que a vertente de atuação não seja diretamente envolvida com a sua. Só com a união de diferentes pensamentos e ações construiremos um país igualitário de fato;
  • FACEBOOK e WHATSAPP não são portais de notícias, e nem possuem especialistas teóricos dos mais diversos assuntos. Então busque múltiplas formas de acessar as informações. Em tempo algum acredite em verdades singulares;
  • Observe mais e fale menos. Para, desta forma, captar o que está por trás do discurso proferido;
  • Nunca seja empático com o objetivo de atrair compartilhamentos em seus posts ou simpatia de determinados segmentos sociais;
  • Por mais que deseje o melhor para uma pessoa querida, NUNCA se esqueça de seus planos ou projetos para se dedicar completamente a ela;
  • A literatura é uma boa opção para expressar seus pensamentos. Tenha sempre consigo um bloco para anotar seus pensamentos e, com isso, envolver-se neles por completo. E, se preferir outra expressão artística, faça-a sem limitá-la a qualquer critério estético;
  • ENTREGUE-SE à vida por completo sem nenhum tipo de pudor ou receio e, busque a sua felicidade nos pequenos detalhes que ela lhe ofertar.

Publicado originalmente em: http://www.paupraqualquerobra.com.br/2017/04/12/gente-sensacao-nao-pertencimento-luiz-fernando-uchoa/

Luiz Fernando Prado Uchôa, jornalista, professor de inglês e espanhol, idealizador do blog Arco Iris Literário, que tem como objetivo difundir literatura LGBT através de resenhas literárias, colaborador da revista Sync e Coordenador do Núcleo de transmasculinidades da rede família Stronger.

Manifesto da Guerrilha do Livre Acesso – Aaron Swartz

Aaron Swartz (8.11.1986 – 11.01.2013)

Informação é poder. Mas, como todo o poder, há aqueles que querem mantê-lo para si
mesmos. A herança inteira do mundo científico e cultural, publicada ao longo dos séculos em
livros e revistas, é cada vez mais digitalizada e trancada por um punhado de corporações
privadas. Quer ler os jornais apresentando os resultados mais famosos das ciências? Você vai
precisar enviar enormes quantias para editoras como a Reed Elsevier.

Há aqueles que lutam para mudar essa situação. O Movimento Livre Acesso (Open Access)
tem lutado bravamente para garantir que os cientistas não assinem seus direitos autorais por
aí, mas, em vez disso, assegura que seu trabalho é publicado na internet, sob termos que
permitem o acesso a qualquer um. Mas, mesmo nos melhores cenários, o trabalho deles só
será aplicado a coisas publicadas no futuro. Tudo até agora terá sido perdido.

Esse é um preço muito alto a pagar. Obrigar pesquisadores a pagar para ler o trabalho dos
seus colegas? Digitalizar bibliotecas inteiras mas apenas permitindo que o pessoal da Google
possa lê-las? Fornecer artigos científicos para aqueles em universidades de elite do Primeiro
Mundo, mas não para as crianças no Sul Global? Isso é escandaloso e inaceitável.

“Eu concordo”, muitos dizem, “mas o que podemos fazer? As empresas que detêm direitos
autorais fazem uma enorme quantidade de dinheiro com a cobrança pelo acesso, e é
perfeitamente legal – não há nada que possamos fazer para detê-los.” Mas há algo que
podemos, algo que já está sendo feito: podemos contra-atacar.

Aqueles com acesso a esses recursos – estudantes, bibliotecários, cientistas – a vocês foi dado
um privilégio. Vocês começam a se alimentar nesse banquete de conhecimento, enquanto o
resto do mundo está bloqueado. Mas vocês não precisam – na verdade, moralmente, não
podem – manter este privilégio para vocês mesmos. Vocês têm o dever de compartilhar isso
com o mundo. E vocês têm que negociar senhas com colegas, preencher pedidos de
download para amigos.

Enquanto isso, aqueles que foram bloqueados não estão em pé de braços cruzados. Vocês vêm se esgueirando através de buracos e escalado cercas, libertando as informações
trancadas pelos editores e compartilhando-as com seus amigos.

Mas toda essa ação se passa no escuro, num escondido subsolo. É chamada de roubo ou
pirataria, como se compartilhar uma riqueza de conhecimentos fosse o equivalente moral a
saquear um navio e assassinar sua tripulação. Mas compartilhar não é imoral – é um
imperativo moral. Apenas aqueles cegos pela ganância iriam se negar a deixar um amigo fazer
uma cópia.

Grandes corporações, é claro, estão cegas pela ganância. As leis sob as quais elas operam
exigem isso – seus acionistas iriam se revoltar por qualquer coisinha. E os políticos que eles
têm comprado por trás aprovam leis dando-lhes o poder exclusivo de decidir quem pode fazer
cópias.

Não há justiça em seguir leis injustas. É hora de vir para a luz e, na grande tradição da
desobediência civil, declarar nossa oposição a esse roubo privado da cultura pública.

Precisamos levar informação, onde quer que ela esteja armazenada, fazer nossas cópias e
compartilhá-la com o mundo. Precisamos levar material que está protegido por direitos autorais
e adicioná-lo ao arquivo. Precisamos comprar bancos de dados secretos e colocá-los na Web.
Precisamos baixar revistas científicas e subi-las para redes de compartilhamento de arquivos.
Precisamos lutar pela Guerilha Open Access.

Se somarmos muitos de nós, não vamos apenas enviar uma forte mensagem de oposição à
privatização do conhecimento – vamos transformar essa privatização em algo do passado.
Você vai se juntar a nós?

Aaron Swartz
Julho de 2008, Eremo. Itália.

Traduzido por Mídia Pirata em 16/02/2014, disponível na Internet Archive.
Revisado por abobrinha em 04/01/2020.


Assista ao documentário O Menino da Internet: A História de Aaron Swartz gratuitamente no Libreflix: https://libreflix.org/i/the-internets-own-boy.

Ano: 2014
Duração: 105 minutos
Direção: Brian Knappenberger

Onde encontrar: Livraria Vertov, Curitiba, PR.

Quem mora em Curitiba, região ou visita a capital paranaense com certa frequência, conhece ou muito certamente já ouviu falar na Livraria Vertov, o espaço cultural e livraria da Socorro e do Erich. Nesse lugar bacana acontecem muitos cursos, rodas de conversa e encontros, e é onde você pode encontrar livros e zines da Monstro dos Mares, dentre outras tantas editoras com temas da área de humanas.

Visite a livraria:

Livraria Vertov
Rua Visconde do Rio Branco, 835, sala 02 (sobreloja)
Mercês
Curitiba – PR
80410-001

https://www.facebook.com/livrariavertov/
https://instagram.com/vertovlivraria

Passamos de 300.000 impressões! Numerologia de Outubro de 2019 🎐

Nós da Editora Monstro dos Mares estamos felizes em anunciar que neste mês de Outubro chegamos ao número de 309.506 impressões desde o início dessa contagem em Agosto de 2017 quando chegou nossa primeira impressora com tanque de tinta pigmentada.

O mês de Outubro foi intenso pois fizemos as impressões para o “1º Encontro Pós-colonial e Decolonial” em Florianópolis, “IV Seminário Internacional Desfazendo Gênero” em Recife e na “X Feira Anarquista de São Paulo”. Também estivemos em diversos Meet-ups de tecnologia e outros espaços. Agradecemos monas, minas e manos que muito gentilmente abrem as portas de seus eventos para receber os materiais e as ideias da Monstro dos Mares.

Neste mês adicionamos um novo indicador “Kw gerados e consumidos com energia solar”, uma vez que estamos produzindo nossos livros utilizando essa fonte alternativa de energia (em breve escreveremos exclusivamente sobre esse tema). Também movemos o hotsite “Numerologia” do servidor Tor e trouxemos para um novo endereço, uma vez que algumas pessoas estavam com dificuldades para acessar o histórico de nossos números mensais. Conheça o hotsite em https://monstrodosmares.com.br/numerologia.

Números do mês de Outubro de 2019

  • Impressões totais desde Agosto de 2017: 309.506
  • Impressões de Outubro de 2019: 35.687
  • Livros impressos: 357
  • Livros doados: 63
  • Zines impressos: 799
  • Zines doados: 63
  • Kw gerados e consumidos com energia solar: 4.8Kw

Numerologia: Hotsite com informações sobre nossos números mensais/anuais 🔮
https://monstrodosmares.com.br/numerologia

Onde encontrar: Distro Dysca, Recife (PE)

Entre os mangues e ilhas, a Distro Dysca é uma plataforma autogestionada de produção cultural, propagação filosófica e agitação política, preocupada com a construção de materialidades combativas à uma sociedade normativa, hegemônica e opressora. Cruzando diversas linguagens em perspectiva descolonial, sexodissidente e interseccional, como horizontes imprescindíveis para a emergência de emancipação, equidade e justiça, aqui e agora.

Com livros, zines, dvd’s, adesivos, postais e outros materiais a distro agiliza a correria com materiais de diversas editoras como Deriva, Subta e Monstro dos Mares. Entre em contato, confira a agenda de eventos e títulos disponíveis.

Site:
https://distrodysca.milharal.org

Facebook:
https://facebook.com/distrodysca/

Agradecimentos: Por uma impressora incendiária 🖨🔥

Olá, compas!

A impressora chegou! BOOM! As recompensas já foram impressas e falta somente o adesivo criado pelo artista Fabio Maciel chegar da gráfica para começarmos os envios. Temos números bem interessantes da campanha para compartilhar: serão ao total 72 livros, 780 zines, 27kg de material. É muita coisa e estamos radiantes por levar toda essa pacoteira aos correios. Antes de tudo queremos agradecer imensamente a todas as pessoas apoiaram, curtiram, compartilharam e fizeram a campanha atingir os 127,33%. Um total de R$ 3.453,00 – sendo 13% de taxas para o Catarse, R$2.300,00 da impressora e com o restante do valor pegamos papel, tinta, impressão dos adesivos e correios (que leva uma grande parte dos recursos).

É muita alegria e a certeza de estarmos realizando nosso compromisso com a divulgação e distribuição da cultura anárquica e anarquista para fora dos muros da academia e fazendo chegar às mãos de monas, minas e manos que fazem a cotidianidade da luta, da resistência e da pesquisa. Independente da fração ou tendência, a Editora Monstro dos Mares se coloca como uma alternativa para o acesso de epistemologias dissidentes de baixo e baixíssimo custo para coletivos, federações, espaços sociais, grupos de estudos, sindicatos, bibliotecas comunitárias e movimentos sociais.

Nosso agradecimento especial para:

  • Beck Maurício;
  • Ana Lancman;
  • Coletivo Ilex;
  • Simone Ferreira;
  • Sérgio Ricardo Santos Soares;
  • Lucas Alves; Juliano Gomes;
  • Absorth0;
  • Kinoruss Edições e Cultura;
  • Mayumi Horibe;
  • Ricardo Teixeira;
  • Francisco Freire Queiroz;
  • Claudia Mayer;
  • Tiago Jaime Machado;
  • Viviane Kelly Silva;
  • Café Bonobo;
  • R.
  • Maxwell Araujo Santiago Tavares;
  • Willian Aust;
  • José Vandério Cirqueira;
  • Damazio Campos de Souza;
  • Ana Tigrinho;
  • Victor dos Reis Wolffenbüttel;
  • Clara Forrer Charlier;
  • Totonho;
  • Luciana Ohira Kawassaki;
  • Anna Karina;
  • Larissa Schip;
  • Talles Azigon;
  • Danilo Verde;
  • Geova Maciel de Alencar Filho;
  • Bruno Luciano Meireles;
  • Karine Tressler;
  • Elton Correa de Borba;
  • Caio;
  • Diego Santos de Souza;
  • Aparecida de Jesus Ferreira;
  • Érico FDS;
  • João Luiz de Oliveira Bertazzi Coube;
  • Pedro Gil;
  • Toró de Letras;
  • Jorge Eduardo
  • Rivero Filiciano;
  • Oran Takezo M. Kalil;
  • Isaac Moreira Barbosa;
  • Contribuições anônimas.

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[vídeo] macetes: posição dos grampos

A partir de agora vamos publicar vídeos apresentando alguns macetes, tutoriais e dicas sobre os processos que utilizamos para fazer livros e zines na Editora Monstro dos Mares.

Neste pequeno vídeo apresentamos o macete para escolher a posição onde ficam os grampos nos fanzines que fazemos. Basicamente a ideia consiste em escolher pontos de referência na arte da capa para grampear sempre na mesma posição (mais ou menos). Desta forma é possível determinar um padrão e obter uma apresentação melhor dos zines quando expostos na banquinha. Fácil!

Pessoas que fazem parte de nossa Rede de Apoio no Catarse tem acesso aos vídeos com 10 dias de antecedência até que o material seja disponibilizado no Blog e no Youtube.

Ei pirata! 🏴‍☠️
Faça parte da Rede de Apoio da editora fazendo uma contribuição mensal:
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A biblioteca ideal

O grande sonho de Durruti e Ascaso era fundar editoras anarquistas em todas as grandes cidades do mundo. A maior empresa deste gênero teria sua sede em Paris, o centro do mundo intelectual, se possível na Place de l’Ópera ou na Place de la Concorde. Lá deveriam ser editadas as obras mais importantes do pensamento moderno. Para esse fim foi fundada a Editora Internacional Anarquista, que publicava inúmeros livros, panfletos e jornais em todas as línguas. O governo francês, como o espanhol e todos os outros regimes reacionários do mundo, perseguia esse trabalho com todos os meios policiais possíveis. Não lhes agradava nada que o grupo de Ascaso e Durruti se tornasse conhecido também no terreno cultural. Prisões e exílios acabaram levando a editora à ruína. A criança dileta desses dois filhos de Dom Quixote teve de ser provisoriamente enterrada. Ascaso e Durruti voltaram a pegar em armas, como o Cavaleiro da Triste Figura tomara da lança “para acabar com a injustiça, salvar os aflitos e introduzir o reino da justiça na terra”.

Cánovas Cervantes, O curto verão da anarquia, Hans Magnus Enzensberger,
1987, Editora Schwarcz, São Paulo.

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