Em tempos de crescente atenção às questões da Palestina, iniciativas de solidariedade internacional têm ganhado visibilidade. Entre elas, destaca-se o projeto Librarians and Archivists with Palestine (LAP). Trata-se de uma rede voluntária de bibliotecários, arquivistas, profissionais da informação e ativistas, criada com o objetivo de demonstrar apoio ao povo palestino e levantar discussões críticas sobre o papel dos arquivos e das bibliotecas na luta por justiça e memória.
Quem são?
O LAP surgiu em 2013 a partir de uma delegação de profissionais de informação que visitaram a Palestina ocupada. Essa visita deu origem a um movimento internacional que conecta especialistas em biblioteconomia, arquivologia e áreas afins, engajados na denúncia das violações dos direitos humanos cometidas contra os palestinos e na promoção da preservação da memória cultural palestina.
O grupo atua principalmente nos Estados Unidos, mas sua rede tem alcance global, com conexões com profissionais e instituições em diversos países.
O que fazem?
O trabalho do LAP é multifacetado, com foco em:
Solidariedade internacional: Apoio público à causa palestina por meio de declarações, campanhas e ações de mobilização.
Preservação da memória: Defesa da proteção de arquivos palestinos e do acesso a registros históricos que documentam a ocupação e a resistência.
Educação crítica: Produção e difusão de materiais que ajudam a compreender o contexto histórico e político da Palestina, com ênfase em como a informação, o conhecimento e os registros são afetados por políticas coloniais.
Ações contra a censura: Denúncias sobre repressões a materiais pró-Palestina em bibliotecas e instituições de ensino, especialmente nos Estados Unidos.
Publicações em destaque
O LAP publica regularmente textos, zines, recursos educacionais e manifestos. Algumas de suas publicações mais relevantes incluem:
“Libraries, Archives, and the Occupation: A Report from Librarians and Archivists to Palestine” (2014). Relato da primeira delegação à Palestina, que detalha as visitas a bibliotecas e centros de documentação em Ramallah, Belém, Jerusalém e outras localidades. Um documento essencial para quem deseja entender a dimensão cultural da ocupação.
“Confronting Zionism in Libraries and Archives”. Série de textos e ações que expõem como o sionismo institucionalizado influencia a seleção, curadoria e censura de materiais nas bibliotecas acadêmicas e públicas.
Materiais educacionais sobre BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções). O LAP apoia o movimento BDS e oferece recursos informativos sobre o papel das instituições culturais nesse contexto.
Além disso, o grupo mantém um site oficial e presença ativa em redes sociais, onde compartilha notícias, campanhas e eventos.
O que bibliotecários e arquivistas têm a ver com a Palestina
O trabalho do LAP é um exemplo potente de como as profissões da informação podem atuar de forma ética, engajada e solidária. Ao lado de outras iniciativas de resistência cultural, o grupo nos lembra que os arquivos e bibliotecas não são neutros. Eles também são territórios de disputa, especialmente em contextos de opressão e apagamento histórico.
A atuação do Librarians and Archivists with Palestine reforça a importância de manter viva a memória de um povo, defender o acesso à informação e reconhecer que a justiça social passa, também, pelas práticas e políticas informacionais.
Passada uma década em que o nosso Junho aconteceu, vimos que o mundo mudou e a natureza de alguns fenômenos sociais também mudaram desde 2013. Avançamos em conquistas, retrocedemos em direitos e permanecem constantes indignações.
Reconhecemos a mesma força que mobilizou nossos primeiros materiais impressos no vigor que nos move para seguir hoje. Fazemos livros artesanais e zines pois acreditamos na proliferação das desobediências que as palavras escritas, faladas, cantadas, rimadas, impressas ou pichadas nos muros são parte do universo de possibilidades que queremos imaginar e agir. Um horizonte autônomo, libertário, anarquista e cheio de faça-você-mesma!
Aquele Junho está em nós como um livro que permanece no tempo resistindo aos desafios impostos pela lógica da composição (ou da decomposição) de sua materialidade. A Monstro dos Mares não é um livro na prateleira do tempo, mas sim a apropriação do tempo como um existencial, uma ruptura da técnica que promove o anseio de permanecer proliferando desobediências. Fazemos os livros existirem a partir das ações de nosso próprio bando.
Sentimos que somos parte desse tempo enquanto ele existir. Somos parte dos frutos que florescem desde 2013 e vamos permanecer proliferando desobediências.
Junho de 2023, Editora Monstro dos Mares, 10 anos.
Apoie a campanha de 10 anos
Fortaleça o corre autônomo de fazer livros da Monstro dos Mares no Catarse e receba recompensas únicas por isso.
“Mapeando vozes não binárias nas redes sociais”, de Ju Spohr: Através de entrevistas com dez pessoas que se autodenominam não binárias nas redes sociais, Ju Spohr delineia um panorama de vivências que se localizam fora dos polos feminino ou masculino, assumindo a descentralização, a fluidez e a contradição ao colocar à prova os modelos normativos de gênero e sexualidade.
“A produção patológica do antagonismo: a institucionalização da violência contra pessoas trans”, de Cello Latini Pfeil e Bruno Latini Pfeil: Para analisar como a invenção da transexualidade enquanto categoria diagnóstica repercutiu em sistemas de controle, tutela e opressão contra pessoas trans, Cello e Bruno Latini Pfeil utilizam uma lente analítica anarquista e decolonial, recorrendo à lógica de que dinâmicas de opressão e infantilização, culpabilização e segregação constituem violências institucionais recorrentes que atravessam corpos trans.
“Construindo cidadania: a história de luta de travestis e transexuais no Brasil”, de Cristiane Prudenciano: Estabelecendo diálogos entre a luta de travestis e transexuais pela garantia de direitos e construções históricas e sociais que, sistematicamente, apagam o protagonismo das pessoas trans nessas lutas, Cristiane Prudenciano delimita um referencial histórico entre os anos de 1990 a 2016, resgatando as conquistas de pessoas que, vivendo em situações de violação, invisibilidade, opressão e violência, intencionam uma nova realidade para suas vidas e para a sociedade.
RECOMPENSAS:
Pôster comemorativo por Felipe Risada: convidamos o Estúdio Suco Gráfico e o artista Felipe Risada (@felipe_risada) para a criação da nova marca e identidade visual da Monstro dos Mares em celebração desses 10 anos. RiR criou a arte de um pôster exclusivo, impresso em risografia, para marcar essa data. Somente 330 exemplares. Formato ledger (27,5 x 39,5 cm), em papel colorplus 120 g, cores variadas e enviadas aleatoriamente. Duas dobras.
Impressorinha 3D: nosso amigo Paulo Capra (@paulo_capra) fez a modelagem e impressão 3D da querida Impressorinha, em cores variadas (5,5 x 5,5 x 3 cm, nas cores branco, rosa, amarelo e cinza Nintendo) enviadas aleatoriamente. Somente 30 unidades.
Sacola: sacola retornável em lona encerada (29 x 29 cm) confeccionada com material reutilizado de malotes pela Associação das Feirantes da Economia Solidária de Ponta Grossa – AFESOL (@afesol_).
Bandeirola: confeccionada em algodão cru e serigrafia (40 x 50 cm). Produzidas por voluntáries no espaço da Monstro dos Mares.
Porta caneca: suporte para canecas (8,5 x 8,5 cm) em papel reciclado 300 g, com arte exclusiva comemorativa dos 10 anos da Monstro.
Adesivo: com a nova marca da editora (5 x 5 cm), autocolante com proteção UV.
5 Zines A5: escolhidos aleatoriamente de nosso catálogo (dimensões 20 x 14 cm, aproximadamente 24 páginas).
Coleção Entender: 5 Zines A6 que compõem a coleção, abordando os temas Gênero, Poder, Colonialismo, Anarquismo e Supremacia Branca (dimensões 10 x 14 cm, aproximadamente 16 páginas cada).
Minicurso “Crítica ao trabalho: queer, desistente e bipolar”: encontro on-line com 4h de duração ministrado por Claudia Mayer, doutora em Estudos Literários e Culturais pela PPGI/UFSC. O curso visa fomentar a crítica ao trabalho como instituição, abordando a compreensão de que a necessidade de trabalhar é uma alavanca social que mobiliza corpes dissidentes a suspender-se a fim de tornar possível a manutenção da vida.
Valeu por fortalecer o nosso corre. Defenda sua quebrada!
De tempos em tempos, cada uma de nós realiza os próprios ciclos migratórios e aceita a mudança em nossos corpos, ideias, espaços e epistemologias. A Editora Monstro dos Mares decidiu realizar um festival de frutificação de publicações da estação e celebrar o novo espaço com uma campanha de financiamento coletivo.
Nosso novo espaço permite que a Editora Monstro dos Mares se torne um ponto de encontro, um lugar onde as amizades podem conviver e construir ideias, projetos, atividades e publicações que possibilitem proliferar as desobediências. Em nosso novo endereço, temos espaço para uma lojinha, acomodamos nossas três impressoras [Espertirina Martins, Marsha P. Johnson e Ricota DX-2330], a bancada para montagem dos livros, estoque, romaneio e expedição, acomodação para hospedagem temporária de pessoas em viagem ou visita, uma pequena cozinha e um quintalzinho para deixar as bicicletas ou promover eventos diminutos.
Estamos migrando da sala da casa da abobrinha e baderna, com cerca de 19m² para um local com mais de 100m², onde esperamos que um novo capítulo da editora seja escrito junto das novidades que estão acontecendo na Monstro dos Mares: marca nova, site novo, espaço de criação, produção e convivência coletiva. Tudo isso, não apenas para nossa editora, mas para compartilhar com monas, minas e manos que somam e fortalecem.
Criar uma nova marca é uma tarefa de arrepiar. Desde 2013 a Editora Monstro dos Mares utilizava essa marca criada na correria pelo James. Agora, depois de alguns meses de boas conversas e encontros, o Estúdio Suco Gráfico criou essa simpática impressorinha, uma máquina que agita as ideias das turbulentas águas da publicação independente. Nossa tarefa como editora é promover o livro e a leitura através de impressões artesanais e o compartilhamento gratuito de arquivos dos livros. O artista Felipe Risada captou os sentimentos que emergem da nossa atividade e personalidades e colocou a nova marca para navegar.
Ao arrastar as setinhas: Marca anterior 2013 | Nova Marca 2023Detalhe do manual da marca.
Esse robozinho chegou para dar início às celebrações dos 10 anos da Monstro dos Mares. O Risada apresentou essa personagem como uma representação daquilo que sentimos que somos. Uma turma divertida de amizades que tornam os livros e zines possíveis na base do faça-você-mesma. A impressorinha se agita quando encontra novas ideias para fazer com que possibilidades possam chegar às mãos de monas, minas e manos de todas as quebradas. Fortalecer a leitura, a autoinstrução e o compartilhamento.
Conforme Felipe Risada:
O logotipo foi criado com base no vasto universo de publicações independentes livros artesanais, fanzines, pôsteres e outros. Chegamos em algumas percepções gráficas para criar a identidade visual tendo como base as ideias que o livro impresso representa e o lúdico, a imaginação e as possibilidades através da leitura.
A Editora Monstro dos Mares já carrega em seu nome uma certa síntese de seu trabalho. Os Mares são como as folhas de papéis impressos, as linhas escritas, as páginas dos zines, o mar de ideias. Um verdadeiro mar de conhecimento. Já o Monstro é a parte lúdica da leitura, que se comunica com o mundo da imaginação, das possibilidades e flerta com o desconhecido e brinca com os pensamentos.
Queremos agradecer todas as pessoas que nos ajudam enviando carinho, solidariedade, apoio financeiro e que se dispõem a visitar Ponta Grossa – PR para encontrar com a gente. Esse tipo de demonstração nos enche de alegria. É com a ajuda dessas amizades que iniciamos o ano de 2023 conquistando um espaço físico exclusivo da editora, onde será possível conviver e criar, compartilhar ideias e equipamentos com outras iniciativas, movimentos e amizades. Receber pessoas e colocar a maquininha para funcionar: um novo desafio para a Monstro dos Mares permanecer no tempo.
Para mais detalhes sobre a nova identidade visual, os arquivos estão disponíveis no Github1 da Monstro dos Mares. É nóis!
Sim, estamos utilizando o Github provisoriamente até encontrarmos solução mais adequada. [↩]
Em Junho a Monstro dos Mares celebra 9 anos e queremos que você faça parte da história do nosso bando colocando seu nome na lista de pessoas que contribuíram e fortaleceram a editora nesse período de dificuldades, num vai e vem de pandemias e incertezas.
Por menos que o valor de um jogo de PlayStation na promoção, a caixa que marca o aniversário de 9 anos da Editora Monstro dos Mares tem 24 cm x 16 cm x 10 cm e pesa entre 850g e 960g de materiais impressos que nos trouxeram até aqui desde aquela noite fria de inverno, quando amizades se encontraram numa garagem para traduzir os textos que estavam compondo suas leituras sobre segurança e autodefesa naquele tempo. Ao escolher essa recompensa, você receberá essa caixinha recheada de quitutes, escolhidos dentre os mais de 270 itens disponíveis no catálogo da loja entre zines, livros, pôsteres e adesivos. Queremos que a caixa chegue em suas mãos com a alegria de quando recebemos um presente que chega de surpresa pelas mãos da carteira e do carteiro. Todos os itens serão aleatórios, mas seguindo um critério de composição entre livros, zines, adesivos, pôsteres e extras.
Ao escolher a Caixa Tinta no Papel como recompensa, você ajudará a Editora Monstro dos Mares a continuar fazendo livros que carregam em suas palavras muito mais do que “um amontoado de um monte de coisa escrita”. São ideias de pessoas que lutam diariamente para que as transformações que a gente mais precisa possam acontecer sem depender dos canalhas. Mais tinta no papel, nossa cultura de mão em mão!
Itens da caixa:
15 zines A5;
10 zines A6;
2 livros de lombada canoa (até 96 páginas);
1 livro de lombada quadrada (acima de 100 páginas);
Quando a Monstro dos Mares surgiu como editora numa noite fria de inverno, lá pelo misterioso ano de 2013, um de nossos objetivos era vender parte dos materiais para viabilizar a distribuição de outros. Desde a primeira experiência editorial em 14 de Junho de 2012 em nossa “Casa Pirata“, um centro social/cultural autônomo que durou pouco tempo e deixou muita saudade, no lançamento do “Leviatã de Papel“, já com o nome de Editora Artesanal Monstro dos Mares e no calor dos protestos de Junho de 2013, fizemos muitas impressões para distribuir na pequena cidade de Cachoeira do Sul (RS), onde tudo começou. Também conseguimos enviar exemplares impressos para diversas amizades e tornar essa prática uma gostosa forma de existir e permanecer. E assim seguimos.
Em 2017, a Monstro dos Mares recebeu novo fôlego: a querida editora-geral abobrinha se somou ao projeto da editora e tornou possível fazer mais livros, zines, banquinhas, boas conversas e, consequentemente, uma maior distribuição gratuita de materiais impressos de diversos coletivos e iniciativas editoriais. Aos poucos, as publicações da própria Monstro foram surgindo, conhecemos mais pessoas e realizamos muitas trocas, descobrindo espaços e conectando pessoas. Mais e mais livros e zines para todo canto.
Desde então, o bonde cresceu. Nos anos de 2018 e 2019 recebemos várias pessoas, criamos um conselho editorial, abrimos uma Rede de Apoio no Catarse, feiras, eventos, congressos e diversos pacotes de livros pra lá e pra cá. Desde os preparativos para o I Colóquio Anarquismo e Pesquisa, que aconteceu em Novembro de 2018 na UFSC, decidimos criar um registro de quantos livros e zines foram distribuídos gratuitamente naquele ano. 123 livros e 102 zines. Foi um susto quando percebemos que, ao anotar em um caderno simples essas quantidades, era muito mais do que imaginávamos. Porque é um livrinho pra um, um zine pra outra, envia um pacotinho para alguma biblioteca e assim chegamos a 821 livros e 1.211 zines no ano de 2020.
Com tantos números, decidimos lançar uma página em nosso website chamada “Numerologia”, onde era mantido o registro mensal de muitos dados gerados por nossa atividade editorial: livros impressos, livros distribuídos gratuitamente, zines impressos, zines distribuídos gratuitamente, quantidade de impressões, geração de energia solar, todos com os dados mensais e parciais do ano, total por ano e total geral. Com o tempo, gerar e acompanhar tantos números se tornou uma tarefa complexa, principalmente pelo fato de mantermos o apontamento de todos esses dados manualmente no cadernão. Em Abril de 2021, a página parou de receber atualizações para dar espaço a algo diferente.
Queremos conhecer mais pessoas, coletivos, organizações, bandos e bandas. Não se trata somente de fazermos livros para distribuir gratuitamente, mas de fortalecer espaços, pesquisas e bibliotecas. Nesse momento de pandemia, não temos a possibilidade de visitar os territórios onde as atividades acontecem. Este é um período no qual trocamos conversas e experiências principalmente em nossos canais e grupos no telegram, redes sociais e pelo bom e velho e-mail.
Nosso amigo Mauricio Knup, que faz parte da Rede de Apoio da editora, é a partir de agora a pessoa que faz a interface entre grupos, coletivos, bibliotecas, singularidades, sindicatos, federações e movimentos sociais que desejam receber livros da Monstro dos Mares. Queremos conhecer os espaços, trocar ideias, sabermos como podemos ajudar a fortalecer as atividades e programar uma visita para quando o pandemônio acabar.
Se você participa de alguma iniciativa anárquica, anarquista ou inspirada pelo anarquismo, por favor, acesse o site da Dádiva (https://dadiva.monstrodosmares.com.br) e confira as informações sobre a distribuição gratuita de livros e zines. Queremos estar em contato, estabelecer vínculos e fortalecer a solidariedade entre nossas iniciativas.
Nossa campanha se encerrou no último dia 1º de Setembro, com R$11.697,00 arrecadados, 241 apoiadores e 731% do valor atingido. A todas as pessoas que nos apoiaram, gracias!
Já comentamos o quanto estamos felizes e surpresos com o alcance da campanha e de como essa será a maior tiragem (até aqui) de um livro artesanal da Monstro dos Mares, com 500 cópias, praticamente todas elas já com endereço certo para ir. Ainda teremos alguns exemplares no site da Monstro e em banquinhas por aí (se a pandemia permitir). E 50 exemplares a serem distribuídos para bibliotecas e centros culturais.
Boa parte dos “Manifestos Cypherpunks” já estão impressos, bem como a maior parte das outras recompensas. Agora, estamos aguardando entrar os 10 dias úteis do Catarse para receber o valor arrecadado e então começar a enviar os pacotes para 21 estados brasileiros via Correios. Esperamos que no final deste Setembro e no início de Outubro os livros começam a chegar.
Qualquer dúvida nos escrevam. Mais uma vez obrigado!
Ageu Silva Akira e zbrsk Alberto Torres Alexandre Souza Alexandre Tomy Alexis Peixoto Allan Felipe Fenelon AllanGomes Alphazine Alysson G. Ana Carolina Moreno Ana Cunha Ana Rauber Anders Bateva André “decko” de Brito Andre da Silva Costa André Freitas André Houang André Lucas Fernandes André Ramiro Andre Teixeira de Salles Andrei Altamira Andressa Vianna Angela Natel Antonio Assis Brasil Barbara Castilho Maximo Beatriz Martins Beck Maurício Bernardo Ramos Gall Bruno Borges Bruno Caldas Vianna Bruno de Souza Bezerra Bruno Moura Cadós Sanchez Cadu Simões Caio Ramos Caioau Carla Arend Carlos Eduardo Falcão Luna Caroline Antonioli Caru Campos Cesar Lopes Aguiar Christian Lima Cindy Evelyn Peterson Claudia Renata Capitanio Cristiane Fronza CryptoRave Daniel Coelho de Oliveira Daniel Rockenbach Daniela Soares Danilo Alves Danilo Heitor Vilarinho Cajazeira Davenir Viganon Debbie Bertelhe Débora Grama Ungaretti Diego Alves Diego Canto Macedo Douglas Nunes Brandão Eduardo Filipe Santos Eduardo Henrique Maziero Eliezer Pedroso Rosa Ellen Ortiz Elvio Pedroso Martinelli Erik Teixeira Gonçalves Rodrigues Evelyn Gomes Fabio Barros Fabricio Barili Felipe Schneider Fellipe Vieira Fernando de Azevedo Alves Brito Fernando Luis de Oliveira Fernao Vellozo Filipe Saraiva Gabriel Ribeiro Gabriel Vinicius Oliveira Soares Guilherme Alves Guilherme Magalhães Guilherme Paixão Gustavo Nicolau Gonçalves Gustavo Pereira Dutra
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Pedro Felipe Vergo Scheffer Pedro Gil Pedro Lucas Porcellis Pedro Luiz Santos Pedro Markun Pedro Santos Teixeira Pedro Teles Professor Rodrigo Rafael Ghiraldelli Rafael Pinto Ranulpho Raphael Marques de Barros Renato Dell Rodolfo de Souza Rodrigo Amboni Rodrigo da Silva Freitas Rodrigo Oliveira Rodrigo Ortiz Vinholo Rogerio Christofoletti Rogerio Garcia de Oliveira Roque Francisco Rubens Ozorio Leão Rudney Vinicius Gonçalves de Souza Sandro Miccoli Sávio Lima Lopes Silvio Sidney Gomes dos Santos Simone Caldas Vollbrecht Stéfano Mariotto de Moura Talita Souza Tatiana Balistieri Thiago Borne Thiago Mendonça Tiago Bugarin Tito Guerra Bocorny Filho Victor Augusto Tateoki Victor Góis Victor Perin Victor Wolffenbüttel Vinicius Yaunner Vitor Diniz Kneipp Vote Nelas Wagner de Melo Reck Willy Stadnick Wllyssys Alves de Lima Yasmin Curzi Zaulao
No mês de Outubro de 2020 a Editora Monstro dos Mares, um pequeno coletivo editorial de inspiração anárquica localizado no interior do estado do Paraná, atingiu a marca de meio milhão de impressões. Esse número não representa absolutamente nada para a indústria gráfica nacional, mas é muito significativo para as pessoas, coletivos, movimentos sociais, bibliotecas comunitárias e iniciativas editoriais de livros e zines artesanais no Brasil.
Fazer impressões em casa para distribuir e fortalecer a disseminação de ideias radicais reúne um espectro de experiências que evidenciam a importância da autonomia e da livre cooperação entre pessoas e coletivos que compartilham dos mesmos princípios e éticas. Ao produzir um novo título, ou recuperar e colocar para circular uma publicação de outros tempos, aprendemos muito sobre apropriação tecnológica, sobre a necessidade de tinta no papel. Também percebemos a urgência do desenvolvimento de estratégias de sobrevivência e manutenção de nossos espaços coletivos, que muitas vezes se beneficiam diretamente da distribuição, venda e circulação de impressos. Além disso, obviamente, aprendemos sobre a contribuição para o aprendizado e mobilização das pessoas que estão unidas conosco nas lutas sociais ao lado de quem vem de baixo.
Nesse momento marcante da editora, queremos agradecer às monas, minas e manos que em algum momento de suas vidas e militâncias decidiram dedicar algum tempo para produzir materiais que questionam o Estado e o estado de coisas. São livros e zines que subvertem lógicas estabelecidas, pesquisas acadêmicas que expõem as linhas de fratura da normalidade e relatos de grupos e individualidades que, do lado de fora dos muros das universidades, criaram materiais para circular de mão em mão, feitos em casa, de baixo custo e que vão circular entre pessoas (tal como você e eu) que lutam para que o mundo, da forma que está, não mereça existir por nem mais um segundo.
Em 2020, desde o primeiro dia do ano, a Monstro dos Mares chamou para que as águas fizessem emergir novas editoras, coletivos publicadores, distros e banquinhas. Quando essas iniciativas despontam no horizonte, nossa sensação de criar, resgatar, mobilizar e difundir ideias radicais e dissidentes no formato impresso é uma ação direta no enfrentamento do grande capital, das constantes guinadas autoritárias, da precarização do trabalho e da destruição do meio ambiente. Essa não é uma tarefa fechada em si mesma, mas que está unida, de braços esticados e na luta. Tudo isso buscando não ignorar as subjetividades que nos constituem como pessoas e que nos unem como coletividades. Quando surge uma nova editora anarquista, aspiramos novos ares e vento nas velas.
As 500.000 impressões que alcançamos desde Agosto de 2017 representam mais do que 50 caixas de papel, 500 pacotes de A4, 15 litros de tinta pigmentada, mais de 5.000 livros e 9.000 zines. Esse meio milhão de impressões significa que há um espaço, mares navegáveis e um oceano de limonada para as ideias radicais. Além de comemorar esses números, queremos agradecer cada pessoa que carinhosamente nos incentiva a continuar fazendo o que acreditamos. Livros e Anarquia!
Tem dias mais difíceis, nos quais as preocupações estão além das necessidades de tinta, papel e textos. Ao pensar em questões como justiça social e segurança sanitária dos centros urbanos, das periferias e da vida no campo, refletimos sobre o que está acontecendo. Quem dirá sobre o que virá?
A pandemia está ensinando muitas lições sobre como encaramos a vida, as atividades diárias, nossa convivência com as pessoas próximas e a importância de saber “habitar nossas casas”. Uma questão que bateu forte aqui é a dúvida em torno da necessidade de sermos pessoas produtivas diante de um cenário tão adverso como o da doença que dominou o mundo. Por isso estamos fazendo como o velho marinheiro, que durante o nevoeiro leva o barco devagar.
Podcast bônus
No dia 17 de Julho de 2020, Baderna James e abobrinha gravaram sobre suas atividades na editora, diagramação de livros e zines utilizando software livre (LibreOffice e GIMP) e sobre a obrigatoriedade de sermos pessoas produtivas.
Queremos agradecer as pessoas que estão conosco diariamente e que confiam em nosso projeto editorial. Algumas delas fortalecem com os recursos para manter a editora em funcionamento. Com muito carinho agradecemos as amizades da Rede de Apoio:
Contribuições anônimas;
Gabriel Jung do Amaral;
Mayumi Horibe;
Phanta;
Lua Clara Jacira;
Leo Foletto;
Viviane Kelly Silva;
Ricardo Mayer;
Willian Aust;
Enguia;
Fernando Silva e Silva;
Mauricio Marin;
Adriano Gatti Mesquita Cavalcanti;
Andressa França Arellano;
Eduardo Salazar Miranda da Conceição Mattos;
Anna Karina;
Victor Hugo de Oliveira;
Zé;
Karine Tressler;
Andrei Cerentini;
Lupi;
Caio;
Fyb C;
José Antônio de Castro Cavalcanti;
Guapo.
A Editora Monstro dos Mares precisa da sua ajuda para continuar, contribua com a Rede de Apoio no Catarse ou PicPay e receba materiais impressos em sua casa. 🖨️
“Você tem todo o direito de copiar este livro total ou parcialmente, imprimir e distribuir por qualquer meio. Esse conteúdo não é protegido por nenhum monopólio cultural ou direito comercial; ao curso da história os livros são e serão gratuitos. Ninguém vai te culpar ou prender por distribuir ou realizar cópias; pelo contrário, ficaremos muito agradecidos se você fizer isso. O conhecimento se distribui livremente.”
Ao abrir um livro, raramente é possível se deparar com essa afirmação, não restritiva – como regra geral –, mas permissiva. Essa tem sido a premissa sob a qual acadêmicos, poetas, estudantes e militantes anarquistas publicam, de forma independente, distribuem os textos próprios e outros. Essas editoras fazem isso criando outros formatos, que visam uma produção com mais tiragem, diferente dos panfletos e fanzines publicados há mais de 20 anos em universidades e outros espaços libertários.
Alguns livreiros identificam a origem dessas editoras anarquistas na Feira do Livro Independente e Autogerenciada (FLIA, que começou em Buenos Aires, Argentina) que, a partir de 2010, mudou-se para Bogotá. Desde a primeira edição, os visitantes do evento literário começaram a se familiarizar com uma produção diferente, clandestina e artesanal, que incentiva a produção doméstica dos livros. Uma dessas pessoas foi Fabián Serrano, membro da editora Imprenta Comunera, da cidade Bucaramanga. “O bom de ter uma editora independente é que escapamos da imposição de autores renomados e personalidades para focamos apenas nos personagens que consideramos importantes“, diz Fabián, que juntamente com outros dois colegas, lançou oito publicações em apenas cinco meses.
Eles, como seus colegas de outras editoras, não estão preocupados em ter lucro, mas em espalhar seus pensamentos e ideias para o maior público possível. É por isso que o tempo todo eles resgatam conteúdos de anarquistas conhecidos, mas que não são publicados em grandes editoras ou editoras comerciais, como é o caso da obra de Emma Goldman, Piotr Kropotkin, Errico Malatesta, Uri Gordon, Henry David Thoreau e de personalidades com um lado libertário pouco conhecido, como Oscar Wilde ou Noam Chomsky. Para essas reedições, é mais complicado conseguir o texto para publicá-lo, por haver poucas cópias existentes; geralmente, os autores dessa corrente independente divulgam seus trabalhos sem restrições. “Sentimos que, quando criamos algo, isso não nos pertence mais, de modo que as pessoas assumem e se reconhecem neles, e isso é maravilhoso“, explica Iván Darío Álvarez, escritor, pensador anarquista e bonequeiro, fundador do teatro La libélula Dorada.
Pie de Monte é uma das editoras que faz esses resgates, mas que também quer apostar em novos escritores. Atualmente, a editora trabalha com textos de amigos e conhecidos, mas seu objetivo é que, mais tarde, mais pessoas sejam encorajadas a publicar seus trabalhos autorais. “Fizemos isso porque a ideia é que as pessoas saiam da dinâmica do mercado editorial e dos blogs e que resgatem a tarefa do livreiro e das livrarias. Isso sim, a única coisa que não tem discussão é que quem publica conosco deve deixar livres os direitos da obra“, comenta Santiago Lopez, membro da editora.
A conjuntura é outro fator importante nas reedições ou escritos originais: muitos textos são publicados em um determinado momento para demonstrar que as ideias anarquistas de várias décadas atrás ainda são válidas. Foi o caso da última publicação da El Rey Desnudo, a editora de Iván Darío e do poeta Juan Manuel Roca, USA nación de lunáticos, uma compilação de fragmentos de um ensaio que o escritor Henry Miller fez após o fracasso americano no Vietnã, um texto que foi lançado como uma crítica ao atual mandato de Donald Trump.
Embora os livros sejam o formato preferido para editoras anarquistas, brochuras, diários e jornais não são renegados. El Aguijón, uma editora criada dentro da Universidade Nacional de Medellín, em 2006, lançou uma seleção de contos e está preparando um novo volume. Porém, ocasionalmente eles tiram o jornal El Aguijón – Klavando la duda, para o qual recebem apoios financeiros que permitem dar continuidade em outros projetos. Você pode baixar os exemplares gratuitamente na página da editora.
O dinheiro investido é recuperado na maior parte das vezes, mas para reduzir custos ou acelerar o processo é comum alguns editores unirem forças. Rojinegro e Gato Negro reuniram textos como Estratégia e tática na prática anarquista, de Errico Malatesta, e Anarquismo e poder popular: teoria e prática sul-americanas, uma compilação de teorias e opiniões sobre anarquismo e poder popular. O número de cópias varia e, assim como alguns títulos chegam a 300 cópias, outros saem com apenas 30 exemplares.
Devido ao desconhecimento sobre os autores ou preconceitos que existem em relação ao anarquismo, poucos são os lugares onde é possível encontrar essas publicações em suas prateleiras. Em Bogotá, os mais comuns são La Valija de Fuego, Rojinegro, La Libélula Dorada, Luvina, El Dinosaurio, Árbol de Tinta e La Mandriguera del Conejo. Oscar Vargas, um dos fundadores da Gato Negro, diz que tentaram alcançar outros espaços, mas que não deu muito certo. “Isso foi difícil, porque em várias livrarias eles querem cobrar entre 30% e 40% do preço de capa, e buscam ter lucro por algo que nós não compartilhamos na mesma lógica. Somente alguns foram capazes de entender a proposta”, explica Óscar.
As publicações de Gato Negro. Foto cedida por Oscar Vargas.
Mas nem a clandestinidade, nem o baixo orçamento, foram impedimentos para alcançar outras partes do mundo. Por meio de conhecidos ou trocas por quilos, os editores colombianos levaram textos para Argentina, Chile, Equador, México, Peru, Uruguai, Brasil e Espanha. Os livros recebidos do exterior são vendidos para recuperar o dinheiro investido ou, como no caso da Rojinegro, são utilizados no Centro de Documentação Ácrata, uma espaço que fica nas suas instalações e que qualquer pessoa pode consultar o acervo ou fazer cópias.
Os preços baixos são a chave para alcançar mais pessoas: a maioria dos livros é vendida entre sete mil e quinze mil pesos, aproximadamente. (Nota do tradutor: O que equivale a um valor entre 10 e 20 reais) “Vimos que em feiras e eventos independentes, os metaleiros ou punks sacrificam parte da grana da birita porque estão interessados no que fazemos. É uma mentira que na Colômbia as pessoas não gostam de ler; elas não leem porque os livros aqui são muito caros”, explica Fabián.
Foto cedida por Oscar Vargas.
As editoras libertárias da Colômbia precisam ser mais divulgadas, mas seus editores estão satisfeitos com a situação atual e com o fato de que cada vez mais pessoas querem escapar da realidade do mercado e são incentivadas a publicar ou piratear o trabalho de autores que incomodam a outras editoras, ou mesmo ao estado. Essa aceitação vem aumentando e recentemente, por exemplo, uma tradução do livro de Iván Darío Álvarez e Juan Manuel Roca, Dicionário anarquista de emergência, começou a ser distribuído na França.
Para Roca, esse é um sinal da inconformidade latente que persiste na humanidade. “Anarquismo é como Drácula, que em todos os filmes eles o matam, mas em cada final ele acorda e está mais vivo do que os vivos. Há quantos anos eles decretam a sua morte e vemos que diversos movimentos de jovens e aqueles que não fazem parte de um partido se mobilizam de maneira tão vigorosa e sem limitações”, diz ele.
Por Andrés J. López, publicado em Cartel Urbano no dia 10 de Março de 2017. Versão para o português por Baderna James.