Oito livros anarquistas fundamentais (de Iván Darío Álvarez)

Nos livros de Iván Darío Álvarez pode-se compreender as bases do anarquismo, encontrar edições que quase desapareceram devido à sua estigmatização, e descobrir a faceta libertária do pensador Noam Chomsky. Estes são os textos fundamentais para um seguidor dessa corrente.

A ideia de um mundo sem governo, no qual todos os indivíduos possam considerarem-se livres de qualquer jugo, é, para muitos, utópica, ilusória, ou simplesmente uma piada. Para os/as anarquistas ou libertário(a)s, pelo contrário, acabar com o Estado, o capitalismo, e qualquer regulamentação opressora tem sido sua maior motivação há séculos.

O problema é que o termo anarquia — que por sua etimologia grega significa “ausência de governo” — está, muitas das vezes, associado à violência ou a tumultos. No México, por exemplo, vários jornais fazem uso do termo unicamente para referirem-se a atos violentos que são cometidos por algumas pessoas que guiam suas vidas segundo tais ideais. No Chile, o jornalista italiano Lorenzo Spairani foi deportado, em 2017, por gravar vídeos de uma marcha sindical, tendo sido acusado de fazer parte da cena anarcoliberal. Isso põe em dúvida a plena democracia do Chile, disse Spairani ao jornal costarriquenho El País.

Na Colômbia, há personalidades que, longe de promover a violência, assumiram o anarquismo a partir das letras e das artes cênicas. Uma dessas pessoas é Iván Darío Álvarez, escritor, bonequeiro, pensador, e também fundador, há 44 anos em Bogotá, do teatro La Libélula Dorada, no qual injeta o “veneno” libertário através de obras de sua autoria como El Dulce Encanto de la isla Acracia. Ele também colaborou no suplemento Magazín Dominical do jornal El Espectador com vários artigos dedicados ao anarquismo, e em 1992 fundou o jornal Biófilos, assim batizado em homenagem ao ativista e anarquista colombiano Biófilo Panclasta, do qual produziu quatro edições. Sua biblioteca, que ocupa quase três cômodos de sua casa, é uma vasta coleção de filosofia, contos infantis, peças teatrais, cancioneiros, poemas, e há um local especial para estes oito livros, recomendados por Iván Darío, que são fundamentais para qualquer interessado(a) em conhecer as bases e os ideais anarquistas.

Diccionario anarquista de emergencia – Iván Darío Álvarez e Juan Manuel Roca

livros Diccionario anarquista de emergencia - Iván Darío Álvarez e Juan Manuel Roca

Parecerá um pouco narcisista começar com este livro que escrevi junto com o poeta Juan Manuel Roca, mas este texto é como uma introdução ao anarquismo. Este livro está dividido em duas partes: na primeira, tomamos os termos de A a Z próximos à anarquia e os definimos do ponto de vista libertário, através de citações de filósofos, anarquistas, ou pessoas com ideais semelhantes ao anarquismo; na segunda parte, incluímos umas mini-biografias de personalidades que muita gente ignora que estavam próximas dessa corrente, tal como Albert Camus, Arthur Rimbaud, Oscar Wilde e Leon Tolstói.

Anarquía y orden – Herbert Read

livros Anarquía y orden - Herbert Read

Esta é uma joia porque, devido à sua estigmatização, encontrar edições desta obra é como procurar uma agulha no palheiro. Neste livro, Read reúne seis ensaios, nos quais há desde poesia até filosofia, e os relaciona ao anarquismo. Isto também é uma raridade em seu trabalho, porque esse inglês é mais conhecido por suas publicações sobre estética. A editora argentina que publicou esta obra, Américalee, é muito importante, pois se encarregou de resgatar clássicos do anarquismo de meados do século XX.

Disponível em La Biblioteca Anarquista.

Razones para la anarquía – Noam Chomsky

livros Razones para la anarquía - Noam Chomsky

Chomsky também é muito conhecido por seus trabalhos linguísticos e críticos, mas pouco por sua faceta libertária. Neste livro, onde também há entrevistas, ele faz um estudo sobre a prática das ideias anarquistas na Guerra Civil Espanhola, que levaram a impedir que os franquistas tomassem Barcelona. Os libertários também assumiram o controle das fábricas, eliminaram o dinheiro, e colocaram os campos nas mãos dos camponeses, sob autogestão. O autor vê nisto um modelo inspirador para uma nova sociedade, onde seja possível haver uma democracia construída de baixo para cima, e não ao contrário.

Disponível em The Anarchist Library.

El corto verano de la anarquía: vida y muerte de DurrutiHans Magnus Enzensberger

livros El corto verano de la anarquía: vida y muerte de Durruti - Hans Magnus Enzensberger

Durante a Guerra Civil e a gestação do movimento operário espanhol, surgiram grandes figuras, entre elas o metalúrgico Buenaventura Durruti. Ele teve uma vida extraordinária: esteve preso, em seguida fugiu da Espanha e andou pelo México, Cuba e Argentina roubando, não para ficar rico, mas para financiar suas lutas sociais e a fundação de escolas anarquistas. Ele também criou a Coluna de Ferro, que eram as milícias anarquistas que enfrentavam Franco. Enzensberger tece muito bem esse relato, e o conta como um romance, com testemunhos de simpatizantes, inimigos, e por meio de fragmentos de livros e entrevistas.

Disponível em La Biblioteca Anarquista.

Cabezas de tormenta: ensayos sobre lo ingobernable – Christian Ferrer

livros Cabezas de tormenta: ensayos sobre lo ingobernable - Christian Ferrer

Nos quatro ensaios que compõem este livro, Ferrer pesquisa o estilo de vida dos libertários, seu idealismo e fé nas ideias, e os põe como um modelo do quê o anarquista ideal pode ser. Também se encarrega de desmistificar o imaginário que a burguesia impôs à sociedade a respeito do que é um seguidor da anarquia: alguém estigmatizado, satanizado por sua rebeldia, um ser perigoso e incendiário que sempre anda com uma bomba oculta. O autor dá a essa obra um estilo pessoal que o torna muito poético e agradável de ler.

El crepúsculo de las maquinas – John Zerzan

livros El crepúsculo de las maquinas - John Zerzan

Este trabalho é muito polêmico porque Zerzan é contrário ao progresso da civilização que, para ele, está nos levando a um beco sem saída. Ele argumenta que, com o surgimento da agricultura, começou a divisão do trabalho e um ideal de ambição e de conquista que serviram de base para o escravismo. O autor propõe voltar a uma sociedade primitiva, onde haja uma relação mais estreita entre os seres humanos e a natureza, e onde as cidades não existam; para ele, elas são monstros em crescimento que degradaram o ser humano até o ponto de convertê-lo em alguém anti-social.

Anarchy Alive!Uri Gordon

livro "anarquia viva!" Uri Gordon

O ativismo e sua participação em redes contra o Banco Mundial, o G8 e todos esses movimentos capitalistas e de globalização, levaram a esse graduado em Oxford a fazer este livro, que é sua tese de graduação. O particular é que ele não o fez sentado à uma mesa, mas sim embasado nas suas experiências em protestos. Gordon explica que, ainda que o anarquismo tenha sido ofuscado por movimentos como o marxismo, nunca desapareceu; depois do Maio de 68, houve uma nova irrupção e atualmente existem anarquistas que não se autodenominam assim, devido à estigmatização da palavra, e sim como autonomistas, assembleístas, etc.

Disponível na Biblioteca Anarquista Lusófona.

Cine y anarquismo: la utopía anarquista en imágenes – Richard Porton

livro Cine y anarquismo: la utopía anarquista en imágenes

O cinema sempre esteve presente nas lutas sociais, e mostrou o anarquista de diferentes maneiras. Porton explica isso da perspectiva daqueles que seguem esses ideais, assim como daqueles que não seguem. Aqui falamos sobre, por exemplo, Sacco e Vanzetti (1971), filme que conta o caso de dois imigrantes italianos que chegaram nos Estados Unidos em busca de um futuro melhor e que, ao ver as formas brutais de exploração daquele país, ingressam no movimento operário norte-americano para lutar a partir do anarquismo. Logo são acusados ​​de um crime que não cometeram e são condenados à cadeira elétrica.


Fonte: Andrés J. López. Artigo ¿Qué hay en la biblioteca de un anarquista? originalmente publicado na revista Cartel Urbano, de Bogotá (Colômbia), em 22 de fevereiro de 2017. Versão em português por Anders Bateva.

Chá da tarde com abobrinha (3ª edição) ☕

Dia 23 de julho (quinta-feira) às 15h será realizado nosso terceiro vídeo ao vivo. Estamos muito felizes com a participação de tanta gente! São muitas perguntas, e queremos nos organizar bem para podermos discutir todas elas.

As perguntas coletadas para a próxima live são as seguintes:

  • Se os correios entrarem em greve, como vocês farão para entregar livros e zines?
  • Como ter vida familiar sendo editor?
  • Como vocês escolhem os papéis de capa e por que cores tão lindas?
  • Quais tipos de papel “grosso” vocês usam para fazer capas de zines?
  • Quem assina no Catarse recebe o que?
  • Qual o critério de escolha de textos para publicação?
  • Por que publicar um livro parece ser tão difícil?

Além das perguntas, também falaremos sobre o novo livro que está pronto para ser lançado!

Esperamos vocês no Instagram @monstrodosmares. A live também será disponibilizada em nosso canal no Youtube, logo após a transmissão ao vivo.

Editoras anarquistas que mantêm vivo o espírito libertário na Colômbia

“Você tem todo o direito de copiar este livro total ou parcialmente, imprimir e distribuir por qualquer meio. Esse conteúdo não é protegido por nenhum monopólio cultural ou direito comercial; ao curso da história os livros são e serão gratuitos. Ninguém vai te culpar ou prender por distribuir ou realizar cópias; pelo contrário, ficaremos muito agradecidos se você fizer isso. O conhecimento se distribui livremente.”

Ao abrir um livro, raramente é possível se deparar com essa afirmação, não restritiva – como regra geral –, mas permissiva. Essa tem sido a premissa sob a qual acadêmicos, poetas, estudantes e militantes anarquistas publicam, de forma independente, distribuem os textos próprios e outros. Essas editoras fazem isso criando outros formatos, que visam uma produção com mais tiragem, diferente dos panfletos e fanzines publicados há mais de 20 anos em universidades e outros espaços libertários.

Alguns livreiros identificam a origem dessas editoras anarquistas na Feira do Livro Independente e Autogerenciada (FLIA, que começou em Buenos Aires, Argentina) que, a partir de 2010, mudou-se para Bogotá. Desde a primeira edição, os visitantes do evento literário começaram a se familiarizar com uma produção diferente, clandestina e artesanal, que incentiva a produção doméstica dos livros. Uma dessas pessoas foi Fabián Serrano, membro da editora Imprenta Comunera, da cidade Bucaramanga. “O bom de ter uma editora independente é que escapamos da imposição de autores renomados e personalidades para focamos apenas nos personagens que consideramos importantes“, diz Fabián, que juntamente com outros dois colegas, lançou oito publicações em apenas cinco meses.

Eles, como seus colegas de outras editoras, não estão preocupados em ter lucro, mas em espalhar seus pensamentos e ideias para o maior público possível. É por isso que o tempo todo eles resgatam conteúdos de anarquistas conhecidos, mas que não são publicados em grandes editoras ou editoras comerciais, como é o caso da obra de Emma Goldman, Piotr Kropotkin, Errico Malatesta, Uri Gordon, Henry David Thoreau e de personalidades com um lado libertário pouco conhecido, como Oscar Wilde ou Noam Chomsky. Para essas reedições, é mais complicado conseguir o texto para publicá-lo, por haver poucas cópias existentes; geralmente, os autores dessa corrente independente divulgam seus trabalhos sem restrições. “Sentimos que, quando criamos algo, isso não nos pertence mais, de modo que as pessoas assumem e se reconhecem neles, e isso é maravilhoso“, explica Iván Darío Álvarez, escritor, pensador anarquista e bonequeiro, fundador do teatro La libélula Dorada.

Pie de Monte é uma das editoras que faz esses resgates, mas que também quer apostar em novos escritores. Atualmente, a editora trabalha com textos de amigos e conhecidos, mas seu objetivo é que, mais tarde, mais pessoas sejam encorajadas a publicar seus trabalhos autorais. “Fizemos isso porque a ideia é que as pessoas saiam da dinâmica do mercado editorial e dos blogs e que resgatem a tarefa do livreiro e das livrarias. Isso sim, a única coisa que não tem discussão é que quem publica conosco deve deixar livres os direitos da obra“, comenta Santiago Lopez, membro da editora.

A conjuntura é outro fator importante nas reedições ou escritos originais: muitos textos são publicados em um determinado momento para demonstrar que as ideias anarquistas de várias décadas atrás ainda são válidas. Foi o caso da última publicação da El Rey Desnudo, a editora de Iván Darío e do poeta Juan Manuel Roca, USA nación de lunáticos, uma compilação de fragmentos de um ensaio que o escritor Henry Miller fez após o fracasso americano no Vietnã, um texto que foi lançado como uma crítica ao atual mandato de Donald Trump.

Embora os livros sejam o formato preferido para editoras anarquistas, brochuras, diários e jornais não são renegados. El Aguijón, uma editora criada dentro da Universidade Nacional de Medellín, em 2006, lançou uma seleção de contos e está preparando um novo volume. Porém, ocasionalmente eles tiram o jornal El Aguijón – Klavando la duda, para o qual recebem apoios financeiros que permitem dar continuidade em outros projetos. Você pode baixar os exemplares gratuitamente na página da editora.

O dinheiro investido é recuperado na maior parte das vezes, mas para reduzir custos ou acelerar o processo é comum alguns editores unirem forças. Rojinegro e Gato Negro reuniram textos como Estratégia e tática na prática anarquista, de Errico Malatesta, e Anarquismo e poder popular: teoria e prática sul-americanas, uma compilação de teorias e opiniões sobre anarquismo e poder popular. O número de cópias varia e, assim como alguns títulos chegam a 300 cópias, outros saem com apenas 30 exemplares.

Devido ao desconhecimento sobre os autores ou preconceitos que existem em relação ao anarquismo, poucos são os lugares onde é possível encontrar essas publicações em suas prateleiras. Em Bogotá, os mais comuns são La Valija de Fuego, Rojinegro, La Libélula Dorada, Luvina, El Dinosaurio, Árbol de Tinta e La Mandriguera del Conejo. Oscar Vargas, um dos fundadores da Gato Negro, diz que tentaram alcançar outros espaços, mas que não deu muito certo. “Isso foi difícil, porque em várias livrarias eles querem cobrar entre 30% e 40% do preço de capa, e buscam ter lucro por algo que nós não compartilhamos na mesma lógica. Somente alguns foram capazes de entender a proposta”, explica Óscar.

As publicações de Gato Negro. Foto cedida por Oscar Vargas.

Mas nem a clandestinidade, nem o baixo orçamento, foram impedimentos para alcançar outras partes do mundo. Por meio de conhecidos ou trocas por quilos, os editores colombianos levaram textos para Argentina, Chile, Equador, México, Peru, Uruguai, Brasil e Espanha. Os livros recebidos do exterior são vendidos para recuperar o dinheiro investido ou, como no caso da Rojinegro, são utilizados no Centro de Documentação Ácrata, uma espaço que fica nas suas instalações e que qualquer pessoa pode consultar o acervo ou fazer cópias.

Os preços baixos são a chave para alcançar mais pessoas: a maioria dos livros é vendida entre sete mil e quinze mil pesos, aproximadamente. (Nota do tradutor: O que equivale a um valor entre 10 e 20 reais) “Vimos que em feiras e eventos independentes, os metaleiros ou punks sacrificam parte da grana da birita porque estão interessados no que fazemos. É uma mentira que na Colômbia as pessoas não gostam de ler; elas não leem porque os livros aqui são muito caros”, explica Fabián.

Foto cedida por Oscar Vargas.

As editoras libertárias da Colômbia precisam ser mais divulgadas, mas seus editores estão satisfeitos com a situação atual e com o fato de que cada vez mais pessoas querem escapar da realidade do mercado e são incentivadas a publicar ou piratear o trabalho de autores que incomodam a outras editoras, ou mesmo ao estado. Essa aceitação vem aumentando e recentemente, por exemplo, uma tradução do livro de Iván Darío Álvarez e Juan Manuel Roca, Dicionário anarquista de emergência, começou a ser distribuído na França.

Para Roca, esse é um sinal da inconformidade latente que persiste na humanidade. “Anarquismo é como Drácula, que em todos os filmes eles o matam, mas em cada final ele acorda e está mais vivo do que os vivos. Há quantos anos eles decretam a sua morte e vemos que diversos movimentos de jovens e aqueles que não fazem parte de um partido se mobilizam de maneira tão vigorosa e sem limitações”, diz ele.


Por Andrés J. López, publicado em Cartel Urbano no dia 10 de Março de 2017.
Versão para o português por Baderna James.

Numerologia de Junho de 2020 💐💣

Está complicado olhar os números do Brasil e da pandemia de Covid-19. São mais de 60.000 pessoas que morreram devido ao vírus. Em diversas cidades do interior os números aumentaram assustadoramente e, infelizmente, em todas as notícias estão presentes a desinformação, o descaso e a omissão. Somente a imediata renúncia ou impeachment do presidente não são a solução, mas seria um bom começo.

Em Junho de 2020 aconteceram muitas coisas: chegada de novos títulos, colaborações, equipamentos. Estamos buscando formas de lidar com a pandemia e enfrentar a ansiedade, os medos e alguma frustração por não conseguir fazer tudo aquilo gostaríamos. Mas a pergunta é: quem está conseguindo lidar numa boa com tudo isso que está acontecendo? Todo dia tem uma nuvem de gafanhotos, um ciclone bomba, cobras voadoras, uma sala de espera virtual, entre outras pragas. Realmente não está sendo fácil! 🎶🕶 ️

Neste mês que passou, a Editora Monstro dos Mares completou 8 anos de atividade. Por algum tempo, tivemos cerca de um ou dois lançamentos por ano. Desde a chegada de nossa Editora Geral abobrinha, em 2017, nosso bonde editorial vem se transformando profundamente. Monas, minas e manos se somaram e hoje são 10 pessoas que fazem a seleção de materiais, traduções, revisões e outras atividades. No grupo do telegram da editora é possível acompanhar algumas dessas tarefas acontecendo, entre outras conversas bem animadas.

Na 2ª edição do “Chá da tarde”, abobrinha tirou dúvidas das pessoas que nos acompanham no Instagram sobre as questões do cotidiano da editora, próximos lançamentos e também deu uma série de dicas sobre “como montar uma editora”, que deu origem a um excelente artigo que recomendamos a todas as pessoas que desejam criar a própria publicadora de livros e zines em casa.


Espertirina Martins

Na Sexta-feira, dia 5, nossa nova impressora chegou. É uma Epson WorkForce Pro WF-C5710, que recebeu o nome de “ESPERTIRINA”, em memória e celebração da luta da jovem Espertirina Martins, que com suas mãos fez história ao enfrentar o inimigo. Inclusive o mestre GOG e o Ateneu Libertário “A Batalha da Várzea” de Porto Alegre também fazem homenagem à militante anarquista do início do século XX. A impressora é muito valente e nesse primeiro mês já demonstrou suas qualidades realizando mais de 20.000 impressões sem mostrar qualquer dificuldade ou problemas. E esperamos que continue assim por um bom tempo!


Numerologia de Junho de 2020

  • Impressões de Junho de 2020: 20.750
  • Livros impressos: 305
  • Livros distribuição gratuita: 33
  • Zines impressos: 394
  • Zines distribuição gratuita: 123

Numerologia: Hotsite com informações sobre nossos números mensais/anuais 🔮
https://monstrodosmares.com.br/numerologia

Chá da tarde com abobrinha (2ª edição) 🍵

Foi dia 18 de junho a segunda edição do nosso Chá da tarde. Foram realizadas algumas mudanças, e achamos que deu muito certo. Melhoramos a iluminação, o posicionamento da câmera e a captura de som, além da linda ficha para pauta em papel cor-de-rosa metálico (inspirada, talvez, na Penélope do Castelo Rá-Tim-Bum 😁).

Você pode assistir à 2ª edição do Chá da tarde no IGTV e no YouTube.

Como explicamos neste post, decidimos usar o recurso dos vídeos ao vivo para entrar em contato mais próximo com as pessoas que nos acompanham on-line. A experiência tem sido muito legal para nós e já estamos pensando em mais maneiras de compartilhar as atividades da editora, falar sobre técnicas e sobre outros assuntos que estão no nosso dia a dia.

Agradecemos a todas as pessoas que puderam estar com a gente ao vivo, e também àquelas que estão nos acompanhando em outros momentos. Na próxima semana será aberta novamente a caixinha de perguntas no Stories do perfil da Monstro no Instagram e você poderá nos enviar suas perguntas. A caixinha vai aparecer uma vez por semana.

Ei pirata! 🏴‍☠️
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Rede de Apoio: Junho de 2020

A Rede de Apoio é uma iniciativa importante para manter qualquer iniciativa seguindo em frente. Bandos, bandas, coletivos, bibliotecas comunitárias, movimentos sociais entre outras coletividades dependem da mobilização e participação de pessoas. Existem várias formas de colaborar e fortalecer uma iniciativa que você considera importante: fazer recomendações para as amizades, compartilhar conteúdos, contribuir com ideias, somar-se a atividades presenciais e remotas, participar de cursos e oficinas, contribuir financeiramente, entrando com doações, divulgando vaquinhas e financiamento coletivos, distribuindo livros e zines na sua região, etc.

Algumas coletividades ainda não possuem formas de apoio recorrente e talvez esse seja um momento importante para você ajudar contribuindo para mobilizar pessoas e fazer um financiamento recorrente para fortalecer uma causa, um grupo ou uma atividade. Ofereça ajuda! Muitas pessoas têm restrições para falar sobre as dificuldades de recursos para seus coletivos e não se sentem confortáveis em pedir.

As pessoas que compõem a Rede de Apoio do coletivo dão aquela força importante para que a atuação, mobilização e transformação continuem acontecendo. Depois de 8 anos fazendo livros e zines de forma absolutamente artesanal, com o objetivo de fazer com que os livros cheguem na mão de mais e mais pessoas, nós da Editora Monstro do Mares decidimos que nossa jornada requer mais fôlego para sobreviver, seguir existindo e se envolver em novas publicações com mais profundidade. Por isso queremos agradecer as pessoas que nos ajudam todos os meses no Catarse ou no PicPay Assinaturas. Obrigado mesmo!

Rede de apoio: agradecimentos de Junho de 2020

  • Mayumi Horibe
  • Hugo Leonardo dos Santos Tavares
  • Lua Clara Jacira
  • Lucas Piteco
  • Leonardo Feltrin Foletto
  • Viviane Kelly Silva
  • Ricardo Mayer
  • Fernando Silva e Silva
  • Willian Aust
  • José Vandério Cirqueira
  • Mauricio Marin Eidelman
  • Adriano Gatti Mesquita Cavalcanti
  • Andressa França Arellano
  • Anna Karina
  • Karine Tressler
  • Andrei Cerentini
  • José Antônio de Castro Cavalcanti
  • Eduardo Salazar Miranda da Conceição Mattos
  • Contribuições anônimas

Faça parte de nossa Rede de Apoio no Catarse ou Picpay Assinaturas e ajude a manter nosso bonde editorial em atividade. 📗📕📙📚

Quer montar uma editora? 🖨️

Na mais recente edição do Chá da tarde (que você pode assistir no IGTV ou no YouTube), nós respondemos a uma pergunta que aparece frequentemente por aqui: Como montar uma editora?

A Editora Monstro dos Mares apoia e incentiva a proliferação de novas iniciativas editoriais, e uma das decisões que tomamos para 2020 foi a de compartilhar nossas experiências com esse tipo de projeto cada vez mais. A primeira sugestão que fazemos é a leitura do texto “Para publicar – a necessidade de tinta no papel nas publicações anarquistas da atualidade“, por Aragorn!.

O processo de colocar tinta no papel e entregá-los para pessoas que estão interessadas contém um espectro completo de experiências sobre como realmente podemos fazer alguma coisa. Como transformar boas ideias (e mesmo as meia-boca) em sucessos ou fracassos. No papel essas ideias tem um valor próprio, mais do que elogios, críticas e enganos, o resultado é jogar mais ideias para o mundo. O processo de transferir palavras impressas de lá pra cá, de você pra mim, é também a conexão primária que faz existir uma editora para dezenas, centenas ou milhares de pessoas que serão escribas do futuro, feitiçeirxs da anarquia, companheirxs que podem fazer as coisas acontecerem e as melhores amizades que você nunca vai ter.

Aragorn!

Se você, como a gente, sente-se tocada por essas palavras e esse sentimento de conexão com a viagem da tinta no papel, montar uma editora certamente será uma experiência fantástica. Nem tudo será fácil, isso é um fato, mas encontrar soluções, compartilhar experiências, buscar alternativas e entrar em contato com as pessoas sempre traz muita satisfação.

Compartilhamos abaixo algumas reflexões sobre “por onde começar”, baseadas na nossa experiência com a Monstro e com o que aprendemos com outros projetos semelhantes (e diferentes também).

Compartilhe e discuta com seu grupo as seguintes perguntas:

O que você vai publicar?

Materiais com poucas páginas, livros mais grossos? Isso vai ajudar você a descobrir quais ferramentas você vai precisar usar no dia a dia. É legal começar pelo que você já tem disponível para usar, ao invés de começar pensando no que você precisa conseguir. Assim, você mantém a realização da atividade mais perto de você e se motiva a prosseguir. Muitas vezes, conseguir ferramentas é muito mais fácil do que imaginamos. Lembre-se: ferramentas são coisas que você usa. Então, mesmo que você não tenha uma ferramenta própria, pode ser que você consiga coisas emprestadas e doações. Uma tampa de fogão velha ou um pedaço de vidro grosso sem uso no porão de alguém podem ser uma mão na roda pra quem vai refilar no estilete. Use a imaginação, pesquise técnicas e faça adaptações – mas lembre-se de que a sua segurança tem que ficar em primeiro lugar.

Qual o contexto em que seu projeto está inserido?

Sua editora vai fortalecer um movimento que já existe, somar-se a alguma causa, distribuir material gratuito? Assim como o conhecimento, que só existe em contexto, uma editora não é um fim em si mesmo. Ela faz parte de um projeto e precisa fazer sentido dentro de uma comunidade. A Monstro, por exemplo, vende livros para poder distribuir materiais gratuitamente e fortalecer bibliotecas comunitárias, coletivos e pesquisadoras independentes. Em 2019, foram 665 livros e 1.399 zines distribuídos sem nenhum custo.

Quanto tempo você irá dedicar ao projeto?

Saber disso vai te ajudar a escolher os materiais, decidir sobre técnicas, planejar a compra de insumos e a distribuição do material finalizado, e também a organizar o espaço do qual você dispõe. Por exemplo, se você vai dedicar os finais de semana para sua editora, talvez dê para colocar uma mesa no quintal e tocar a montagem do que foi impresso no fim de semana anterior (e ficou guardado em uma caixa debaixo da sua cama).

Que técnicas você irá utilizar?

Se você vai publicar zines, por exemplo, um grampeador comum, uma régua de metal (ou uma barra de metal mesmo), uma caixa de grampo e um estilete são suficientes para criar materiais muito legais. Como está o preço da fotocópia na sua cidade? Uma impressora de cartucho esquecida pode voltar à vida, e é possível aprender a recarregar um cartucho em casa (procure no YouTube!). Vai imprimir apenas em preto ou pensa em usar cores? Quer utilizar papel colorido nas capas ou vai fazer as artes em preto e branco (que podem ficar muito bonitas!)? Uma dica: costurar zines na máquina de costura dá um resultado muito legal, e existem várias técnicas de costura manual lindíssimas para aprender (no YouTube também!). Tendo uma noção dessas técnicas, você vai poder começar a fazer um levantamento dos materiais que você vai precisar e pesquisar preços no comércio da sua cidade ou pela internet.

Como será a distribuição?

Essa pergunta vai ajudar você a pensar na quantidade de material que você vai imprimir e distribuir, e também vai dar uma noção melhor da quantidade dos materiais que você vai precisar e a grana que você vai precisar para comprá-los. Se você vai distribuir em uma banquinha, por exemplo, lembre-se de que papel é uma coisa muito pesada e pode ser que você precise caminhar carregando caixa de zines, mochila, uma garrafa d’água, um pano para abrir no chão. Se você vai distribuir pelos correios, vai precisar de envelopes, fita, papel para embalar, etc.

Qual o espaço de que você dispõe?

Uma mesa que aguente o tranco e um computador são essenciais. Tem espaço para ter uma mesa só para a guilhotina ou base para cortar com estilete, ou vai alternar a mesa entre separação, montagem e corte? Onde você vai guardar os materiais impressos? Quanto mais material impresso, mais a questão do espaço para guardá-los se torna importante.


A Monstro nunca teve um caixa cheio e vistoso, e provavelmente nunca terá. Quando começou, não tinha impressora própria e as ferramentas utilizadas na montagem eram coisas que as pessoas já tinham em casa. Hoje a editora tem quatro impressoras, mas foram oito anos de atividade e muita colaboração para chegar nelas. Ainda temos muito para caminhar e chegar onde sonhamos: continuar realizando todo o processo artesanalmente, aumentar o volume de impressões para chegar a cada vez mais pessoas, e fazer tudo isso com uma infraestrutura mais amigável.

Posso dizer que o que nos move é a curiosidade, a pesquisa, a colaboração, e a prática. Por isso, não temos como responder com um valor fechado, e não queremos fazer isso! A Monstro não é um “negócio” no sentido mais usual da palavra; quer dizer, não é algo que depende de um investimento inicial que precisa ser coberto em um espaço de tempo determinado para que comece a gerar “frutos” – ou seja, valores financeiros. Um número não pode ser impedimento para você realizar aquilo que gosta. Por isso, observe o que está a seu redor e descubra o que você pode começar a fazer a partir do que está à mão. À medida que outras necessidades forem surgindo, busque suas próprias soluções para elas, fale com outras pessoas, pesquise. Não há roteiros nem caminhos definidos, existe a trajetória do que é possível ir fazendo à medida que você faz. Busque inspiração em outros projetos, crie suas respostas e faça livros!

Links que podem ser úteis:

Monte sua Banquinha – Facção Fictícia
Como dobrar zines
Macetes: posição dos grampos

Vídeos no Instagram da Monstro dos Mares

Refilando capa no bisturi
Colando livros de lombada quadrada
Usando a guilhotina de zines
Prensa de zines

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[Áudio] Entrevista com Juliano Gonçalves da Silva na FM Cultura sobre o lançamento do livro “O índio no cinema brasileiro e o espelho recente”

O pesquisador Juliano Gonçalves da Silva participou do programa Cultura na Mesa, da FM Cultura 107.7 de Porto Alegre. Na entrevista, o autor falou sobre sua experiência com comunidades indígenas na adolescência, o processo de pesquisa para o desenvolvimento da dissertação de mestrado que deu origem ao livro “O índio no cinema brasileiro e o espelho recente” e sobre a representação de povos indígenas e ameríndios no cinema brasileiro e sul-americano.

Confira a entrevista:

[Podcast] Bate-papo com Daniel Santos da Silva sobre o lançamento de “Sem lamentações: filosofia, anarquismo e outros ensaios”

No dia 12 deste mês tivemos o prazer de gravar um bate-papo com nosso amigo e companheiro de luta Daniel Santos da Silva, autor do livro Sem lamentações: filosofia, anarquismo e outros ensaios.

Atualmente, Daniel é professor de Filosofia na Universidade Estadual do Paraná, campus União da Vitória. Mestre pela Universidade Estadual do Ceará, Doutor e Pós-Doutor pela Universidade de São Paulo, Daniel constrói ricos entrelaces entre suas vivências teóricas dentro da academia e suas experiências fora dela, que o levaram de Brasília a Fortaleza, a São Paulo e ao interior paranaense, além dos muitos outros lugares que fizeram parte de sua trajetória.

Em Sem lamentações encontram-se textos escritos durante um período de dez anos e, como o autor mesmo confirmou em nossa conversa, é possível à leitura atenta perceber os matizes das transformações que foram acontecendo através do passar do tempo.

Ficamos muito felizes por transferir parte da vida e do trabalho do Daniel à folha impressa, e também por termos tido a oportunidade de conversar mais sobre tudo isso com o amigo querido.

Este episódio está disponível em:

Spotify, Breaker, Google Podcasts, Overcast, Pocket Casts, Radio Public, Anchor, RSS.

O livro está disponível para download gratuito ao final desta página.


E aí, cadê o meu pacote? 📮

Quando chegam meus livros? Por que meu pacote continua parado? O que quer dizer “objeto postado após o horário limite da unidade”? Essas são algumas das perguntas que temos recebido ultimamente. Por isso, vamos explicar neste post algumas das situações que vêm ocorrendo nas nossas entregas via correios, e também sobre o tipo de registro que utilizamos – Impresso com Registro Módico.

Nós falamos aqui no nosso blog sobre as medidas de contenção da disseminação do coronavírus adotadas pelos correios. Você pode ler essa postagem aqui e dar uma olhada na página oficial dos correios com todas as informações.

Isso quer dizer que talvez sua encomenda demore mais a chegar em comparação com os prazos de costume. Temos recebido, porém, notícias de que nossos pacotes estão sim chegando. Alguns dentro do prazo com o qual já estamos acostumados, outros em prazos maiores, pois os prazos de entrega foram ampliados pelos correios . Há pacotes que estão demorando mais sim, especialmente naquelas regiões que estão em alerta de risco de contágio mais elevado.

Por isso, fiquem de olho no código de rastreio, que é enviado por email assim que os pacotes são registrados no sistema dos correios. Também pedimos que fiquem atualizadas em relação à classificação de risco da região onde moram, pois essas situações (infelizmente) mudam rápido e não temos como saber como está sendo em cada cidade.

Você pode verificar o status do seu pacote pelo sistema de rastreamento no próprio site dos correios ou pelo seu serviço de rastreio preferido (nós utilizamos o Muambator).

Isso nos leva à segunda pergunta: por que meu pacote continua parado?

Nós utilizamos o serviço de envio de Impressos com Registro Módico, destinado ao envio de “Livros de maneira geral, postados por qualquer pessoa física ou jurídica, e Material Didático em geral postado por Escola de Ensino por correspondência e destinados a seus alunos), de acordo com o site dos correios.

Nessa modalidade de registro, o status da movimentação do objeto é informado à usuária duas vezes: quando o objeto é cadastrado no sistema dos correios ao chegar à agência e quando o objeto sai para entrega à destinatária. Após a entrega, o status é modificado para “Entrega efetuada” ou, caso ocorra algum problema, é sinalizada a devolução ao remetente.

O serviço de Registro Módico é diferente do registro de PAC e Sedex, que informam cada movimentação do pacote. Explicamos por que não utilizamos mais as opções de PAC e Sedex nesta postagem.

A Editora Monstro dos Mares decidiu DESCONTINUAR os envios através de PAC e SEDEX. Entendemos que também é nosso papel lutar e defender a Universalização dos Serviços de Correspondência e combater a precarização das atividades de profissionais Carteiros. São Monas, Minas e Manos que fazem a maior correria todos os dias para que livros, zines e cultura cheguem nas mãos de mais e mais pessoas. Somando em solidariedade com a categoria e seus familiares pela garantia dos direitos desses profissionais, independentemente de posições anteriores de sindicatos e ou indivíduos.

E o que significa “objeto postado após o limite de horário da unidade”? Significa que a editora fica no finalzinho da rota de coleta! 😅
Contamos com a gentileza de nossa agência e de nosso querido carteiro, que vem buscar os pacotes aqui todas as semanas. Como ele passa por aqui no fim da tarde, nossos pacotes são registrados depois que o horário de postagem da agência já acabou. Por isso, eles começam a andar só no dia seguinte.

Qualquer dúvida sobre o andamento de seu pacote, por favor entre em contato conosco via e-mail, Telegram ou redes sociais. Temos feito o possível para estar a par da situação dos correios e nos solidarizamos integralmente com a luta de todas e todos as/os profissionais que fazem a correria do dia a dia.

Obrigada, carteiro!

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