Contra-universidades

Excerto do capítulo VI do livro Entre cuadernos y barrotes publicado pela Editora Cultura y Sociedad, na cidade de Lima, em setembro de 1999.

Tradução de Mauricio Knup.

Com frequência se contrapõe a atividade universitária à atividade escolar, como se esta fosse um grande salto à frente e tivesse características qualitativamente diferentes. Inclusive, apresenta-se a universidade como o espaço de onde brotarão soluções e alternativas para os grandes problemas de nosso tempo. Dessa maneira, oculta-se, com um otimismo necessariamente envolvido por uma mentira astuta ou mesmo simples idiotice, o fato de que nas universidades, assim como nas escolas, persiste toda uma concepção autoritária de vida, horários rigorosos a serem cumpridos, exames, notas, aprovação e reprovação, uma verticalidade mofada que nenhuma sala de aula moderna e com iluminação natural pode esconder; às vezes, até pequenas mudanças de horários e controle de frequência de estudantes, professores que, apesar de não passarem fome de maneira miserável quando não estão protagonizando uma aula vertical e autoritária que pretendem que seja magistral, na maioria das vezes são os mesmos que não têm escrúpulos em recorrer à vergonha da cópia e da reprodução.

A universidade mantém intacta a função repressiva, mas faz isso em um estágio mais avançado. Nem sempre se precisa recorrer a tanques e intervenções militares; geralmente, é suficiente para ela manter a ficção da gestão compartilhada, um simulacro de democracia no qual estudantes dóceis que adquiriram o mau hábito da política representativa e que, através da formação de diretórios acadêmicos e similares, possibilitarão não uma democracia direta e assembleias, mas a criação de máfias e grupos de poder, a existência de um alto sigilo burocrático, a perpetuação de um regime no qual você deve pedir permissão até para colocar um cartaz na parede; tudo isso, em conjunto com uma fórmula legal que proíbe atividades extra-acadêmicas, faz com que qualquer atividade independente ou autônoma capaz de produzir conhecimentos para além do saber oficial seja censurada ou desencorajada.

David Cooper compara a universidade a um hospital psiquiátrico:

“O design exterior é bastante semelhante: o bloco administrativo e vários departamentos, vilas, laboratórios, terapia ocupacional e tudo mais. Algumas universidades têm cercas e porteiros para controlar aqueles que entram e saem. A ironia disso está em que provavelmente ninguém entra e certamente ninguém sai. As duas instituições estão cheias de preocupação fingida dos ‘Protetores’ sobre os ‘protegidos’. Ambas são boas almas (alma mater), de cujos seios brota um antigo veneno, sedativos de todos os tipos concebíveis, desde a pílula precisa para o paciente preciso até o trabalho exato para estudantes exatos.”1

As universidades se apresentam, em caros anúncios de televisão, como o reino do conhecimento e da vida intelectual, mas estão presas pela esclerose de sua maneira pretensiosa e dogmática de conceber e produzir um conhecimento que desejam universalmente válido. Ignora ou despreza a sabedoria de dissidentes como Feyerabend, que afirma que o progresso científico só é possível quando certas regras “óbvias” são violadas voluntária ou involuntariamente, e acrescenta que, onde a razão é ditada pela norma, “os cientistas precisam desenvolver e sustentar suas teorias irracionalmente; não há regras gerais para estabelecer a verdade; vale tudo.”2

As universidades também têm, obviamente, interesses monetários importantes, objetivos claros de dominação social e agem de acordo com as normas ditadas pelo mundo do trabalho assalariado. Levando tudo isso em consideração, as universidades só podem ser úteis pelas estruturas que muitas vezes proporcionam (bibliotecas, ambientes diversos, salas de conferências, restaurantes universitários, salas de computadores, galerias) e que, para fins contrários aos seus propósitos originais, podem ser subvertidos e usados por estudantes e não-estudantes, ansiosos para explorar as margens do conhecimento, o subsolo da versão oficial, sabendo, assim como Bachelard, que “pensar é sempre pensar contra”3

A respeito do pensamento, essa atividade tão desencorajada por toda prática educacional, incluindo as universidades, diz Viviane Forrester:

“Não há atividade mais subversiva ou temida. É também a mais difamada, o que não é acidental nem sem importância: o pensamento é político. Isso não é restrito apenas ao pensamento político. O próprio pensar é político. Daí a luta insidiosa e, portanto, a mais eficaz e mais intensa em nosso tempo, contra o pensamento. Contra a capacidade de pensar.”4

Como provocar o pensamento, a capacidade de ler nas entrelinhas, o exercício exultante de lucidez e crítica? Como incentivar, permitir inovação, descoberta, criação de conhecimento que serve para viver, quando só é possível existir vida fora do sistema mercadológico? Agustín García Calvo renuncia ao título de filósofo ao considerá-lo desacreditado e absolutamente assimilado pelo sistema((Agustín García Calvo assinala que “a prova da extrema prostituição da palavra filosofia é a de que os até os executivos têm sua própria filosofia: a filosofia da empresa”. Nós acrescentaríamos a este exemplo, como forma de provar a mesma prostituição, o caso de Federico Salazar, filósofo liberal que comenta, com mais salário que dignidade, desfiles de moda no noticiário matinal do Canal 4 de TV.)) e prefere, se for necessário, o título menos profissional e gasto, menos formatado e definido e, portanto, mais livre, de pensador. A criação de contra-universidades, lugares autônomos onde pensadores, estudantes e professores convergem interessados em quebrar a monotonia, a rigidez acadêmica e a pobreza, onde o conhecimento deixa de ser “ensinado” para ser uma criação comum ou, ao menos, uma descoberta individual de uma possibilidade comum, a não ser que o próprio acordo mútuo solicite uma intervenção docente em matéria de ordem técnica, pode ser uma alternativa válida à morte da universidade.

Diz D. Cooper:

“O que proponho é uma estrutura móvel, totalmente não hierárquica e em revolução contínua, capaz de gerar revolução além dos limites de sua estrutura. A universidade (ou o que no atual momento da história deveria ser chamado de anti-universidade, contra-universidade, universidade livre ou algo semelhante) seria uma rede muito ampla. As células funcionariam dentro de uma universidade oficial como um antídoto para o sistema, de forma muito independente.”5

Essas estruturas informais, completamente desprovidas dos vícios daquela esquerda que se submete à dinâmica e lógica da política autoritária, desprezando completamente o poder e criando apenas uma organização mínima para funcionar, provavelmente seriam consideradas suspeitas ou mesmo ilegais pelas autoridades acadêmicas, o que nos mostra a saúde vigorosa do cadáver universitário e, portanto, a necessidade desses casos de resposta e crítica.

Se a criação desses espaços autônomos não for possível, seja devido à repressão autoritária ou porque não ocorreram encontros felizes com as pessoas necessárias para concretizá-las – dados os interesses cada vez mais estreitos e previsíveis das novas gerações; se mesmo as intervenções pessoais em sala de aula não são mais viáveis com a intenção de provocar algum debate, devido ao torpor e retaliação gerais, e se a perspectiva de um horizonte de exames e aulas massacrantes é insuportável, o único recurso para salvaguardar a integridade pessoal parece ser abandonar formalmente o antro universitário, de maneira solitária e silenciosa, estrelando o que aos olhos do mundo parece um abandono inexplicável.

  1. David Cooper, La muerte de la familia, Editorial Planeta, México 1986. []
  2. P. Feyerabend., Tratado contra el método, Ediciones Orbis, Barcelona 1984. []
  3. Citado por Jesús García Blanca, en “No somos nada”, revista Ekintza Zuzena No 19, Bilbao 1996. []
  4. Viviane Forrester, El horror económico, F.C.E., Buenos Aires 1997. []
  5. David Cooper, La muerte de la familia, op. cit. []

Apresentação de “Abaixo ao trabalho 2ª edição” por Baderna James

Abaixo ao trabalho
Imagens da primeira e segunda edição

A segunda edição de Abaixo ao Trabalho é uma homenagem, uma saudação e lembrança muito querida de um título que circulou durante muitos anos em vários meios graças a atuação da editora Deriva, um coletivo editorial que apresentou a toda uma geração, a possibilidade de realizar livros artesanais de baixo custo sem depender da indústria gráfica e sem amargar com tiragens gigantes.

A experiência de escolher os textos, formatá-los e colocar “pra rodar” é o que forma uma editora. Essa tarefa vem acompanhando coletivos de inspiração anárquica ao curso da história. É possível citar um sem-número de iniciativas genuinamente artesanais que estiveram presentes na formação de leitores dissidentes e libertários. Coletivo Sabotagem, Barba Ruiva, Deriva, Nenhures, Index Librorum Prohibitorum, Erva Daninha, são algumas dessas editoras que colocaram na pista livros feitos um a um, manualmente, nos mais diversos formatos e materiais.

Atualmente, algumas editoras como Imprensa Marginal, Contraciv, Facção Fictícia, Subta e Monstro dos Mares estão em movimento a mais tempo, saudando e inspirando o surgimento de diversas editoras artesanais que se chegam como a Terra Sem Amos (TSA), Adandé, Amanajé, Edições Kisimbi, Lampião, Insurgência, Correria e outros tantos projetos que florescem nos diversos recantos do país.

Relembrar e homenagear a movimentação de compas que fizeram livros com as próprias mãos e celebrar a chegada de tantos outros coletivos nos dá a certeza de que é possível apropriar-se das técnicas e das tecnologias que compõem a produção de livros e zines. Publicar os textos que percorrem o nosso tempo com observações e análises, pesquisas e investigações, relatos e estudos, compõem um conjunto de práticas significativas para formar um retrato da permanência das ideias de autonomia, liberdade, auto-organização e colaboração na luta contra todas as formas de opressão.

Anarquistas, libertárias, autônomas, anárquicas, críticas, dissidentes ou insurgentes, independente das cores e das tintas de cada coletivo editorial artesanal de ontem e de hoje, Abaixo ao Trabalho retorna às ruas, para circular de mão em mão, aproximando pessoas, movimentos, coletivos, grupos e bandos em torno de suas ideias: uma crítica genuína à ideia de trabalho.

Muitas das pessoas que tocam projetos editoriais artesanais já desistiram da possibilidade de se manterem em empregos horríveis, trocando suas liberdades por um salário no final do mês. O livro que você tem em mãos, reúne não apenas um conjunto de ideias, mas espectro de experiências que (re)afirmam a possibilidade de que há diversos modos de multiplicar e se somar as lutas do nosso tempo.

Faça livros, multiplique!

Baderna James, Outubro de 2020.


Agradecimentos Rede de Apoio: Novembro de 2020

Agradecemos às pessoas que apoiam nosso projeto editorial a continuar imprimindo livros e zines para enviar aos mais diversos recantos do país. Neste mês de Novembro nossas amizades estão acompanhando nosso processo de adaptação ao novo espaço, manutenção da guilhotina que exigiu tempo e esforços, e muitos, sim, muitos pacotes acumulados para serem enviados. Estamos quase conseguindo normalizar todas as entregas e por isso queremos agradecer muito a essas pessoas, porque o apoio mensal se trata bem mais do que o recurso financeiro, que é muito significativo pra existência da editora: é a certeza de ter pessoas que confiam e acreditam na importância do que decidimos fazer para multiplicar as ideias de autonomia e liberdade para todas as pessoas na luta social.

Com isso agradecemos muito gentilmente:

  • Viviane Kelly Silva
  • Vitor Gomes da Silva
  • Nicolas Mosko
  • Andressa França Arellano
  • Marcelo Mathias Lima
  • Fernando Silva e Silva
  • Thiago de Macedo Bartoleti
  • R.
  • Mauricio Marin Eidelman
  • Lupi
  • Paulo Oliveira
  • Anna Karina
  • Victor Hugo de Oliveira
  • Andrei Cerentini
  • Claudia Mayer
  • Karina Goto
  • Felipe Siles
  • Leonardo Goes
  • Gabriel Jung do Amaral
  • Mayumi Horibe
  • Lua Clara Jacira
  • Fyb C
  • Leo Foletto
  • Guapo
  • Márcio Massula
  • Contribuições anônimas

A Editora Monstro dos Mares precisa da sua ajuda para continuar, contribua com
a Rede de Apoio no Catarse ou PicPay e receba materiais impressos em sua casa. 🖨️

[Live de lançamento] Zumbi dos Palmares: por uma educação antirracista

Olá amizade! Enfim entramos na “era das lives” e queremos que você venha participar de nossa primeira transmissão ao vivo para lançamento de livros. No dia 9 de Dezembro, às 20h, vamos conversar com Waltinho Vadala, autor de “Zumbi dos Palmares: por uma educação antirracista”. Lançado através de financiamento coletivo pela Monstro dos Mares, está sendo distribuído para onze espaços de educação e luta antirracista.

Coloque na agenda 🙂

Lançamento “Zumbi dos Palmares: por uma educação antirracista”
9 de Dezembro de 2020, 20h.
Instagram da editora @monstrodosmares

Apresentação

Assim como Zumbi, por meio da luta e da resistência o movimento negro tem entre suas maiores conquistas a Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira e africana nas escolas públicas e particulares de todo o Brasil.

Por isso, a história de Zumbi dos Palmares tem todo o necessário para levar o educando à compreensão de como a cultura afro-brasileira e africana é fundamental na formação da identidade cultural brasileira, e de como o educador pode questionar e combater as estruturas eurocêntricas históricas que ainda permanecem intrínsecas à maneira que se conta a história negra dentro das escolas. Este é o intuito principal deste livro. Segue, então, uma análise de como o movimento negro se mobilizou ao longo do século XX para obter uma das maiores conquistas afro-brasileiras na educação: a inserção da sua história e da história de suas raízes africanas no currículo educacional do país.

O movimento negro é a organização do povo afro-brasileiro na construção do combate ao racismo na educação brasileira. Ele serve de exemplo teórico metodológico para os educadores superarem o “racismo histórico” que ainda se reflete na educação brasileira e influencia principalmente no processo de construção da identidade do educando negro, que não se vê representado na formação cultural brasileira. Por mais que a teoria explique que a identidade brasileira se forma com a cisão das culturas europeias, indígenas e africanas, apenas a cultura branca é descrita na história. Entretanto, a partir do momento que temos um herói negro que luta pela liberdade mesmo estando à margem do sistema, esse aluno se vê representado e culturalmente pertencente a essa identidade brasileira.

O autor

Nascido na década de 90 e criado na cidade de Taboão da Serra, em São Paulo, neto de nordestinos e bisneto de imigrantes da Síria e da Itália, Walter Vadala é professor do Estado de São Paulo desde 2013. Por opção, leciona nas áreas mais periféricas. É historiador com pós graduação em e Psicopedagogia, Arte e Cultura Afro-Brasileira e Indígena, e atualmente estudante de Ciências Sociais. Fundador do Coletivo Cultura Viva, um movimento de propagação das culturas indígenas da América através de eventos culturais e produções audiovisuais, produziu e lançou em 2019 um documentário sobre como os Guaranis transmitem seus conhecimentos originários para suas crianças através do canto. O documentário é intitulado “Vozes Guarani”.


Novembro de 2020 na Monstro dos Mares 🖨️

Esta é quarta vez que tento escrever o que aconteceu em nossa editora durante o mês de Novembro e fico confuso por onde começar. Foi bem puxado, mas não foi difícil, porque temos muita satisfação em fazer livros e zines para distribuir aos diversos recantos do país. O que foi mais complicado mesmo foi fazer tudo isso acompanhando as notícias aqui da pacata e distante Ponta Grossa, um descampado existencial no interior do Paraná. Aconteceram tantas coisas: pandemia, apagão, testes apodrecendo num galpão, o assassinato de João Alberto por um brigadiano (PM) fazendo bico no Carrefour em Porto Alegre, forte estiagem, eleições estadunidenses, eleições no Brasil, segundo turno, segunda onda. É tanta notícia ruim que parece ser um ano inteiro!

Justiça para Beto: A revolta ardeu nas ruas, não apenas em Porto Alegre.

A pandemia ligou todos os alertas sobre a importância e a necessidade de espaço, convivência com outras pessoas e consigo. Depois de oito meses sem sair do apartamento, decidimos nos mudar. Novembro foi o primeiro mês da editora instalada em seu novo endereço. Agora é possível produzir e viver, respirar melhor, botar o pé na grama, esticar o corpo e, óbvio, fazer livros em qualquer horário. Conseguimos fazer a manutenção na guilhotina, organizar envios de muitos materiais para distribuição gratuita… Neste mês foram destinados 139 livros e 222 zines para diversos movimentos, bibliotecas comunitárias e singularidades. Temos a certeza de que estamos cumprindo nosso objetivo de espalhar ideias pelos sete mares.

Também conseguimos avançar muito em nosso projeto de energia solar e agora estamos utilizando o sol em 100% da atividade da editora, tanto na impressora, como em computadores, periféricos e tudo mais. Estamos com a carga cheia de alegria ao aprender e compartilhar conhecimentos em torno da busca pela autonomia. Fizemos a impressão do zine de número dez mil (10.000) utilizando energia renovável.

Não tivemos feira do livro nem eventos neste ano, mas conseguimos dar um belo e moral desconto para as pessoas que nos acompanham nas redes sociais para que Novembro tenha sempre aquele gostinho de muitos livros.

Confira nossos números de Novembro:

  • Impressões de Novembro de 2020: 34.623
  • Livros impressos: 456
  • Livros distribuição gratuita: 139
  • Zines impressos: 1382
  • Zines distribuição gratuita: 222
  • Kw gerados e consumidos com energia solar: 27Kw

Numerologia: Hotsite com informações sobre nossos números mensais/anuais 🔮
https://monstrodosmares.com.br/numerologia

Monstro dos Mares: 500.000 anarchic-inspired books and zines printed

In October 2020, the publisher Monstro dos Mares, a small anarchic-inspired editorial collective situated in the countryside of the state of Paraná hit the mark of half a million prints. This number is meaningless to the national graphic industry, but it’s very significant to the people, collectives, social movements, communal libraries and editorial initiatives of handmade books and zines in Brazil.

Printing from home, with the aim of distributing and strengthening the dissemination of radical ideas, the collective brings together a spectrum of experiences that highlight the importance of autonomy and free cooperation between people and collectives who share the same principles and ethics. When producing a new title, or retrieving and circulating an issue from the old times, we learn a lot about technological appropriation, the need for ink on paper. We also realize the urgency of developing survival strategies and maintenance of our collective spaces, which many times benefit directly from the distribution, sales and circulation of printed material. In addition, obviously, we learned about contributing to the learning process and the mobilization of the people who, like us, are united in social struggles alongside those from below.

In this remarkable moment for the us, we want to thank the folx, bros and gals who, at any moment of their lives and activism, chose to dedicate some time to produce materials that question the State and the state of things. These are books and zines that subvert the established logic, academical researches that expose the faulty lines of normality and reports from groups and individuals who, outside the walls of the universities, create materials to go from hand to hand; homemade and low-cost, such materials will circulate among people (such as you and me) who fight so that the world, in its current form, doesn’t deserve to exist for not even a second further.

In 2020, since the first day of the year, Monstro dos Mares came out of deep water the to make way for new publishers, publishing collectives, distros and small bookstalls to emerge. When those initiatives dawn over the horizon, our feelings to create, retrieve, mobilize and diffuse radical and dissident thinking in printed form is a direct action of dealing with big capital, the constant authoritarian law, labor deterioration and environmental destruction. This isn’t a task closed in on itself, but one that is merged with open arms within the struggle. All this while trying not to ignore the subjectivities that constitute ourselves as entities and which unites us as collectivities. When a new anarchist publisher emerges, we breathe in new air and blow the sails.

The 500.000 prints we’ve reached since August 2017 represent more than 50 boxes of paper, 500 A4 paper packages, 15 liters of pigmented ink, more than 5.000 books and 9.000 zines. The half a million print means that there’s still space, sailable seas and an ocean of lemonade for radical thinking. Beyond celebrating these numbers, we want to thank every single person who kindly encourages us to continue doing what we believe in. Books and Anarchy!

Publisher Monstro dos Mares
October 2020

Uma editora artesanal 100% energia solar

Garantir autonomia energética é um objetivo antigo e a energia solar se apresentou como alternativa viável.

Faz um tempão que pensamos imprimir livros e zines utilizando energia elétrica independente da rede da concessionária. Em 2017, a Monstro dos Mares funcionava em uma pequena área rural em União da Vitória, no Paraná, e lá colocamos as primeiras plaquinhas para carregar celulares e um powerbank. Também estudamos a possibilidade de construir uma roda d’água utilizando um motor de passo, porém mudamos de casa antes de iniciar esse projeto. Mas a vontade de rodar a impressora utilizando energias renováveis permaneceu.

Desde então fazemos testes, experiências, tentativas, erros e acertos. Um dos principais desafios é garantir a autonomia energética sem gastar muito e o caminho que encontramos foi a energia solar fotovoltáica. O preço elevado de alguns equipamentos exige paciência e algum planejamento. A ansiedade em colocar o sistema para funcionar faz com que erros no dimensionamento ou na escolha de equipamentos aconteçam, e isso é parte da experiência desse aprendizado constante.

Sem ignorar as dificuldades e as lutas para garantir a existência e a manutenção de espaços autônomos, a Monstro dos Mares tem entre seus objetivos a construção de um projeto de inspiração anárquica e anarquista de longo prazo, capaz de estabelecer vínculos duradouros com espaços, coletivos, movimentos sociais, grupos de estudos, bibliotecas comunitárias e outras formas de organização que fazem o enfrentamento diário na construção de pontos de acolhimento, liberdade, educação e autonomia.

Neste momento, a Editora Monstro dos Mares está funcionando com energia solar em 100% da sua necessidade energética — computadores, impressora, periféricos e iluminação. Este post não é apenas uma comemoração; é também um chamado para trocar experiências com monas, minas e manos que buscam alternativas para a geração de energia fora da rede da concessionária em seus espaços coletivos urbanos e rurais. Com essa ideia de compartilhar experiências, erros e aprendizados, colocamos no ar um hotsite chamado Projeto Editora Solar, onde apresentamos em detalhes o nosso sistema e o de compas que também tocam livros ou mantêm seus espaços utilizando a energia solar.

Acesse: https://monstrodosmares.com.br/solar/

Para dúvidas, relatos e trocas de experiências, entre em contato através do e-mail [email protected]

Novembro: Feira Anarquista 2020 na Monstro dos Mares

Já faz algum tempo que o mês de Novembro é muito agitado na Monstro dos Mares. Geralmente, em Novembro ocorrem vários eventos acadêmicos e as feiras. Quando nossa editora emergiu em 2012, começamos a participar das feiras, como a Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre (FLAPOA). Ela costuma acontecer em alguma data paralela à realização da Feira do Livro de POA. Em São Paulo, próximo ao feriado de 15 de Novembro, todo ano ocorre a Feira Anarquista de SP, onde acontecem diversas atividades interessantes. Essa feira reúne pessoas de vários recantos e pessoas que produzem livros, camisetas, ecobags, adesivos, rango vegano, plantinhas, entre outras criações, para abrir o pano e expor seus materiais. As feiras são ótimos espaços para conhecer pessoas e ver as práticas autogestionárias acontecendo, uma vez que os eventos são organizados coletivamente e as são tarefas compartilhadas.

Mas, como sabemos, a pandemia do novo coronavírus ainda segue por aí sem dar sinais de ir embora tão cedo. Com isso, as pessoas de nosso coletivo editorial decidiram em reunião virtual que a Monstro dos Mares participará de eventos presenciais somente quando houver condições sanitárias favoráveis e ampla imunização para toda a população. O vírus já fez milhares de vítimas no Brasil e no mundo, algumas pessoas não estão dispostas a ignorar os riscos dessa doença.

Nós queremos que Novembro continue sendo o mês da Feira do Livro, da Feira Anarquista, dos eventos acadêmicos, dos congressos e conferências. Nesse mês, sentimos falta daquele astral de banquinha. Por isso, decidimos dar 20% de desconto em todos os materiais de nossa loja — exceto o livro Amazônia em Kaos, que já possui um grande desconto combinado com as pessoas que organizaram o livro. Basta você digitar feiraanarquista2020 no cupom de desconto do carrinho de compras em nossa loja virtual.

Feira do Anarquista 2020 na Editora Monstro dos Mares, 20% de desconto com cupom “feiraanarquista2020” na loja online. https://monstrodosmares.com.br

Monstro dos Mares: 500.000 impressões de livros e zines de inspiração anárquica

No mês de Outubro de 2020 a Editora Monstro dos Mares, um pequeno coletivo editorial de inspiração anárquica localizado no interior do estado do Paraná, atingiu a marca de meio milhão de impressões. Esse número não representa absolutamente nada para a indústria gráfica nacional, mas é muito significativo para as pessoas, coletivos, movimentos sociais, bibliotecas comunitárias e iniciativas editoriais de livros e zines artesanais no Brasil.

Fazer impressões em casa para distribuir e fortalecer a disseminação de ideias radicais reúne um espectro de experiências que evidenciam a importância da autonomia e da livre cooperação entre pessoas e coletivos que compartilham dos mesmos princípios e éticas. Ao produzir um novo título, ou recuperar e colocar para circular uma publicação de outros tempos, aprendemos muito sobre apropriação tecnológica, sobre a necessidade de tinta no papel. Também percebemos a urgência do desenvolvimento de estratégias de sobrevivência e manutenção de nossos espaços coletivos, que muitas vezes se beneficiam diretamente da distribuição, venda e circulação de impressos. Além disso, obviamente, aprendemos sobre a contribuição para o aprendizado e mobilização das pessoas que estão unidas conosco nas lutas sociais ao lado de quem vem de baixo.

Nesse momento marcante da editora, queremos agradecer às monas, minas e manos que em algum momento de suas vidas e militâncias decidiram dedicar algum tempo para produzir materiais que questionam o Estado e o estado de coisas. São livros e zines que subvertem lógicas estabelecidas, pesquisas acadêmicas que expõem as linhas de fratura da normalidade e relatos de grupos e individualidades que, do lado de fora dos muros das universidades, criaram materiais para circular de mão em mão, feitos em casa, de baixo custo e que vão circular entre pessoas (tal como você e eu) que lutam para que o mundo, da forma que está, não mereça existir por nem mais um segundo.

Em 2020, desde o primeiro dia do ano, a Monstro dos Mares chamou para que as águas fizessem emergir novas editoras, coletivos publicadores, distros e banquinhas. Quando essas iniciativas despontam no horizonte, nossa sensação de criar, resgatar, mobilizar e difundir ideias radicais e dissidentes no formato impresso é uma ação direta no enfrentamento do grande capital, das constantes guinadas autoritárias, da precarização do trabalho e da destruição do meio ambiente. Essa não é uma tarefa fechada em si mesma, mas que está unida, de braços esticados e na luta. Tudo isso buscando não ignorar as subjetividades que nos constituem como pessoas e que nos unem como coletividades. Quando surge uma nova editora anarquista, aspiramos novos ares e vento nas velas.

As 500.000 impressões que alcançamos desde Agosto de 2017 representam mais do que 50 caixas de papel, 500 pacotes de A4, 15 litros de tinta pigmentada, mais de 5.000 livros e 9.000 zines. Esse meio milhão de impressões significa que há um espaço, mares navegáveis e um oceano de limonada para as ideias radicais. Além de comemorar esses números, queremos agradecer cada pessoa que carinhosamente nos incentiva a continuar fazendo o que acreditamos. Livros e Anarquia!

Editora Monstro dos Mares
Outubro de 2020

Numerologia de Setembro de 2020 ⚗️

Muitos lançamentos estão borbulhando! Em Setembro, preparamos diversos lançamentos e novos títulos estão para surgir até o final deste ano estranho chamado 2020. Retomamos os envios pelos Correios, estávamos com saudades de nossas amizades atendentes e carteiros com quem temos contato frequente, sem esquecer o pessoal de operação de triagem e transbordo. Estamos muito próximos da marca de 500.000 impressões e queremos comemorar muito este momento com todas as pessoas que conhecem nossa atividade e reconhecem a importância da tinta no papel. Temos certeza que os próximos meses serão de produção intensa, muito material nas ruas e passando de mão em mão.

Números do mês de Setembro de 2020

  • Impressões de Setembro de 2020: 10.151
  • Livros impressos: 128
  • Livros distribuição gratuita: 14
  • Zines impressos: 251
  • Zines distribuição gratuita: 123
  • Kw gerados e consumidos com energia solar: 0.2Kw

Numerologia: Hotsite com informações sobre nossos números mensais/anuais 🔮
https://monstrodosmares.com.br/numerologia

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